Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 30 de março de 2011

Intensidade e sentimentos.

Intensidade e sentimentos


Sou incapaz de negar meus sentimentos, minhas características, dentre as quais, a principal, a intensidade. Eu só sei viver e agir com intensidade, se for para ser superficial, eu desisto, se for loucura pouca, para mim, é bobagem, não vale a pena. Sou intensa na alegria, no riso, no sorriso, na lealdade, na paixão, no amor, na excitação, na energia, nas vontades, no ânimo, nos sonhos, na busca, mas também sou intensa na ira, no desprezo, no desdém, no repúdio, na tristeza, na depressão, em todos os sentimentos, dos mais nobres aos mais vis, eu não temo senti-los desde que, ao fim, eu os supere. Apesar de ser feliz, às vezes a dor me importuna, já passei por muitas, como, por exemplo, a da separação. Aquele sentimento terrível de cama vazia, coração despedaçado, vida usurpada, sonhos extintos, tempo desperdiçado, alma desconsertada, desvalorização e tristeza. Muita tristeza. Em momentos como este, que eu já passei, (logo, posso aconselhar): apenas sofra, não mascare a dor. Nenhuma garrafa de vodka, nem o melhor vinho, a melhor espumante, o melhor psicotrópico, o melhor chocolate e a bolsa Victor Hugo mais chique e linda lhe recomporão o coração. Acredite: em horas você estará chorando aos prantos na beira da privada regurgitando a bebidinha cara que tomou e tendo vontade de transformar o belo jacquard da bolsa nova em lenço. Qual o remédio, pois, para a tristeza da separação, para a dor da perda? O tempo e a fé, de que algo melhor há de ocorrer, qual o antídoto? No meu caso, de pessoa demasiado intensa, nenhum. Para as pessoas normais, talvez sirva de conselho o seguinte: tema mais, se resguarde. Lamentavelmente tal conselho não me serve, não se coaduna com a pessoa que sou. Mas, um dia, quem sabe, eu me torne menos intensa nos meus laços.

Cáudia de Marchi

Passo Fundo, 31 de março de 2011.

Encante-me.

Encante-me 

Encanto, encanto meu, surja do nada, surja sem explicação e, simplesmente, me cative, me encante, me tome como tua, porque nos nossos melhores momentos, é tua que quero ser! Mas não tenha pressa, não seja como todos, não seja comum, por favor, me encante, me deixe a vontade. Encante-me com tuas certezas, com tuas vontades implícitas, com teu silêncio mais explícito que os melhores discursos, com seu toque mais forte do que o mais apertado dos abraços, me encante com tua boca que não precisa expressar-se demais para, apenas, me encantar! Eu quero o encanto do brilho dos teus olhos, da tua vida isenta de mágoas, de traumas amorosos, de dores e inconvenientes, não superados, do passado. Encante-me com a pureza da tua vida, ainda que dura, mas uma vida limpa, transparente, batalhada. Não quero mais saber de gente com passado dolorido, de histórias de vidas traumáticas e pesadas, que me dão a responsabilidade de ser isenta de erros, quero uma paixão livre, entre iguais: passados sofridos, mas não presentes em nossos corações. Encante-me assim, sendo você, autêntico, espontâneo, entregue, amável, amante, doce, confiante, bondoso, puro. Encante-me sendo assim, ou não me encante, simplesmente siga a vida como sempre seguiu, sem mim. É uma questão de escolha, e eu nunca opto pelo sofrimento, nunca mais, ao menos. 
Cáudia de Marchi 
Passo Fundo, 31 de março de 2011.

terça-feira, 29 de março de 2011

Grotescos

Grotescos

Quando você acha que já viu ou ouviu tudo a respeito da indecorosidade humana, você ouve ou lê alguma barbaridade tão grande que lhe deixa boquiaberto e lhe dá a certeza de que, semelhante, atrai semelhante e com eles permanecem. Ser amigo do “garanhão” ou da moçoila que fica com todos não é defeito. Porque não importa com quantas o cara transou, mas com quantas ele foi sincero e leal, quantas vezes ele foi realmente honesto. Não é feio ser amiga da puta, feio é se aproveitar de quem quer que seja para tirar vantagem e se vangloriar “viu, eu sou mais decente do que ela”. Algumas pessoas se superestimam, acham que marcam a vida de alguém, acham que seus atos deixam boas e eternas lembranças, menosprezam a inteligência, o brio, o amor próprio e a beleza alheios, ora, meu camarada, as lembranças duram pouco, muito pouco, apenas pessoas estúpidas cultivam bons sentimentos por quem não lhes estima, por quem é, realmente, falso e acha que pessoas são brinquedos para lhes divertir. Em menos de dias a lucidez se recompõe e os ratos são enviados para o porão, local do qual nunca deviam ter saído, para fazer os barulhos abjetos que exprimem perto de gente de mente sã, alma pura e coração limpo, porém, tudo tem um propósito na vida. Quando nos frustramos com a empáfia doentia de determinada pessoa, com seu orgulho, egocentrismo, narcisismo, intrigas e grossura percebemos que aquele que já foi por ele criticado, apesar de saber de tudo é com ele “simpático”, porque é tão gélido, tão maldoso, e tão insignificante para o mundo e para nós que não vale a pena nem lembrar, ou melhor, vale, lembrar e economizar um activia ou um laxante, porque o efeito de pensar neste tipo de gente é este. Tão grotesco quanto tais miseráveis sujeitos. Cáudia de Marchi Passo Fundo, 30 de março de 2011.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A burrice fantasiada de inteligência.

