Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Criminosos.

Criminosos.

Passei o início da minha carreira dedicada ao Direito Penal. Agora, muito feliz e realizada, voltei. Não sou a melhor criminalista do mundo, pelo contrário, nem me intitulo assim, mas gosto do que faço e, posso dizer, que em quase dez anos de advocacia a gente vê muitas coisas. Com três décadas de vida muito mais.
O fato, pois é que eu concluo que todos somos criminosos ao menos uma vez na vida. Sonegação de impostos, xerox de livros, dvds piratas, compra acima da cota em outro País, beber um copo de cerveja e direção, dirigir sem CNH, andar a 120 Km/h quando o limite é 80 Km/h e assim por diante. A lista é longa, muito longa. Acontece que nem todos somos pegos e, principalmente, a gravidade destes delitos é mínima se comparada com outros. Mas são delitos. Ponto.
Ademais, a gente não quer saber dos delitos que comete, a gente gosta mesmo é de falar dos crimes dos outros. O mesmo em relação a falhas morais. Sentimo-nos "Deuses" em dia de juízo final avaliado a vida alheia. E agimos como uma "mãe" em relação a nossas falhas. Isso é hipocrisia.
Colocar-se no lugar do outro não mata ninguém, nem torna ninguém menos do que é. Existe grande diferença entre cometer delitos e ser um criminoso contumaz, todavia, ainda assim eu acho que somos arrogantes demais em relação aos erros do outro. Aliás, sempre nos compadecemos com as vítimas.
Colocamo-nos no lugar do irmão, da esposa, do pai, da mãe da vítima de qualquer delito. Mas somos praticamente incapazes de nos colocar no lugar da irmã, do amigo, do marido, do pai e da mãe do "criminoso".
Acontece, meu amigo, que você pode se achar infalível, mas garante que seus filhos nunca vão errar? Nunca cometerão algo, num momento de passionalidade, do qual irão amargar arrependimento pra sempre? Garante que você sempre será parente ou afim da vítima e não do "algoz"? Eu não, embora não queira.
Mas, quem me garante que um dia, meu filho que sempre me viu dirigindo acima do limite de velocidade permitido não faça o mesmo e não consiga frear a tempo de não colidir num carro e causar a morte de alguém? Ninguém. Se você tem essa garantia, digo, do fundo da alma que é abençoado.
Agora, de onde venho e no mundo em que vivo eu não posso garantir que eu seja sempre exímia, menos ainda que quem eu amo, quem me cerca e quem, espero, seja por mim bem educado seja, e é por isso que eu atuo nessa área sem ter impedimentos para dormir à noite.
Afinal, quem carece da “presunção de inocência” hoje é um cliente, amanha pode ser alguém que eu amo. Pode ser eu mesma. Todo mundo critica advogados criminalistas, certo? Pois é, até precisar de um, com certeza. Ah, mas você nunca vai precisar né?! Que bom. Eu lhe invejo.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 11 de junho de 2014.

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