Percebo que muitas pessoas mantêm relacionamentos infelizes justificando sua inércia e comodismo ao quedarem-se inertes diante do descontentamento com a seguinte afirmativa: “Todos eles são assim”. Confesso que isso me causa um pequeno desconforto gástrico.
Independente do defeito que se deseja perdoar ou fingir que não existe fato é que ninguém é igual a ninguém neste mundo e nesta loucura de justificar os desaforos que se aceita atribuindo aos demais os mesmos defeitos do parceiro eu vejo mulheres serem humilhadas, agredidas verbal e fisicamente e homens saindo da cama para se satisfazerem no banheiro.
Pode ser que exista semelhança entre os seres e que, por serem humanos, todos passem longe da perfeição, a questão não é os defeitos pequenos ou grandes dos outros, mas o valor módico ou imódico que você se dá. A questão é, também, até que ponto o agir errado do outro fere sua base moral, sua auto-estima, seus sonhos, sua essência, é isso que indica se cabe relevar os "defeitos" do amado ou se eles são, realmente desrespeitosos.
O ponto central é o que você julga merecer, o comodismo com o pouco pelo medo da solidão, ou medo do risco de deixar a vida passar enquanto dorme só, ou, quem sabe, a felicidade de descobrir-se independente e feliz sem ter que justificar os erros alheios tentando generalizá-los para chegar à infeliz conclusão de que você não é o único ser mal-amado e infeliz do mundo.
Hoje em dia o que é precário não é o amor, as possibilidades de ser feliz, de viver bem a vida, o que esta realmente precária é a coragem humana para assumir mudanças, o auto-respeito para deixar de lado o que não faz bem e o brio necessário para admitir que existem muitas pessoas boas por ai querendo ser amadas e que elas não são iguais ao ser humano estúpido que você insiste em manter ao seu lado. Aliás, falando em estupidez, o tolo da história é quem mesmo?
Wonderland, 26 de dezembro de 2010.
Cláudia de Marchi
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