A burrice fantasiada de inteligência.

Não existe inteligência em uma visão uníssona da vida. Se você só lê uma categoria de livros, se você só ouve um ou dois tipos de musicas, se você só vai para o mesmo lugar veranear ou almoçar, comendo sempre a mesma coisa é porque seu cérebro deixou de ser curioso e, portanto vivo e instigante, porque instigado. É preciso exercitar a mente, ouvir com atenção músicas desconhecidas, colocar o preconceito de lado, que, certamente, até dentre o “desprezível” surgirão canções belas. É preciso provar novos pratos, novos sabores. A vida é uma só, ainda que não creiamos nisso, certo é que certezas não existem. Aliás, o ponto forte do homem inteligente é a dúvida, é a curiosidade que instiga, que impulsiona que lhe faz sair do trivial, do rotineiro, que lhe faz ler autores, hoje, desconhecidos, que amanha serão ovacionados, citados e aplaudidos. Foi pela curiosidade que a América esta ai, quem se contenta apenas com suas certezas mesquinhas é porque é mesquinho, tolo, ignorante. Quem não pára para ouvir um conselho, quem não reflete sobre seus próprios atos, quem, sem conhecer nada acerca de determinado indivíduo, o estigmatiza por meia dúzia de palavras ditas, não é normal, é esquizofrênico. Precisa de tratamento. Viver é conviver, viver é dar amor a quem nos merece, é amar quem é conosco afim, e respeitar com honradez quem não amamos, ou, quiçá, nem sequer simpatizamos, porque, por mais diversos de nós que o outro possa ser algo de bom, o mínimo que seja, ele terá. E a menor bondade faz a vida valer a pena porque anula a maior das maldades que provém do orgulho, da falsidade, da malícia, do egoísmo, e do interesse em obter quaisquer tipos de vantagens alheias. Cáudia de Marchi Passo Fundo, 28 de março de 2011.

Gente cansativa

Gente cansativa

Tem gente cuja maldade é imensurável, inominável. Normalmente são aquelas pessoas que adoram “se fazer” de queridas, de cordiais, de afáveis, e que dizem menosprezar a ingratidão e o desrespeito, isto, claro, quando a “ingratidão” alheia vai de encontro com seus anseios egoísticos. Algumas pessoas se sentem tão superiores as demais, algumas pessoas se sentem, tão moral e espiritualmente mais dignas e respeitáveis, que o orgulho corrompe o pouco de bondade que poderiam, de fato, albergar na alma. Onde essas pessoas estão elas causam discórdia, desconforto, deixam o ambiente pesado, porque querem tudo do seu jeito, não admitem a mínima contrariedade. Desconhecem o significado da palavra transigência e convivência. Suas idéias, seus gostos, seus desejos, devem prevalecer, do contrário, como crianças mimadas; elas começam a resmungar, a chorar, a reclamar sem parar, causando nas pessoas aquela ansiedade iracunda, aquela vontade peculiar de sair correndo e nunca mais voltar. Mas, como todo malandro tem humor, esse tipinho esquizóide de gente faz amizades! Todavia, de repente, sem motivo real algum, porque você não esta com uma amiga legal, porque você saiu com a amiga antipática (que ele mal conheceu), porque você beijou um sujeito numa festa ou bebeu demais (provavelmente porque você estava perdida e deprimida) ele some, sem saber se você esta bem, mal, ou precisando de um ombro. Essas pessoas querem amigos apenas para os bons momentos, querem amigos para fazer volume, querem, de preferência, amigos bem sucedidos, se você não for tudo isso, na menor gafe você é indigna de sua amizade, daí ele lhe mandará queimar fotografias, ou quiçá, nunca contar para ninguém que ocorreu uma pseudo amizade entre vocês. E isso magoa, isso fere, fere muito, faz você se sentir, aquilo que ele realmente pensa que você é: um ser inferior, muito inferior ao poço de sapiência que ele carrega na alma. Povero diavolo!

Cáudia de Marchi

Passo Fundo, 28 de março de 2011.

sábado, 26 de março de 2011

A Cláudia de antes

A Cláudia de antes

E eu que nada bebia, que nunca perdia a plausibilidade e racionalidade dos meus atos, eu que sabia ser puritana nos momentos certos, eu que nunca me embriaguei, para sempre estar no controle, e nunca esquecer de nada que eu tivesse feito; de repente me perdi, me virei do avesso, e, em certas horas me indaguei: onde eu fui parar?
Entre meio a desilusões, a humilhações, a juras de amor insanas, a atos enlouquecedores, a trocas de boas pessoas por outras ludibriadoras, entre meio ao arrependimento que me maltrata dia noite, noite e dia, sigo vivendo e lutando como posso apesar de ter tomado certas decisões (erradas) e colocado fé em quem não merecia.
E é o pesar que me fez ir a busca de tratamento, para reencontrar a “Cláudinha” sempre alegre, sempre sóbria, sempre auto-prevervadora que sempre foi, até alguém tirar-lhe um pouco dela mesma, um pouco do amor e da inocência doce que ela nutria, calada, por si mesma.
Cáudia de Marchi
Passo Fundo, 26 de março de 2011.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O homem iceberg

