Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A vida ilusória

A vida ilusória

Na era dos amores descartáveis, do sexo fácil, da disponibilização de tudo a qualquer instante para quem se disponha a pagar, o amor vem perdendo valor. As ilusões são cada vez mais valorizadas: Muitas mulheres lindas, homens charmosos, galanteios variados, festas ocorrendo quase todo dia da semana, boas bebidas, teor alcoólico alto, um antidepressivo aqui, um ansiolítico lá, qualquer remedinho para dormir e fugir momentaneamente da vida.
De dia o trabalho, de noite a festa, a companhia com a qual não se pode dormir (tampouco sonhar junto), e logo após alguma cápsula para o sono chegar mais depressa (caso a bebida em excesso não ajude), para impedir que os pensamentos venham atordoar a consciência.
Na era do vale tudo por bons momentos o amor esta sendo malbaratado, legado à categoria de "devaneio adolescente". As pessoas afirmam que ser livre e poder tudo a qualquer hora é uma dádiva, um êxtase.
Não se encontram mais pessoas racionais, mas um pouco românticas, homens desejando uma mulher só, mulheres querendo compromisso sério, sexo diário com uma única pessoa. Todos querem todos, ninguém é de ninguém, todos são públicos, são do mundo. Na verdade, o homem deixou de ser seu mesmo para se transformar num fantoche de suas próprias ilusões, e ainda se gaba por isso.
Com dinheiro ou beleza conquista companhia, mas não cativa corações nem amor, não cativa o amor de quem possa não apenas lhe dar o prazer da cama, mas o prazer do companheirismo, da estima, do poder ter em quem confiar, da parceria, da admiração pela sua alma e mente, e não apenas pelo seu status, cartão de crédito, belo corpo, boca ou par de olhos.
Muita coisa me cativa e já me conquistou nesta vida. Todavia, a cada dia que passa percebo que melhor do que sair pelo mundo todas as noites atraindo olhares de vários homens, é poder acordar com o olhar apaixonado de um só, dormir pegando na mão de uma única pessoa e poder contar com ela para situações muito além dos magníficos prazeres físicos.
Não sou imune à estas ilusões, mas elas não criam raízes em minha vida. Tão rápido quanto duram, elas morrem, fazendo nascer o meu desprezo pela fugacidade com que a vida pode me possibilitar viver. A grande maioria das pessoas que conheço, porém vivem iludidas na vida. Acham que serão eternas, que o dinheiro que cativa companhia não terminará,e que as companhias adquiras são sinceras, acham que as festas e sua alegria momentânea tem mais relevância do que bons momentos com amigos de verdade e com um amor sincero.
Romântica? Pode ser. Eu acredito no amor e não vejo como viver muito tempo sem um romance sincero e respeitoso na vida. A cada dia que passa e que vivo usufruindo um pouco do mundo das ilusões eu valorizo mais aquilo que o dinheiro, a elegância física e a beleza não compram: Sentimentos, afeto, preocupação e amor sinceros.
Festa, bebedeira, falsas amizades? Isso um dia cansa, assim como brincar de casinha me enjoava quando eu era criança. Tudo o que é de "faz de conta" cria tédio. Felizes são os que, vivendo com os pés no chão têm alguém para amar e confiar, isso sim tem valor nesta vida, o lamentável é que a maioria troque a possibilidade de felicidade sincera, pelo êxtase de alegrias frívolas e momentâneas, da pseudosolidão regada à ilusões constantes e parcerias banais.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 16 de setembro de 2008.

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