Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Feminista, sim senhor!


Feminista, sim senhor!

Sou feminista, tenho ojeriza a pelos, sei passar rímel e batom (não sei me maquiar além disso), já fui casada, não sonho em ter filhos, acho homem fundamental, sobretudo os emocionalmente inteligentes e bons de cama, pois quem não quer ter filhos, terá bastante tempo livre para "namorar" e isso é fundamental em qualquer namoro ou casamento.
Eu não tiraria o sutiã para protestar por coisa alguma no século XXI, mas se eu vivesse no século passado, talvez o fizesse. Não tenho vergonha do meu corpo, pelo contrário, mas não vou me despir pra qualquer imbecil (tá, tudo bem, com exceção de algum ex namorado tosco que eu tive. Errar é humano, permanecer no erro é burrice!).
Enfim, sou feminista, não divido conta de restaurante com homem e nem sou a favor do alistamento militar obrigatório. Nem para eles e nem para nós. Sou feminista e não tenho uma vida sexual agitada, para não dizer que estou substituindo sexo por seriados e comida. Além do trabalho! Sou feminista e estou cada vez mais seletiva em relação aos homens que escolho para me relacionar ou trazer até a minha cama.
Respeito as feministas que agem de forma diferente da minha, pois todas nós queremos ter, do mundo, o mesmo respeito que os homens têm, a mesma liberdade. Como advogada, já chorei de raiva, por ter clientes que, ouvindo eu cobrar honorários iniciais, se fizeram de desentendidos para tentarem me fazer deixar o contrato no "risco", porque não sou homem ou mãe de família para precisar de mais de duzentos mil reais, por exemplo.
Já ouvi de clientes e ex-chefes ofensas desnecessárias, porque eu não tenho força para lhes agredir, ouvi e ouço elogios escrotos, sou assediada por cidadãos que confundem simpatia e educação com "interesse". Isso sem contar os babões que acham que o mundo se circunscreve ao seu pinto e não podem ver uma foto mais "indiscreta" e começam a chamar em chat ou fazer elogios imbecis (como se fossem necessários!).
Já ouvi de alunos, após uma necessária chamada de atenção, que "estou precisando de um namorado" (você, professor homem, já ouviu que está precisando transar mais de algum aluno?). Também já ouvi de alunos que ainda não haviam me conhecido em sala de aula que determinada prova foi feita quando eu estava com TPM, pois era melhor "elaborada" que a primeira (sempre às segundas provas bimestrais serão!).
Ontem, por exemplo, eu e meus pais conversávamos sobre olfato apurado, afinal meu pai e sua esposa estão residindo numa quitinete e eu e minha mãe vamos, seguidamente, buscar eles e minha maninha lá. Como minha mãe fuma desde antes de eu nascer, em que pese eu nunca tenha fumado e não goste de cigarros, não sou chata para o cheiro e etc.. Meu pai disse que também nunca foi, então minha mãe contou a ele que dispensei dois excelentes namorados, porque eles se "implicaram" com o cheiro do cigarro dela (veja bem: da minha mãe! Sendo um na minha casa!).
Então, meu pai me disse: "Pois é, filha, aos poucos tu tens que se doutrinar a suportar certas coisas". Então eu falei, rispidamente: "Eu não, não dependo de homem pra nada", ele, maliciando, me que para "certas coisas" eu dependo. Disse-lhe que, para "certas coisas" eu mesma "me" dou um jeito e, se eu enjoar de mim, não precisarei "suportar" nada para me satisfazer sexualmente com algum homem que me pareça interessante. Enfim: não preciso! Nem eu, nem nenhuma mulher que se preze! E não, eu não vou "suportar" algo para ter um macho ao meu lado.
Minha mãe fuma, minha mãe e eu moramos juntas, o mínimo que um cara tem que fazer é manter a boca fechada a respeito de odores de cigarro em respeito ao meu amor pela minha mãe. Se ele não pode "suportar" o cigarro da minha mãe, eu não irei suporta-lo, pois não sou obrigada a isso! Enfim, eu disse ao meu pai que eu preciso de dinheiro sobrando na minha conta e da minha CNH de volta, não de homem. Nada pode ser mais machista do que a opinião de que nós mulheres devemos legar a nós mesmas e a nós mesmos a segundo plano para termos uma “abençoada” companhia masculina.
Sinto a diferença de consideração e respeito que a sociedade devota às mulheres e aos homens, sinto o preconceito quando bebo um pouco mais ou danço em algum lugar (sim, eu danço rock e sei sambar! Dançar junto? Não sei!). Enfim, não importa como eu ajo, não importa como a feminista dos EUA, da África ou do inferno agem, todas nós lutamos por respeito, consideração e vida, porque o machismo agride, estupra, trai, humilha e mata, o feminismo não.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 17 de dezembro de 2016.

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