Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Acostumar, por quê?

Acostumar, por quê?


Eu não consigo me acostumar com algumas coisas. Aliás, eu não sou o tipo de pessoa que se “acostuma”, assim como não sou o tipo de mulher que crê que o apreço por alguém possa “vir com o tempo”. Sou muito intensa para tais atos, que exigem demasiada frieza e frivolidade da alma.
Não sou imediatista, mas acho que a necessidade de se acostumar com algo ou de esperar o tempo passar para amar alguém é característica de pessoas perdidas e carentes. Acredito na simpatia imediata, na atração e na vontade inexplicável de ficar com alguém sem que seja preciso contar com o decurso do tempo para que isso ocorra.
Se você precisa se acostumar, aturar ou tolerar algo é porque este “algo” não é bom, do contrário você gostaria dele e não necessitaria se acostumar. A gente só se acostuma com o que nos descontenta, o que nos agrada, é bom, é interessante, agradável, nos faz feliz e ponto final.
Se você conta com o decurso do tempo para que surjam em seu coração sentimentos nobres por determinada pessoa é porque ela não lhe encantou, não lhe fascinou e nem se mostrou “apaixonável”, mas por medo de ficar só, você se agarra a ela como se fosse uma âncora e espera que, um dia, você venha a amá-la.
Não me acostumo com a falsidade, não me acostumo com a superficialidade de certos indivíduos, com a futilidade de algumas pessoas e com a deslealdade e desonestidade de outras.
Não me acostumo com os “querida”, “amada” e “amiga” que ouço de bocas que, quando eu viro as costas, falam mal de mim, inventam coisas, aumentam a realidade de outras, apenas para se sentirem melhores e superiores, vez que não são, pois se fossem não seriam maldosas ou invejosas.
Eu acredito na espontaneidade, eu acredito no querer bem, no gostar, no admirar, no se encantar e se apaixonar, não no se “acostumar” que, para mim, subentende uma aceitação forçada de algo não aprazível. Por tais motivos, não creio também que o amor surja com o tempo, ao menos não o amor genuíno, que creio ser saudável.
É lógico que quanto mais o tempo passa, se não nos frustrarmos, tendemos a amar mais quem esta ao nosso lado porque nos tornamos mais íntimos de tal pessoa, mas daí a não gostar desde o inicio e esperar que o tempo conluie a favor de seu anseio de “querer bem” o ser humano que gosta de você é triste, é nojento, é sinal de desespero, de falta de amor próprio e respeito ao outro e a si mesmo.


Cláudia de Marchi


Passo Fundo, 29 de julho de 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.