Veneno e antídoto
Já passei
da fase em que eu me privava de comer o que gostava para exibir meu corpo bem
esculpido numa roupa justíssima, já passei da fase de deixar de almoçar para ir
malhar, de abrir mão de uma taça de vinho para não exceder as calorias diárias,
de deixar a sobremesa de lado para não engordar, enfim eu já passei do tempo de
pensar mais na minha (exibível) “boa forma” do que no meu bem estar.
Já passei da fase de acreditar que casamento é inabalável
e de que o amor e a paixão faziam milagres e transformavam as pessoas Hoje eu
acredito na única milagreira do mundo afetivo: a “santa” paciência. É ela, assim
como o diálogo, o carinho, a admiração e a vontade que fazem uma relação dar
certo!
Hoje eu sei que, quem precisa mudar para se adequar as
minhas expectativas não merece o meu amor e nem deve me amar, porque sem aceitação
e sem admiração nenhum romance sobrevive.
Hoje eu sei que minhas coxas torneadas valem menos do que
meu sorriso, hoje eu sei que meu bumbum durinho vale menos do que qualquer “ai”
que eu diga, hoje eu não me privo de nada, apenas controlo a quantidade do que mastigo
e, principalmente, do que eu falo.
Hoje eu vivo como se a morte fosse eminente, não como se
ela fosse certa, nem como se eu fosse eterna. Não me abstenho de nada para ser
um defunto com corpo perfeito nem me esbaldo para não ser um “corpo morto” com
sobrepeso.
Hoje eu comecei a encontrar o equilíbrio. Descobri que você
pode querer quem não ama, amar quem você não quer, enfim, hoje eu sei que
antinomias acontecem e a vida é cheia delas. Aliás, a vida é antinômica!
As pessoas desejam o que não podem ter, tem o que não querem,
não se contentam com o que possuem, vivem correndo em busca de algo que esta
dentro delas próprias. Os seres humanos querem ser felizes, mas não conseguem
sentirem-se contentes nem com o pão que comem em seu café da manha!
Sem contentamento, sem felicidade: como você pode pensar
em ser feliz sem ser contente? Sem gostar daquilo que possui, por mais simples
que seja? Sem se orgulhar de ser quem é, por mais humilde que você seja? Sem se
orgulhar de seus atos, por mais singelos que eles tenham sido? Sem sentir
contentamento homem algum consegue ser feliz!
É, meu amigo, a vida tem dessas coisas. Coisas estranhas,
mas que, com o passar do tempo, se mostram necessárias. Você nunca conhecerá a
falsidade se viver cercado de pessoas sinceras, nunca conhecerá a maldade e a
malícia se viver cercado de pessoas boas.
Todos os
males que não lhe matam, realmente lhe tornam mais forte. A vida lhe mostra que
é experimentando venenos que você aprende a desenvolver os seus antídotos, daí,
minha querida: Segurem-se quem puder! Vida, lá vamos nós!
Passo
Fundo, 10 de agosto de 2012.
Cláudia de
Marchi
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