Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O molho desandado e a persistência

O molho desandado e a persistência

Poucas vezes fazendo meu molho de maionese aconteceu dele "desandar". Para quem desconhece essa culinária esse molho desanda quando não endurece, colocamos ovos, azeite e, batendo no liquidificador ele demora para endurecer, ficando meio "aguado". Na esperança dele ficar bom vamos acrescentando cada vez mais azeite e ele continua mole, feio. Após constatar que ele desandou realmente percebemos que colocamos mais de 6 ovos e um litro de azeite fora investindo no molho que desde da primeira batida estava fadado a não dar certo.
Via de regra a maionese quando fica boa começa a endurecer com um ovo apenas, nas primeiras colocadas de azeite e batidas. No entanto, colocamos mais ovos e mais azeite na tentativa de fazer o molho ficar bom. Domingo aconteceu isso comigo: Estava fazendo o molho, coloquei quase um litro de azeite para, ao final, ter que colocar fora uma medida inteira de liquidificador fora.
Na vida da gente às vezes tentamos investir no que esta fadado a não dar certo. O problema é que desperdiçar ovos, azeite e alguns reais não macula nosso coração, o problema é quando investimos esperança, sentimentos, na crença de que algo possa melhorar, mudar de rumo. É nobre persistir, é nobre pensar que o que não foi bom pode melhorar. Até homicidas mudam de vida quando querem, o problema é que nem sempre as pessoas querem de verdade mudar alguma coisa. E não existe mudança sem vontade, sem esforço, sem abdicação.
Os ovos, o azeite e o liquidificar são coisas, eles não pensam, somos nós quem pensamos e achamos que podemos fazer o molho "desandado" ficar bom, somos nós e os ingredientes, dos quais apenas nós pensamos. Numa relação entre pessoas ambas têm vontade, e muitas vezes apenas uma possui força de vontade para fazer algo dar certo, e é ai que tudo desanda e vem a vida dizendo: Não adianta investir sozinho no que foi fadado ao insucesso.
Mas, insistimos porque não nos conformamos, porque achamos que podemos fazer algo errado se tornar direito, achamos que podemos fazer algo torto ficar reto. Mas não podemos, e, como quem insiste no molho de maionese desandado, estamos investindo nosso anseio no que, visivelmente, não tem conserto. Todavia, é errando que aprendemos, e de cada mancada surge um aprendizado, não necessariamente uma ruguinha a mais na face, mas, certamente e para quem deseja, um pouco de maturidade a mais.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 29 de setembro de 2008.

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