O homem iceberg

Pois, você chegou e me viu como realmente sou, simples, despretenciosa, espontânea, transparente e, inegavelmente, lógica. Você percebeu tudo e, de repente surgiu vestido com as roupas que eu gostava, com o perfume que me agradava, me tirando para dançar as musicas que eu apreciava.
De repente você fazia tudo o que eu gostava, de repente eras aquele ser agradabilíssimo, porque adequado a mim, no chão, na água, em tudo. De repente você era aquele sujeito encantador que todos achavam que ia além do romantismo aparente, mas que estava envolvendo-se num romance com a tola sorridente.
Mas, num belo dia você acordou, desceu as escadas e eu percebi que as roupas que eu gostava não existiam mais. Não apenas elas, por baixo delas não existia mais um corpo, menos ainda um coração. Naquele dia eu vi em seus olhos um vazio triste e indescritível, e, nas suas atitudes uma frieza de fazer inveja a um iceberg. Uma vontade de sumir e esquecer tudo o que ocorreu, tudo o que fez e a todos que enganou.
Nunca houve coração, nunca houve carinho, nunca houve afeto, nunca houve romance, nenhum beijo sincero, nenhum elogio realista, nenhuma atitude espontânea. Galanteios? Talvez, qualquer coisa que seria feita com qualquer uma. Qualquer uma, por isso nenhum elogio foi sincero, nenhum beijo genuíno.
Romance? Não houve, apenas um engano. Meu, é claro. O iceberg vestido de homem cantando musicas românticas me enganou, e eu, como um pingüim, cai na dança, alegre e faceira. Mas passa, assim como a alegria gerada pela sua falsidade, a tristeza vai passar. Nada como grandes e sofridos enganos para ensinar a gente a ver além do que o “agradável” tente ou possa parecer, realmente, ser.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de março de 2011.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu e o psiquiatra.

Eu e o psiquiatra
Eu tenho sérias dificuldades para lidar com as frustrações. São problemas íntimos de filha única, sempre “exigida”, sempre sozinha, sempre paparicada e sempre muito bem amada. Hoje, pois, sem ninguém para amar, sem trabalho, sem ter onde focar meu imenso mar de energia psíquica resolvi ir a um médico, afinal desde a quarta-feira de cinzas uma maldita dor me cortava o coração.
As perguntas de sempre: relacionamentos, ex-marido, mãe, família, trabalho, escola, e pai. Este magnífico ser sorridente e ausente que Deus colocou em minha vida para eu chamá-lo de “meu”. Eis que, eu choro. Choro muito. Não sei onde esteve meu pai em todos estes anos difíceis que tive, não sei o que é um ombro de pai após a tomada de uma decisão que fez sangrar minha alma um pouco, ou muito. Já nem me recordo mais.
Mas hoje, analisando com o médico que não tenho nenhuma anormalidade de humor, pelo contrário, apenas uma ansiedade causada por problemas afetivos e frustrações, eu pude perceber que, quem realmente deveria procurar tratamento, não vai. Acha-se além e acima de qualquer problema.
Psiquiatras e psicólogos não são para loucos, talvez eles ajudem você, que não sabe aceitar a vida, as diferenças, que não sabe dizer não, que não sabe se posicionar com hombridade, ou se posiciona de tal forma, que machuca a todos, como se fosse Jesus Cristo encarnado a agir com mais maleabilidade e compaixão, a ser franco sem ser letal, e a ser pacifico sem ser covarde e patético.
São os que se julgam “certos” e “normais” que, muitas vezes, acabam com as forças psíquicas, acabam com a energia, com o ânimo e até com a alegria dos que são um pouco mais “normais”. Vida, cada um cuida da sua, escolhas cada um faz as suas, e se faz, nunca é com más intenções, pelo contrário, as pessoas escolhem o que lhes parece bom, ainda que paguem o alto preço da desilusão.
No meu caso, já estou até me acostumando com as frustrações, tenho até um remedinho na bolsa contra a sensação angustiante e dolorosa que elas me causam. Fazer o que se a fase esta pesada a tal ponto, se meus chutes são tão errados que se eu fosse jogador de futebol seria queimado em praça pública? Na verdade, na verdade, me recolhi e desisti de arriscar e de chutar, vou guardar meu coração a sete chaves e jogar a chave fora. Ou melhor, já fiz isso hoje à tarde. Eu desisti.
Quem vai pagar o preço da desilusão, ou qualquer outro, enfim, é quem escolhe. Perfeito ninguém é para julgar, com cátedra, pessoa alguma. Ademais, ninguém vive por ninguém, logo, ninguém tem o direito de interferir na vida alheia e tornar insanos os instintos de quem quer, apenas, viver. Viver bem e alegremente.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de março de 2011.

