Felicidade simples.
Quem afinal é o ser humano por trás das auto-afirmações? Quem são essas pessoas que virtualmente afirmam ter uma vida perfeita, um amor imbatível, uma moral inquestionável, uma paz de fazer inveja a Jesus, e uma alegria inatingível? Quem são esses felizes despudorados que ostentam para o mundo a perfeição de suas vidas?
Quem são esses seres que não tem nem um medinho da inveja alheia ao publicar para conhecidos e estranhos a maravilha que é sua vida? Será que a felicidade pós-moderna já nasce com a necessidade de ser apregoada, ou será que ela tem que ser difundida para existir? Ou melhor, será que ela existe realmente ou apenas virtualmente, traduzindo: Será que ela existe?
Desconfio dessas pessoas que publicam seus sentimentos mais raros, sua felicidade, seu amor. Aprendi, na verdade a desconfiar do que vejo: Muitos sorrisos, muita empáfia, muita cabeça erguida, beijos e abraços?
Suspeito. Desconfio. De regra nada é o que aparenta ser, então me tornei desconfiada acerca de tudo que é demonstrado da boca e do corpo para fora.
Logo, se duvido do que vejo muito mais do que leio. Acho que a felicidade, real como um orgasmo intenso não precisa de gritaria, de ostentação. Não precisa que os vizinhos fiquem sabendo. A gente goza e basta que o parceiro saiba, e esta é sem dúvida a melhor sensação que um corpo humano pode ter. Podem ser segundos, mas são extasiantes, são perfeitos.
A felicidade mais profunda proveniente do contentamento do homem com a vida e consigo mesmo é menos efêmera que um orgasmo, mas requer o mesmo pudor saudável, a mesma discrição. A gente sente não precisa que todos saibam. É simples, muito simples e como tal não requer publicação virtual.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 01 de novembro de 2010.
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