Quase sempre
Não sei mensurar exatamente quando eu me tornei uma pessoa que mais cala do que fala quando o assunto é a forma com que o outro pensa e vive.
Passei a ter a nítida certeza de que meus pensamentos não servirão para mudar os de ninguém, quiçá seja eu quem precise mudar, mas, por algum motivo não desejo, esta bom assim.
Talvez as pessoas que eu julgo necessitar de mudanças pensem como eu: estejam felizes com a vida que levam, com a forma com que pensam e agem.
Existe um grande abismo entre o meu pensar e o dos outros, logo eu desisti de correr riscos e tentar lhe transpor. Se o outro quiser, por sua vontade, vir até os meus pensamentos, ele vem, todavia, não serei eu quem vai ir até os dele quando as diferenças são significativas.
Talvez quem eu julgue ser ignorante e errado pense que a errada sou eu, logo, sendo que ninguém é superior a ninguém, como irei tentar impor os meus pensamentos se eles podem estar equivocados ou se o outro pode pensar isso a respeito de minhas idéias?
Conselhos? Só dou quando me pedem, quando dizem claramente que querem ouvir a minha forma de pensar, mas, ainda assim, verifico se a pessoa não precisa, realmente, de apoio a seus pensamentos, por qualquer espécie de insegurança. Neste caso, lhe dou anuência para fazer o que sua mente e coração lhe dizem.
Vivo de acordo com o que penso, vivo de forma livre e não me importo com o que os outros podem pensar a meu respeito. Tenho a alma liberta e faço o que desejo desde que não macule o coração de quem amo.
Portanto, respeito o pensamento de todos, concordo com uns poucos e me calo quase sempre, porque quase nunca gosto que se intrometam na minha forma de ser, por mais errada que eu possa estar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 27 de dezembro de 2012.