Intransigentes

Intransigentes
Nunca mensurei qual seria o pior defeito humano, mas, ultimamente, estou verificando o quanto a intransigência é malévola: ela trás consigo a malícia, o orgulho, o egoísmo, a maldade, a intriga e a tolice.
A intransigência causa desavenças, causa mágoas, causa ofensas tolas. O intransigente crê ser superior aos outros, tem certeza que sua moral e seu espírito são superiores, e, assim, parece insano, mentalmente doente e termina por causar moléstia na alma alheia.
Viva e deixe viver, se você não aceita o outro, se cale, se retire, mas não apregoe aos quatro cantos suas razões, isso lhe torna orgulhoso, asqueroso e maldoso. Existe um limite muito tênue entre a razão e o erro, e este limite se chama plausibilidade, irmã do silêncio e filha da racionalidade.
Conviver é transigir: se você não consegue ser transigente, será solitário, este é o preço da soberba, este é o preço que pagam aqueles que acham que sabem mais do que os outros, que são mais cultos, mais justos, ou mais sábios.
A intransigência fere, magoa, faz doer os corações, a intransigência humilha, abate, maltrata. A humildade é o antídoto para a intransigência, porque faz o intransigente ver que, por mais sábio que ele possa ser, ou por mais virtudes que possua em alguns aspectos, ele é apenas diferente daquele que critica, e não melhor, pelo contrário, quanto mais tenta parecer que é superior, mais se inferioriza.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de março de 2011.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Vergonha na cara pós-moderna"

“Vergonha na cara pós-moderna”
A “vergonha na cara” na pós-modernidade me assusta. Na verdade nem sei se é possível chamar de “vergonha” o que me parece ser, apenas, um disfarce hipócrita.
As pessoas não têm vergonha de trair, de enganar, de roubar, de ludibriar os outros, elas têm “vergonha”, isto sim, de serem descobertas, elas temem que a vileza de seus atos seja conhecida pelos outros.E, para tanto, mentem e enganam.
Os indivíduos não se importam com seu caráter, mas com sua reputação, com o que os outros pensam ou irão pensar sobre ele, sobre seu agir, sobre sua personalidade.
Foi-se o tempo em que as pessoas pensavam em agir com nobreza. Hoje elas pensam, antes mesmo de seu agir, em como disfarçar seus erros. Não ocorreu perda da consciência sobre o certo e o errado, apenas, descobriu-se que é possível ser falso, que é possível falar bonito, enganar e pregar moral inexistente em si mesmo.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 21 de março de 2011.

domingo, 20 de março de 2011

Habilidades hipócritas

Habilidades hipócritas

Minhas habilidades hipócritas vão de zero a nada. Eu não consigo elogiar sem ser espontaneamente, não consigo fazer discurso enaltecendo pessoa alguma: a vida me ensinou que ninguém que mereça ser enaltecido o é em palavras. São nossos atos que valem.
Não consigo ser aprazível e simpática, como normalmente sou, com quem me irrita ou me parece inconveniente. Não consigo ver injustiças, falta de decoro e franqueza sem reclamar.
Não consigo interagir aberta e francamente com quem não simpatizo, aliás, sou muito antipática com quem não me afino, não estou na vida para desperdiçar meus sagrados minutos com pessoas que me irritam.
Todavia, sou tolerante. Respeito o ponto de vista alheio, respeito os gostos alheios. Cuido bem da minha vida, não preciso de ajuda para isso, e nem pretendo ajudar ninguém a fazer o que lhe compete.
Eu sou muito pacifica e tolerante com certas diferenças, mas não finjo seu existir dizendo palavras doces e inverídicas: cada pessoa em seu lugar, cada palavra, igualmente, em seu devido lugar.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 20 de março de 2011.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu finjo que acredito.

Eu finjo que acredito.
Eu quero a simplicidade de uma vida tranqüila, eu quero o carinho de pessoas sinceras, quero o amor de pessoas espontâneas, e o respeito de quem sabe se respeitar.
Eu quero as brutas palavras francas e não as melosas mentiras, para as quais eu sorrio e finjo que acredito. Eu não quero mais ter que ouvir gente hipócrita pregando moral que desconhece, eu não quero saber de gente desleal, infiel e infame se fazendo de decente na minha frente.
Eu quero que as pessoas consigam ver que, apesar da cor do cabelo, do vestido, da marca da bolsa, e dos sorrisos constantes existe algo em mim que rastreia mentira, e eu as respondo com sorriso, porque me alegra ver idiotas acreditando que estão me convencendo das asneiras que falam. Ninguém me engana quando mente, ao menos quando me convém fingir que creio no que ouço.
É lucrativo interpretar o papel de boba, é cômico, ou melhor, tragicômico ver a fragilidade dos que temem dizer a verdade e agir com sinceridade, porque seus atos são tão abjetos que eles mesmos sentem vergonha. É patético ver que alguns homens, não tem vergonha de errar, mas de que os outros saibam de seus erros.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 18 de março de 2011.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sustos noturnos


