Flerte silencioso

            Flerte silencioso

Existem mulheres com iniciativa na sua vida amorosa, enfim mulheres que tomam a iniciativa no que tange a flertes. Cada um na sua, mas com algum interesse em comum. Eu não ajo, meu flerte é silencioso, quase mudo.

            Não ajo, mas não me faço de santa. Se eu tenho algum interesse em você, eu converso com você, eu escrevo, eu pergunto, eu mando mensagem, eu faço alguma “coisinha”, por mais sutil e singela que seja. Simples assim. Não tenho porque conversar com alguém com quem eu não tenha uma amizade se não for por alguma espécie de interesse.

            Acredite, eu não converso com qualquer um. Não dou meu telefone para qualquer um, nem olho para qualquer um. O que não significa que você seja “o cara”. Você é, na verdade, qualquer um no mundo, mas é “um” que fez meus olhos brilharem, que me fez ruborizar, que me intimidou. Algo raro, creia você ou não.

            Então, se você gosta de mim, tome alguma atitude. Eu não desisto fácil, mas a minha beleza se cansa e, com a minha idade e maturidade, de atitude eu não vou mudar. Lembra? Eu não tomo a iniciativa. Então, ou você age como os cavalheiros de antigamente, ou tudo vai ficar “naquela”: poderia ser, mas não foi. Por sua culpa, a minha parte eu fiz e, ainda avisei.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 30 de março de 2012.

Admiração e respeito

            Admiração e respeito

Algumas pessoas são como boas bebidas, boa comida: nasceram para serem degustadas, outras, por sua vez, nasceram para serem “comidas”, para alimentar, sem demasiada admiração, afinal não tem um sabor muito bom.

            Existe quem mereça atenção, quem mereça ser ouvido, por outro lado, há quem nem tenha o que falar, há aquele que, de tudo o que diz, nada ou quase nada se aproveita.

            Pessoas bonitas e elegantes existem muitas. Beleza e elegância são compráveis nos dias de hoje, são itens de consumo. Inteligência, cultura e uma mente equilibrada não.

Todavia, para pessoas maduras e de bom gosto uma pessoa só é interessante pelo que pensa. Aparência enche os olhos, mas não mantém amizade, namoro, nem casamento. O que mantém qualquer tipo de relacionamento é a admiração.

Você não consegue sequer ser um bom empregado se não admira os atos de seu chefe. Respeito é a sala onde as relações humanas se mantêm, mas a admiração é a sua chave.

Você só admira o que lhe cativa e só respeita o que admira. Quem não conquista sua admiração pode estar em sua vida, mas não fica nela para sempre. Cedo ou tarde você a exclui, ainda que ela tenha sido útil em algum aspecto, por algum tempo.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 30 de março de 2012.

Confiança e coragem

            Confiança e coragem

Acontece um milagre toda vez que uma pessoa que já foi traída e magoada confia novamente. Confiar de novo num ser humano, depois de conhecer seu lado pérfido e maldoso, é algo milagroso.

            A confiança é algo que nem todos merecem, de regra o merecedor não a reivindica, não a implora, sequer pede, apenas age e vive de forma a mostrar coerência entre seus atos e palavras.

            Na verdade, tal (bendita) coerência é o que, com o passar do tempo, cativa a pessoa que tem a ousadia de confiar em quem desconhece ou, na melhor das hipóteses, conhece pouco.

            De toda forma, certo é que, quem não tem a coragem e a ousadia para confiar, não tem o prazer de conhecer ou reconhecer uma boa pessoa, algo valioso nos dias de hoje.

            O mundo é dos ousados, dos destemidos, dos que confiam, acima de tudo, em si mesmos, e, assim, conseguem ceder um pouco de sua segurança para confiar em quem, dentre tantos, crêem que merecem. Se podem se decepcionar? Claro que sim, mas um homem de coragem não deixa de sair da cama, porque pode morrer e terminar deitado para sempre.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 27 de março de 2012.

Filhos

            Filhos

Filhos precisam do carinho do pai, da atenção, do apoio, do abraço. Filho não deixa de ser filho porque terminou a faculdade, porque passou num concurso publico, porque atingiu a maioridade, porque casou, porque foi morar sozinho ou porque ganhou na mega sena.

Filho é filho em qualquer lugar do mundo e, como tal, tem suas necessidades, precisa de amor, precisa de carinho, precisa ser compreendido, precisa ser respeitado. A idade, a independência ou qualquer mudança na vida financeira não deve ser motivo para afastar um pai de seu filho.

É como filho, diante do pai, que o homem pode se despir de todas as suas máscaras, da armadura de guerreiro, de pessoa forte, de pessoa combativa, de pessoa dura e convicta, para ser a criança frágil, às vezes insegura e temerosa, que precisa ouvir um simples: “O pai te entende”.

Diante de um pai o homem pode ser, simplesmente, quem ele é, e, ainda assim, pode sentir-se leve, sentir-se bem, por ter a certeza de que é aceito, de que é amado, de que é querido.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 27 de março de 2012.

Inadequados

            Inadequados

Não se adequar a maioria não é aberrante. Não acompanhar as “fases” da maior parte das pessoas não é algo preocupante, aliás, tristes são algumas das fúteis convenções da sociedade que fazem suas exceções se sentirem perdidas e solitárias.

            Você não é obrigado a fazer faculdade com menos de vinte anos. De regra, com esta idade você não esta apto a escolher o que fazer o resto da sua vida, a menos que já trabalhe em algum ramo de negócio ou seja herdeiro de um.

            Você não precisa se casar com o primeiro namorado, não precisa namorar anos para casar e nem precisa casar de papel passado antes dos trinta anos após dar uma festa de arromba.

Você casa se quiser, o que você precisa é ser feliz e não alardear a sua união para a sociedade. Aliás, do que você precisa a sociedade desconhece, ela só lhe critica, quando convém.

Você pode se “encontrar” aos trinta e poucos, entrar na faculdade aos quarenta, se apaixonar aos cinqüenta e se divorciar aos sessenta! Foi-se o tempo em que as convenções sociais deviam ditar os tramites da sua vida. Hoje em dia elas ainda existem, mas é um prazer imenso desrespeitá-las, malbaratá-las e fazer pouco caso de sua existência hipócrita.

Não existe tempo certo para nada, certo é o momento em que o homem sai da inércia, deixa o comodismo de lado, se imbui de coragem e, altruísta, age. Age de acordo com a sua vontade, seus anseios e sua (abençoada) liberdade.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 25 de março de 2012.