Humano II
O sorriso, às vezes, nada mais é do que o disfarce daquele que tem o coração triste e a ausência de alguém para compartilhar a sua dor. Nem sempre as pessoas são fortes, a vida lhes obriga a fazer de conta que são para seguir adiante.
Vivemos na época em que “Tudo bem?” se tornou uma pergunta retórica, porque todos fingem que estão bem, ninguém quer desperdiçar seu tempo ouvindo os lamentos dos outros, afinal, não encontra nenhum ombro para poder soltar as suas lágrimas.
As pessoas não são elas mesmas nem com quem elas dizem amar. Elas não conseguem confessar todas as suas fraquezas, os seus sentimentos de medo, de tristeza, de solidão, de frustração, de indecisão, apesar de tudo aparentar que sua vida é excelente.
Então elas vestem o capuz da “excelência” e saem distribuindo sorrisos como se estivessem convencidas de que sua vida é aquilo tudo que elas desejavam que ela fosse.
Ninguém tem vontade de chorar agarrado no travesseiro, ninguém gostaria de ter escolhido outro caminho, ninguém se arrepende de nada, ninguém gostaria de mudar algo em sua vida, todos são indulgentes, pacíficos e cheios de esperança, todos são realizados e felizes.
Todos são, na verdade, disfarçados, muito bem disfarçados. Ninguém quer transparecer as olheiras que tem, a ansiedade das noites mal dormidas, a consciência agitada, as preocupações, as frustrações. Pode parecer redundante, mas a maior dificuldade do ser humano é, simplesmente, a de admitir que é humano e, portanto, errante.
Passo Fundo, 04 de setembro de 2012.
Cláudia de Marchi
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