Sustos noturnos
A noite me assusta. Ou melhor, a postura das pessoas na noite me assusta e, até mesmo, me afugenta. Aquela busca insana por um olhar, por um sorriso, aquelas conversas mal estabelecidas em meio a muito barulho e ao fervor de hormônios sexuais, me causa estranheza.
Eu gosto de gente. Eu gosto de conversar. Adoro dar risada e interagir, mas não é sexo que busco quando eu saio. É a boa, simples e velha diversão, esquecida no mundo dos corações carentes e dos corpos insanos por calor. Calor fugaz, relações fugazes, entrega nula.
Não poucas vezes duvidei de minha normalidade, mas hoje me aceito. Sou antinômica, não sou óbvia, sou mais misteriosa do que eu mesma possa saber, mas, como diria a Rita Lee, “não sou freira, nem sou puta”. É só isso que posso garantir ao meu respeito.
Eu sei o que quero, e, com certeza, é algo que vai muito além do que se encontra na penumbra com corpos expostos e sedentos de tudo, de quase tudo, ao menos, claro, por uma noite. No outro dia “tudo” é nada, e o nada volta a valer o que realmente vale: nada.
E, assim, apavorada com as noites de “caçada” humana sigo a minha estranha vida de solteira. Uma vida com a qual, ainda não me adaptei, uma vida que parece que não foi feita para mim, nem eu para ela. Eu admito: Eu trocaria todas minhas noites de diversão em mesa de bar, por noites de diversão acompanhada por quem admira mais as palavras e os pensamentos do que a boca ou o sorriso. Trocaria, com certeza.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de março de 2011.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Se o amor termina, ninguém tem culpa.

Se o amor termina, ninguém tem culpa.

Não existe amor sem doação. De uma forma ou outra todos os amantes se entregam, mudam algum aspecto de suas vidas, revolucionam seus anseios, em muitos aspectos. Por outro lado, não existe amor com cobranças.
Amor é entrega, é uma boa dose de abdicação, de vontades “sem porquês”, de realizações racionalmente inexplicáveis. É difícil saber quando o amor termina, na verdade, o seu fim é verificado indiciariamente, por pequenos detalhes e mudanças.
Uma das quais se chama “cobranças”: no inicio se agia por espontaneidade, carinho, afeição, vontade, depois, quando se analisa todo o amor dado, todas as modificações realizadas, resta um amargor, um arrependimento, um sentimento vazio e um “vitimismo” inconseqüente.
Ninguém pede para ser amado. Ninguém requer a abdicação, as mudanças, a complacência ou o perdão. Quem ama, abdica, muda, cede e perdoa porque quer, porque ama.
O desamor, as frustrações, as decepções e qualquer espécie de dor não devem ser deméritos do (ex) amado. É preciso buscar o equilíbrio apesar da dor, é preciso buscar a racionalidade apesar da revolta: Foi você quem amou, foi você quem escolheu, todavia, escolhas nunca faltam, ainda que seja a desistência. De amor ninguém morre. Ninguém.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 16 de março de 2011.

sábado, 12 de março de 2011

Minhas maiores virtudes...

Minhas maiores virtudes.

“Moça, quais suas maiores virtudes?”. São duas, uma ligada a outra. A primeira se chama pureza, um lado peculiar meu que me faz dar credibilidade ao que ouve, porque eu não minto e julgo os outros por mim. A segunda se chama resiliência.
Hoje eu sofro por paixão, hoje meu coração pode doer, minha alma rasgar, minha mente ficar confusa, hoje posso me sentir um joguete nas mãos de quem me enganou, hoje eu posso querer cama e sono. Hoje eu vivo a dor, sofro com “gosto” e intensidade, porque eu sei que amanha ela passa, então eu choro.
Amanha eu me recomponho. Olho-me bem nos espelho, no fundo de meus olhos e digo: “Nada, absolutamente nada, nem ninguém que lhe fez derrubar uma lágrima serve para você”, e, assim eu saio sorrindo pela vida. Contente comigo mesma, descontente ou, até mesmo frustrada com os outros.Outros que de nada me valem, que nada me valeram.
Os outros não me interessam, nem me importam. Quem me machucou é deletado de minha existência. Existem muitas pessoas boas que me amam,que me admiram, que são francas. Do que me importa quem nada vale, quem sequer marcou a minha essência? Nada.
Eu sou pura, eu sou sincera, eu sou calma, eu tenho fé (ainda) no amor e nas pessoas, mas eu não sou tola, eu tenho intuição e, principalmente, eu sei ser resiliente: Podem rasgar meu coração, podem puxar meu brio, basta eu querer, no outro dia eu volto a ser eu mesma: aalegre, contente, em paz e feliz.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 12 de março de 2011.

Tentações quase irresistíveis

Tentações quase irresistíveis

Não é humano quem nunca desejou algo, um beijo, um, toque, um afago quente, um abraço caloroso, uma sensação, ainda que, "ilusória" de bem querer, de paixão, de entrega, de carinho, quando, por algum motivo, "não pode" dar vazão a tais desejos.
As vezes alguns motivos racionais são aptos a frear nosso instinto, então, me questiono, vale a pena brecá-los? O desejo vai morrer ou vão continuar amanha? A melhor forma de vencer uma tentação, é, sem duvida, entregar-se a ela, apenas assim duas pessoas maduras, resolvem sob o que lhes convém, ou não.
É triste dormir com aquele desejo ardendo, é triste relaxar com a alma pululando de vontades, não existem remédios para amansar nossos desejos, apenas o uso da racionalidade. Mas ele me assusta. Não somos santos, por mais corretos e justos que queiramos ser.
Sempre irá chegar uma oportunidade em que a razão irá se afastar ainda mais, em que o sutil toque na pele, em que o olhar no fundo dos olhos, em que os movimentos atraentes dos lábios farão a tentação ressurgir, e, agora, irá convir escapar?
Valerá realmente a pena fugir de uma tentação que irá reincidir e, quiçá, nos atormentar? Francamente, eu duvido. O que se consegue, única e tão somente é postergar o beijo, as caricias, o envolvimento afetivo e um tanto físico, apenas isso. Ah, eu falei postergar, e não "anular" a realização desejos.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 12 de março de 2011.

sexta-feira, 11 de março de 2011

"Nadas" vagando pela vida.

