Sobre a intolerância
cristã nas redes sociais.
Em
virtude de ter um blog minhas redes sociais são cheias de "amigos"
meramente virtuais. Pois bem, ontem, graças a um post que foi comentado por
alguns, exclui mais um "amigo" que desrespeitou o comentário
antecedente, de uma amiga ateia.
A
amiga em questão comentou algo em consonância com o sentido da postagem, dizendo
que os “terroristas não conhecem o verdadeiro dels”. Pois, via de regra, quando
um muçulmano comete homicídio trazem a religião à baila e estigmatizam o
sujeito, todavia, se o mesmo é cristão, emerge o argumento de que “religião não
se envolve” nestas questões.
Enfim,
o amigo virtual ficou irresignado com o comentário, aparentemente, porque a
amiga atéia chamou “deus” de “dels” (frise-se que ela se referia ao deus dos
muçulmanos, não ao “dele” que é cristão!). Primeiramente, existe uma obrigação de
que todos creiam no que eu creio para eu lhes respeitar? Se eu acredito no deus
tal, e a outra pessoa não, e chama ele de outra forma, isso me fere, isso me
ofende? Por que, afinal?
Existe
algo neste sentido, aparentemente incutido na mente das pessoas: "Eu creio
no deus bíblico e se alguém não crê nele eu não respeito e nem valorizo,
pois a sua descrença desrespeita a minha crença”. Ocorre que isso é paranoia,
doença, anormalidade! Cada pessoa é uma individualidade e como tal pode crer e
descrer do que bem entende.
Enfim, eu nunca vi meus
amigos ateus, judeus, umbandistas ou sei lá desrespeitarem ou se intrometerem
em postagem cristã, mas já vi o inverso. Nunca vi um praticante do candomblé se
meterem naquelas postagens ridículas estilo “chuta que é macumba”, ou ficarem
bravos, porque alguém chamou Oxalá de “Hoxula”, por exemplo. E, pra eles, este
é um deus!
Conheço inúmeros cidadãos que
enchem o facebook de postagem cristãs e não cumprimentam o subalterno na empresa,
não olham nos olhos da faxineira e passam pelo mundo com um ar de superioridade
abjeto.
Não importa, pra mim, se o
cidadão é ateu, crente, ninja ou satanista, não me importa se é pobre, rico ou
se faz de conta que é abonado, não me importa se é negro, branco ou amarelo,
não me importa se é hetero, gay, trans ou fetichista, enfim, não me importa
nada que diga respeito a sua vida, apenas se o sujeito é educado, sincero e se
trata aos demais com humanidade e respeito.
Amigo, entenda: se o outro
não crê no que você crê isso não é desrespeitoso, mas você querer impor a sua
crença a quem (voluntariamente) a ignora, isso é desrespeitoso e, mais, é
aviltante. Além de tudo, demonstra que a sua religião não lhe tornou um ser
humano melhor, mas fez de você um crente arrogante e intolerante. Não julgue
ninguém pela sua fé, religião ou crenças, goste ou desgoste das pessoas pela
forma com que elas agem com aqueles que não lhes trazem benefício algum.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 14 de dezembro de 2015.
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