Sobre o verdadeiro pecado!

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"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 29 de novembro de 2008

Os litígios nas Varas de Família

Os litígios nas Varas de Família

As piores relações, as piores brigas, jurídicas ou não, são as que envolvem amor frustrado, recalques, desdém proveniente de alguma frustração afetiva. Diga-se: Frustração que o próprio frustrado cria.
Como advogada é nas audiências de Vara de Família que encontro em exposição as atitudes mais lamentáveis, precárias e vis do ser humano, onde o nome de uma criança, onde a existência de uma criança, por exemplo, é usada para magoar, frustrar ao outro. Como vingança, enfim, das mais variadas (lamentáveis) formas.
Em casos de família há o ódio por trás do amor, e este é o mais vil e perigoso dos “ódios”. Se em problemas criminais, agressões, homicídios, encontramos, de regra, o desprezo explicito, nas brigas de Vara de Família o desprezo vem à tona após algum sentimento que, em determinada época, era tido como bom, como salutar.
Sentimentos recalcados, frustração, sensação de traição, de impotência, ódio pós amor, todos os sentimentos que mechem com a parte mais humana e mais profunda do ser humano estão, de certa forma, colocados a prova em determinados litígios. Paixões mal resolvidas, questões que um Juiz tem que administrar, e o Promotor aconselhar quase como psicólogos, enquanto os advogados tentam (também sendo um pouco “estudiosos da mente humana”, mas com pouco sucesso) segurar a animosidade dos clientes.
E é assim que concluo que o homem e as frustrações que ele mesmo cria por esperar do outro determinadas atitudes, por criar sonhos muitas vezes sozinho, por não conseguir administrar perdas e aceitar que às vezes o que poderia dar certo, não deu, fazem das brigas de Direito de Família as mais baixas e vis que um ser humano, profissional do Direito, ou não, podem ver.
Porque mal estar afetivo, frustrações, romances findados, problemas conjugais, ira, cólera, recalques pós “amor” já são delicados dentro de consultórios de psicólogos e psiquiatras, dentro de um quarto, de uma sala, de uma casa, mais delicados se tornam quando levados ao Judiciário, envolvendo terceiros e a Justiça, enquanto ideal para resolver coisas que, esta sim, ideal racionalidade humana e ponderação, não conseguiram resolver.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 29 de novembro de 2008.

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