“Nadas” vagando pela vida.

Quantos seres existem por ai que não passam de intérpretes na vida. Atores de um filme que nunca fará sucesso, atores de um filme que vai findar quando eles estiverem amargando o cachê da solidão e do desprezo alheio.
O que ganha uma pessoa que te engana? O que ganha uma pessoa de coração gélido, de alma fria, que interpreta um ser amável e, por algumas horas, te encanta? Nada, porque o resultado da interpretação comove no ato, mas a pessoa por trás dela desgosta sempre. Basta agir com sua frieza peculiar que o desgosto toma o lugar do encanto para nunca mais deixá-lo entrar.
Quantas pessoas existem por ai que vagam na posição de cidadãos bondosos, ponderados, educados e indulgentes, quando, na verdade, não passam de seres hipócritas, covardes, de atores em ação no palco da vida, de intérpretes que, por mais que tentem cativar certa platéia, jamais conseguirão conquistar o seu real e puro “bem querer”.
Se a alegria desses infelizes é interpretar um papel inquinado de amabilidade para, depois, mostrar seu real amargor e frieza afetiva, deixe-os viver. Infelizes são eles, que vivem num vácuo entre o que tentar parecer que são, e o que realmente são: “nadas” vagando pela vida.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de março de 2011.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Não ouse...

Não ouse...
Não ouse dar atenção para quem não lhe desperta interesse, não ouse dar carinho a quem, no outro dia, não pretender ver, menos ainda, acarinhar, não ouse dar mel, a quem, no outro dia deixará o amargor da estranheza, da solidão, da ausência de doçura.
As pessoas se iludem porque querem? Talvez, mas elas se iludem, principalmente porque alguém dá vazão aos seus anseios, elas se iludem com aqueles que demonstram que possuem o que elas desejam, e, em muitos casos, isso não passa de conversas interessantes, inteligência, humor, afeto e respeito.
Não ouse despertar o afeto, a admiração, o bem querer de quem você não deseja, sequer, querer, isso é muito injusto e um tanto abjeto. Seja leal com suas intenções, seja claro, seja explicito, quem concordar vai ficar, quem discordar vai partir, mas, ao menos, sem dor, sem decepção.
A sinceridade muda tudo, a sinceridade desmistifica tudo. Existem pessoas que são acostumadas e não se importam com falsas esperanças, elas mesmas conseguem inventá-las. Por outro lado, existem pessoas inocentes e francas, que fazem apenas o que desejam, que acreditam nas pessoas e acham que todas são transparentes como elas.
Normalmente é este segundo tipo de gente que padece com as atitudes cordiais, doces, meigas e encantadoras, daqueles que, de uma hora para a outra, resolvem mostrar “a que vieram” e o que “buscam”, e, normalmente, a resposta é “nada”.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 10 de maio de 2011.

A falta de franqueza e a paixão.

A falta de franqueza e a paixão
Não tem graça viver a vida sem paixão, são tão sem graça os dias sem ter o coração batendo mais forte por alguém. Infelizmente, sou uma pessoa que não me interesso por 99% das pessoas que conheço, e o 1% que me resta geralmente é mais complicado do que simples.
Difícil, para mim, não é me apaixonar, mas encontrar alguém apaixonante, que me desperte o interesse, que me chame a atenção. Todavia, os maiores riscos que enfrentamos, além de investimentos na bolsa de valores, é o de nos apaixonarmos. Por quem não devemos, é claro.
A gente reclama da falta de ter quem nos atraia e nos interesse e, às vezes, nos interessamos por quem não esta nem ai em nosso carinho e em nosso afeto, por quem não vê em nós a mesma graça que vimos.
E é assim, que nos tornamos pessoas medrosas. “Por que irei me entregar e me envolver se posso estar sendo deletado da vida alheia num piscar de olhos?”, “por que deixar-me render pelo tratamento cordial e mimoso se ao acordar serei descartado?”. Para nada.
Não adianta, acho que o negócio é blindar o coração, é trocar a vontade de amar pela de trabalhar, o carinho que treme para ser dado por paparicos em bichos de estimação, a fé nas palavras que se ouve pela fé em Deus, porque este sim, nunca nos engana, e as pessoas hoje em dia, até mesmo sem querer, criam falsas expectativas nos corações mais bondosos e inocentes.
Os relacionamentos humanos seriam muito melhores se as pessoas aprendessem a deixar claras suas intenções: “eu quero só sexo”, “eu não quero relacionamento sério”, “eu quero um romance no carnaval, e nada mais”, “eu não quero me envolver e nem amar”. Se a franqueza preponderasse ninguém sofreria injustamente.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 10 de março de 2010.

"Desculpa, mas recém sai de um relacionamento."

“Desculpa, mas recém sai de um relacionamento.”

