Eu e minhas
vergonhas
Eu sou uma
pessoa que ainda carrega o hábito de sentir vergonha, mas não nega tal fato.
Não nego que sinto vergonha por ter sido covarde inúmeras vezes, por ter sumido
da vida alheia quando me faltou coragem para ser paciente e lhes explicar o que
eu sentia, quando eu tive um medo imenso de vê-las sofrer e acompanhar, de
perto, a sua dor.
É fácil
fugir de alguém e deixá-lo com o coração despedaçado, é fácil ser egoísta a tal
ponto. Você fala ou se cala, você some, o outro sofre imerso em mil dúvidas e
você não vê nada, logo, eu tenho vergonha de ter sido, inúmeras vezes covarde e
egoísta desta forma.
Sinto
vergonha de dizer que, seguidamente, eu não tive coragem para atender quem me
queria bem, para lhes dizer: “Não me ligue mais, eu não estou pronta, eu não
lhe desejo neste momento.”
Eu também sinto
vergonha por ter ficado com certas pessoas por mera atração, por nada que se
conte num belo romance, mas, por sua vez, por nada que se conte num filme
pós-moderno sobre mulheres interesseiras.
Antes cair
na volúpia de uma paixão ardente, do que naquele quadro ridículo das moçoilas
que, fantasiadas de “boas moças de família” se vendem aos mais ricos como
qualquer prostituta, só que por um preço diferenciado.
Sinto
vergonha de ter agido por instinto inúmeras vezes, de ter perdido a cabeça, de
ter gritado, de ter sigo imatura, mas sempre guiada pela paixão e por um pouco
de loucura, mas nunca pela maldade. Todavia, jamais me envergonharei de ter
sido sempre autentica, ainda que tenha decepcionado algumas pessoas, inclusive
eu mesma.
Sei que
nunca desapontei pessoa alguma por querer, sei que nunca trai a confiança de
cidadão algum tendo esta intenção, sei que nunca disse que sentia algo se, no
momento em que eu falei, eu não achasse que sentisse de verdade.
Envergonho-me
de muitas coisas na minha humilde vida, mas não nego que possuo aquela capacidade
rara de sentir vergonha pelos outros, pelos mentirosos, pelos desonestos, pelos
egoístas crônicos, pelas pessoas de coração duro e gélido, por aqueles que são tão
pobres que só tem dinheiro e por aqueles indivíduos que, infelizmente, nem mortos
fariam falta neste mundo.
Passo
Fundo, 27 de agosto de 2012.
Cláudia de
Marchi
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