Saudades de mim
Eu sinto saudades de quem eu era, eu tenho saudades
de acreditar cegamente nas palavras que eu ouvia. Hoje em dia eu não aceito
palavras que contradizem atos e, portanto, sou menos feliz do que eu era quando
ainda conseguia me iludir com as pessoas.
Existe uma dorzinha na minha alma para a qual
analgésico nenhum serve. Eu me tornei uma mulher mais cética, porém não menos
sensível e é isso que me dói.
Ser sensível, mas mais "esperta" é
dolorido: você percebe o que não quer e sofre sem querer. A capacidade humana
de acreditar no que ouve é um tanto alucinógena: você vai a um mundo que nem
sabe se realmente existe, o que não é ruim.
Eu, no entanto, de tanto acreditar e ser
desapontada perdi tal habilidade, não consigo me entorpecer dando credibilidade
ao que ouço, consigo, apenas, dar um pouquinho de confiança e esperar que as
atitudes se sobressaiam.
É dolorido não conseguir acreditar nas pessoas
quando tudo o que se deseja é ter alguém em quem confiar, alguém que seja
transparente, sincero e de valor a você. A gente se acostuma a não acreditar
nos seres humanos, mas nunca sem sofrer, nunca sem angustia, nunca sem se
sentir frustrado e um pouco infeliz.
Cláudia
de Marchi
Passo
Fundo, 05 de julho de 2012.
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