O bom de ser recém separado são os motes que você adquire para se livrar de pessoas que não lhe interessam psíquica, física ou sexualmente. É uma maravilha o tal do “não estou preparada, acabo de sair de uma relação longa ou complicada”.
Como uma mulher que já se separou três vezes (da mesma pessoa) eu sei bem como funcionam estes motes e, quando ditos para seres inteligentes eles funcionam na hora: O sujeito que de tolo só tem a cara, vaza da sua vida e não aparece nem que você compre o corpo da Juliana Paes e o rosto da Angelina Jolie.
Todavia, este mote pode ser verdadeiro e sincero, ou simplesmente, uma forma mais simples de mandar a “p.q.p.” quem não lhe interessou em nada. Quando é verdadeiro, nele implícito o seguinte: “Eu sai de um longo relacionamento e não estou preparado para nada sério ou meio sério (porque eu amo o meu ex e minha vida esta sem chão na ausência dele, não quero que ele saiba que estou com outra pessoa).
Pois é, este parêntese ai não é dito, mas, para quem sabe ler, um pingo é letra. Essa afirmativa pseudo-inocente é prima irmã daquela "o problema não é você, sou eu". Formas simplistas e tolas de, deixar a sinceridade e a compaixão de lado, e mandar o outro "à". Bem, mandar o outro para onde eu prefiro nem comentar.
Independente de ser verdadeiro ou não, quem ouviu essa afirmativa tosca pode ter certeza, ganhou um fora. Um categórico, óbvio e explicito fora. Mas, não há porque desanimar. É melhor ser excluído do campo de atração dos outros do que ser o povero diavolo que, ou padece de amor pelo ex, ou tem medo de amar novamente, ou não tem coragem para assumir um relacionamento sério com alguém que, quiçá, lhe assuste. É meu caro, é a vida, e é bonita, e é bonita.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 10 de março de 2011.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mal de quarta-feira de cinzas.

Mal de quarta-feira de cinzas.

De repente uma tristeza imensamente grande tomou conta de minha alma. O curioso é que eu não sei ao certo o motivo, mas sei que toda essa tristeza não se opõe a minha felicidade latente, mas a minha alegria costumeira.
De repente sinto um aperto realmente forte e doído no peito, uma vontade grande de chorar, mas, chorar de que jeito com tantas coisas para fazer? Borrar a maquiagem em pleno dia de trabalho não dá.
Então eu penso na noite. Ai, que vontade que caia a escuridão, que o lindo sol do dia se vá, porque hoje, definitivamente, ele não esta combinando comigo! Quero tirar o vestido azul, o batom rosado, quero me deitar e no conforto da minha cama chorar. Chorar muito para ver se o vazio diminui, se a dor passa. Vai passar, ela sempre passou.
Eu, triste? Eu que já chorei mais do que qualquer pessoa que conheço possa ter chorado, eu que já padeci com toda espécie de dor e desilusão, eu que vi meu mundo cair, minha vida perder o rumo, eu que perdi o chão debaixo de meus pés e consegui me recolocar em solo firme, depois de tudo, eu, triste? Não entendo, mas estou.
Deve ser mal de quarta-feira de cinzas. Deve ser mal de garota afobada, deve ser mal de quem já teve o coração estraçalhado, mas nunca se entregou a descrença do amor, deve ser mal de quem tem fé nos homens, deve ser mal de garota teimosa, deve ser mal de garota boba e meio carente, deve ser um mal qualquer. Um mal que me machuca, me confunde e me dói demais.
Mas, seja o que for que esta me doendo por dentro, vai passar. Quem passou por metade do que já passei na vida não se entrega jamais, menos ainda quem passou por tudo que passei. “Ela passou pelo que”? Jamais quero contar, ninguém precisa saber, mas sofri o suficiente para saber que qualquer coisa que me machuque é pouco e vai passar logo.
Eu preciso mesmo é da minha cama, do escuro, eu preciso mesmo é chorar, daí a alma lava e a alegria volta aos meus lábios que sorriem mesmo quando o coração se corta. Apesar da tristeza, o contentamento comigo mesma não passa. O que me dói é um descontentamento com o que não esta em mim e nem vem de mim.
É, deve ser mal de quarta-feira de cinzas, mas amanha o sol vai nascer lindamente e vai combinar comigo, amanha a minha alegria, já restabelecida, com ele, vai brilhar novamente. Amanha é outro dia e, tristeza na minha vida, se afina apenas com a quarta-feira de cinzas. Na quinta-feira ela já terá ido embora. E que chegue logo esta noite, minha cama e minhas lágrimas.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 09 de março de 2011.

A complexidade humana e as diferenças.

A complexidade humana e as diferenças.

Por mais diferente que alguém seja de nós, por mais tolo ou banal que ele nos pareça ser, como nós, ele é um mar de complexidades. Todo ser humano é complexo, as atitudes objetivas e simples podem, apenas, facilitar o convívio, mas, em si mesmo, o homem não é simples.
Pode ser que a pessoa tenha gostos simplórios, pode ser que se traje com simplicidade, que seja avesso ao luxo, sua alma é e sempre será complexa. Complexa, não complicada. Complicado é conviver com as diferenças entre os seres complexos.
“Complicados” são os atos de quem não simplifica suas vontades, “complicado” é o ato de quem quer dizer uma coisa e diz outra, de quem quer fazer algo e faz coisa bem diversa.
Complexa é a alma humana. Complexo é o ser humano que nasce com características inerentes, que se molda com a educação e que por mais estudioso, culto e inteligente que seja, deve aprender diariamente para se tornar uma pessoa melhor.
Inerente a complexidade de cada um estão as diferenças gritantes entre as pessoas e daí, as contrariedades. Cada pessoa é única por mais que possamos- pelas diferenças- achar que alguém é “inferior” a nós, quer pela educação, cultura, forma de pensar e agir.
Não creio que exista inferioridade, creio que existam diferenças, algumas das quais podemos tolerar, outras não. Se quisermos ser felizes e manter nosso equilíbrio psíquico devemos conviver com quem possui afinidades conosco, do contrário, quem se prejudica somos nós, apenas nós.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 09 de março de 2011.

