Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Cinquenta tons de anti-romantismo.

Cinquenta tons de anti-romantismo.
Quando eu era romântica-otária e alguém que estava interessado em mim dizia que eu "era boa demais pra ele", eu achava a frase elogiosa. Quando eu era romântica-otária eu achava que a pessoa agia de forma rude eventualmente por se sentir assustada diante de seus sentimentos fortes por mim.
Quando eu era romântica-otária eu era indulgente quando o outro descontava o seu estresse em mim. Ah, eu tentava compreender as pressões psicológicas e profissionais que o cidadão tinha, eu até gastava o tempo da minha terapia para compreender as raízes anímicas dos problemas psíquicos do parceiro. Por quê? Porque eu era romântica-otária, porque eu era daquelas que acreditava que o meu coração e amor mudariam o outro e, quiçá, o mundo!
Se bem observado há doença no romantismo-otário: a pessoa emerge a si e a seu sentir a tal ponto de importância que pensa que serão milagrosos. Se hoje alguém me diz que eu sou a pessoa que ele quer ser, eu sumo, afinal eu quero admirar alguém e não apenas ser admirada. Eu desejo aprender e não apenas ensinar, ora essa!
Se a criatura diz que sou boa demais pra ela, eu nem deixo terminar a frase e já entro no modo "invisível". Hoje, se eu constato que a pessoa tem "noias", problemas de autoestima ou acha que eu ou qualquer pessoa servimos como "saco de pancadas", saio pela tangente e sugiro que a criatura procure um terapeuta.
Hoje eu acredito no amor, mas não em escora, eu acredito no amor, mas não quero ser a cura pra ninguém. Ou a pessoa é bem resolvida e da o valor que eu mereço ou "saio fora".
Não faço sacrifícios por ninguém, não me esforço para entender alguém ou para ir a fundo à compreensão dos seus problemas, porque não sou e nem quero ser terapeuta de gente complicada. Eu quero simplicidade, eu quero me sentir "agregada" e também não quero ser metade de ninguém, pois sou inteira demais.
Quero mesmo uma relação divertidamente seria formada por duas pessoas completas, maduras e que desejam viver o bom do amor, porque desventuras é coisa que o romantismo-otário colocou na cabeça feminina para que a mulherada ache relação abusiva algo intenso e bonito.
Outro dia assisti pela primeira vez ao famoso “Cinquenta tons de cinza” e, apesar das tentações taticamente inseridas com o personagem Grey (27 anos, gato, corpão, cara séria praticamente intimidadora, bem vestido, mãos fortes, milionário e solteiríssimo- a maior virtude do sujeito!!!), terminei o filme anojada do sujeito.
O milionário gatão desconta no sadismo suas frustrações, é um moço problemático que tem que dominar para ter prazer e, nesta de domínio, não tem a afetuosidade capaz de fazer a mocinha, estudante de literatura, romântica e virgem, plenamente feliz. Aliás, existiria uma parceira mais perfeita para um homem abusivo? Uma romântica e ingênua donzela! A Anastásia é uma porção que toda mulher tem ou teve, daí o sucesso da trama.
Todavia a vida ensina e o romantismo fica de lado quando a gente percebe que relacionamento é mutualismo: amor, prazer, carinho, respeito, afeto e atenção! Onde um dá mais do que recebe não existe relação, existe doença! Ou seja, a solução é buscar tratamento e superar! Ah, quando uma mulher se desapega do romantismo-otário existe 95% de chance de ela ficar solteira, porque o que mais se vê por aí é galãzinho problemático e homem despreparado para cuidar de mulher bem resolvida.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 14 de dezembro de 2015.

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