Paixão
Eu não vou esquecer aquela época, eu nunca vou esquecer a felicidade, a emoção, a realização. Jamais sairá de mim aquela sensação de ter encontrado o que eu “buscava”, de ter encontrado um “tesouro”.
Não esquecerei também que o que reluzia não era ouro, nem brilhante, era lata. Mas eu já estava encantada com ela, e quando o nosso encanto é grande acreditamos que podemos transformar vidro em cristal, bijuteria em jóia. Achamos que somos “alquimistas abençoados”.
A paixão não cega, ela deturpa os sentidos: você vê e ouve, mas “adapta” tudo ao seu sentimento, coloca tudo o que é visto, ouvido e sentido a favor de sua intenção, de seu intuito: amar e ser feliz, ser de quem lhe encanta e lhe ter.
Só quem já se perdeu na estrada enganosa da paixão sabe como é cair e contentar-se, sabe o que é depender do afeto alheio como um drogado de um entorpecente. Se isso é ruim? Se fosse ninguém se drogaria, mas se valesse a pena não lhe escravizaria, não lhe faria dependente.
É bom, é profundo, é intenso, é maravilhoso, mas também é perigoso, é inesquecível, mas deixa cicatrizes. E não existe cicatriz que não seja resultado de dor, logo, é válido, mas é sofrido. É marcante porque conjuga o ponto alto da felicidade com a mais profunda tristeza: isso se chama paixão.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 18 de julho de 2011.
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