Hipocrisia reinante

Hipocrisia reinante
Ao que me parece a hipocrisia dominou o mundo, ao que me parece a autenticidade deixou de ser virtude, ao que me parece é bem quisto o homem que cerceia seus instintos e desejos para parecer aos outros melhor, enfim, para cativá-los.
Em todos os aspectos da vida humana a sinceridade é valorizada “da boca para fora”: As pessoas gostam das ilusões doces, das aparências inocentes, das palavras pré-moldadas para o agrado, das atitudes contidas para que nenhum ato passível de “mau julgamento” ocorra.
As pessoas gostam das palavras doces e daquilo que aparenta a perfeição, olvidando do fato que, quanto mais “aparentemente adequado” à sua personalidade alguém possa parecer, menos sincero e honesto ele pode estar sendo.
A hipocrisia, a sinceridade, a franqueza, a lealdade, a fidelidade, são virtudes ideais pelas quais as pessoas dizem “erguer” bandeiras de defesa e apoio, todavia, o que lhes cativa e conquista é o seu oposto: os atos dos falsos são, para a maioria, mais cativantes, mais emocionantes.
Felizes, pois, neste mundo de hipocrisia reinante, os maliciosos porque conseguem deixar sua real personalidade de lado para conquistar os pobres diabos que se encantam por belas palavras e atos, ignorando o sentimento que as move.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 08 de março de 2011.

Intuição e outras conjeturas.

Intuição e outras conjeturas.
Tenho em mim tanta pureza e inocência, tanto amor, tantos desejos, tanta alegria, tanta energia boa e forte que às vezes sinto que minha alma vai transbordar. Por outro lado a solidão me assola, porque me faz perceber que ninguém neste mundo me conhece realmente.
Não conheço ninguém que me conheça. Não conheço quem queira conhecer algo mais profundo de mim, algo além das aparências. Não sem ter medo, é claro. O que me mantém inteira na vida, o que mantém meu coração longe do envolvimento com a superficialidade de relações banais e pessoas vãs é aquilo pelo qual outrora eu chorei, é aquilo que foi trauma superado: A dor da desilusão.
Ninguém sabe o que eu passei para ser quem eu sou. Eu não preciso que saibam. Apesar de tanta inocência, apesar da bondade, eu tenho na alma um pouco do gosto amargo das lembranças dos tombos que cai, das mentiras nas quais acreditei, dos engodos que já ouvi, e de tudo que me avassalou, mas jamais me venceu.
O mal que sofri é o bem que me protege de novos erros. O gosto amargo do sofrimento que tive me deram força, me deram esperteza e uma intuição apurada. Apuradíssima, a bem da verdade. Eu sinto a mentira, eu sinto os sentimentos dos outros por mim, e pelos outros.
Eu sei quando tentam me enganar, sei quando eu mesma me engano e sei quando quero ser enganada para aproveitar um pouco o lado “normal” do mundo. Eu não acredito mais nas palavras, eu acredito no que sinto e no que minha intuição fala. Para mim, ela é infalível.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 08 de março de 2011.

terça-feira, 1 de março de 2011

Foi-se o tempo...

Foi-se o tempo...

Foi-se o tempo em que eu guardava os números de telefone dos vários "caras" que se interessavam por mim no meu celular. Foi-se o tempo em que eu tinha muitos contatos no “MSN”, foi-se o tempo em que eu tentava olhar para os lados para ver se eu chamava atenção.
Na verdade foi-se o tempo em que chamar a atenção alheia era interessante para mim e que eu conversava alegremente até com quem não me despertava interesse.
Hoje eu ando focada em coisas muito diversas de romances, de paqueras e flertes que nunca me cativaram. Flertes que ficaram no âmbito “virtual” para o meu ego deduzir: “Eles me querem, eu não”.
A maturidade me tornou objetiva: se eu não os quero, não converso, não dou trela e minimizo minha habitual simpatia. Não guardo telefone algum em minha agenda de celular, e apago pessoas que não me interessam do meu MSN, com exceção dos meus amigos, porque estes me interessam muito ultimamente: Amigos, trabalho e as palavras, claro.
Foi-se o tempo em que beleza, altivez, humildade, simpatia, cultura e respeito, por si só faziam eu me interessar por alguém. Eu ando difícil, um pouco mais dura do que sempre fui. O estranho é que por trás da dureza existe (sim!) uma vontade de amar. A questão é que ninguém esta parecendo “amável” aos meus olhos.
“Como essa mulher é complicada”, pode ser uma afirmativa procedente, mas eu diria que estou, sou e sempre fui complexa, e a maturidade, por sua vez, apenas me tornou mais dona de mim, mais autoconfiante e, portanto mais seletiva. Seletiva como eu pensava que era, mas nunca fui até realmente amadurecer. Até realmente ter errado, sofrido e aprendido.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 1º de março de 2011.