Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A perfeita vida virtual

A perfeita vida virtual 

Ando assustada com algumas coisas nesse mundo. Além da violência crescente, da criminalidade que aumenta de forma aberrante, do aumento da drogadição e alcoolismo dentre jovens, da impunidade que começa grande nas classes altas e diminui em grau quando os possíveis “apenados” são pobres (mas que existe e não deveria existir em dimensão alguma) é a vontade humana de se mostrar e exibir-se que me assusta. 
Na era de blogs, Twitter, Facebook e outras formas de auto-exposição, sem ser as atitudes averiguadas no mundo real, fica evidenciada a vontade que algumas pessoas possuem de apregoar para as outras que são extremamente felizes, bem amadas e realizadas, que seu viver, enfim, é um imenso quadro cor de rosa. A vida me ensinou, dentre tantas lições, a desconfiar do exagero. 
Das declarações de amor públicas, das frases afirmativas de realização, de vida perfeita e amores perfeitos, onde não existe a necessidade de complacência porque ambos são “idênticos”, onde não existem briguinhas, desentendimentos, nem lembranças incomodativas. Perfeito! Amores perfeitos, pessoas perfeitas, sábias, inteligentes e realizadas, será verdade tanta “perfeição”, ou melhor, toda esta “aparência” dela? 
Declarações de amor puras são as ditas no silêncio dos olhares, a dois, sem que ninguém precise ver ou ouvir. Demonstração de amor verdadeira é a demonstrada nas atitudes, no respeito, na fidelidade silenciosamente “psíquica”. Quem deseja demonstrar demais algo evidencia que tem, em si, latente algum recalque ou a vontade implícita de que aquilo que deseja aparentar fosse verdadeiro em seu âmago e real na sua “vida real” e não em sua existência virtual e narrada. 
E não é, se fosse o individuo viveria, enfrentaria seus problemas diariamente, e, entre risos, lágrimas, euforia e tédio, passaria sua vida com normalidade sem desejar fazer dela uma imensa “tela” onde pinta - para os outros verem, - de cores vivas e vibrantes o que é, na verdade, às vezes cinza, às vezes azul escuro, às vezes negro, ou , simplesmente, “normal” sem nada de muito extraordinário e perfeito, porque a vida e a graça dela esta na imperfeição. (Tudo o que é muito ajustado, correto, certo ou perfeito morre ou mata de tédio quem lhe tem. Se é que existe algo tão perfeito assim.) 
Cláudia de Marchi 
Concórdia, 04 de junho de 2007.

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