Fugitivos de si mesmos
As pessoas gostam de fugir do que lhes causa
ansiedade, do que lhes fere, do que lhes contraria. Fogem, fogem, fogem e
acabam cometendo os mesmos erros de outrora, porque problema não solucionado é
impossível de ser derrotado: ele acaba voltando e se manifestando, ainda que
com nova aparência.
Pode ser que doa, pode ser que você perca o sono e
até o equilíbrio, mas enfrentar a si mesmo e descobrir os "porquês"
por trás de suas escolhas e atitudes só irá lhe beneficiar.
Tem gente que se esconde atrás da roupagem de Peter
Pan, algumas pessoas se negam a amadurecer, outras, por sua vez, escolhem viver
na farra, na boêmia. Se é divertido sentar num bar e beber com os amigos? Claro,
ninguém nega que dar risada em boa companhia é legal!
A questão problemática ocorre quando, ficar em casa,
pensando na própria vida, nas atitudes que se teve e tem e encarando-se a si
próprio se mostra doloroso. Ficar sozinho é incomodativo? Faz você querer
“concitar” os amigos para uma janta e bebedeira? Faz você querer fugir do silencio
da sua alma? Então, preocupe-se! Trata-se de descontentamento íntimo profundo e
quase patológico!
Confraternizar, beber moderadamente, contar piadas
e aproveitar um grupo leal de amigos não é errado, pelo contrário, o problema é
quando isto se torna um subterfúgio, porque você não agüenta a si mesmo, porque
você se sente descontente com a vida que tem e precisa fugir dos pensamentos
negativos que cultiva sobre si mesmo.
O mesmo serve para quem, solitário, se droga, se
embriaga ou se entorpece de outras formas para esquecer-se dos problemas.
Depois de uma ressaca, meu caro, os problemas continuam, mas você ganha outros:
dor de cabeça e mais inconvenientes.
Charlie Harper foi apenas um personagem cômico, ele
não existe, não o encare como seu herói, não acredite que suas ações são certas,
que é melhor se afogar num litro de whisky a entrar em contato com si mesmo, a
encarar uma relação amorosa, a viver seriamente e de forma não banal e fútil.
Quem tenta fugir dos problemas que tem, seja em
baladas, em grupos, em bebedeiras ou drogas mais pesadas, licitas ou não,
demonstra fraqueza e pouca habilidade de lidar com a frustração. Mas, e daí?
Nenhuma pessoa no mundo gosta de sentir-se frustrada e descontente, a questão é
cair na real e buscar a forma mais inteligente e racional de encarar o que não
lhe agrada, sem se tornar um fugitivo (autodestrutivo) de si mesmo.
Cláudia
de Marchi
Passo
Fundo, 21 de julho de 2012.
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