Eu e o psiquiatra
Eu tenho sérias dificuldades para lidar com as frustrações. São problemas íntimos de filha única, sempre “exigida”, sempre sozinha, sempre paparicada e sempre muito bem amada. Hoje, pois, sem ninguém para amar, sem trabalho, sem ter onde focar meu imenso mar de energia psíquica resolvi ir a um médico, afinal desde a quarta-feira de cinzas uma maldita dor me cortava o coração.
As perguntas de sempre: relacionamentos, ex-marido, mãe, família, trabalho, escola, e pai. Este magnífico ser sorridente e ausente que Deus colocou em minha vida para eu chamá-lo de “meu”. Eis que, eu choro. Choro muito. Não sei onde esteve meu pai em todos estes anos difíceis que tive, não sei o que é um ombro de pai após a tomada de uma decisão que fez sangrar minha alma um pouco, ou muito. Já nem me recordo mais.
Mas hoje, analisando com o médico que não tenho nenhuma anormalidade de humor, pelo contrário, apenas uma ansiedade causada por problemas afetivos e frustrações, eu pude perceber que, quem realmente deveria procurar tratamento, não vai. Acha-se além e acima de qualquer problema.
Psiquiatras e psicólogos não são para loucos, talvez eles ajudem você, que não sabe aceitar a vida, as diferenças, que não sabe dizer não, que não sabe se posicionar com hombridade, ou se posiciona de tal forma, que machuca a todos, como se fosse Jesus Cristo encarnado a agir com mais maleabilidade e compaixão, a ser franco sem ser letal, e a ser pacifico sem ser covarde e patético.
São os que se julgam “certos” e “normais” que, muitas vezes, acabam com as forças psíquicas, acabam com a energia, com o ânimo e até com a alegria dos que são um pouco mais “normais”. Vida, cada um cuida da sua, escolhas cada um faz as suas, e se faz, nunca é com más intenções, pelo contrário, as pessoas escolhem o que lhes parece bom, ainda que paguem o alto preço da desilusão.
No meu caso, já estou até me acostumando com as frustrações, tenho até um remedinho na bolsa contra a sensação angustiante e dolorosa que elas me causam. Fazer o que se a fase esta pesada a tal ponto, se meus chutes são tão errados que se eu fosse jogador de futebol seria queimado em praça pública? Na verdade, na verdade, me recolhi e desisti de arriscar e de chutar, vou guardar meu coração a sete chaves e jogar a chave fora. Ou melhor, já fiz isso hoje à tarde. Eu desisti.
Quem vai pagar o preço da desilusão, ou qualquer outro, enfim, é quem escolhe. Perfeito ninguém é para julgar, com cátedra, pessoa alguma. Ademais, ninguém vive por ninguém, logo, ninguém tem o direito de interferir na vida alheia e tornar insanos os instintos de quem quer, apenas, viver. Viver bem e alegremente.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de março de 2011.
Eu tenho sérias dificuldades para lidar com as frustrações. São problemas íntimos de filha única, sempre “exigida”, sempre sozinha, sempre paparicada e sempre muito bem amada. Hoje, pois, sem ninguém para amar, sem trabalho, sem ter onde focar meu imenso mar de energia psíquica resolvi ir a um médico, afinal desde a quarta-feira de cinzas uma maldita dor me cortava o coração.
As perguntas de sempre: relacionamentos, ex-marido, mãe, família, trabalho, escola, e pai. Este magnífico ser sorridente e ausente que Deus colocou em minha vida para eu chamá-lo de “meu”. Eis que, eu choro. Choro muito. Não sei onde esteve meu pai em todos estes anos difíceis que tive, não sei o que é um ombro de pai após a tomada de uma decisão que fez sangrar minha alma um pouco, ou muito. Já nem me recordo mais.
Mas hoje, analisando com o médico que não tenho nenhuma anormalidade de humor, pelo contrário, apenas uma ansiedade causada por problemas afetivos e frustrações, eu pude perceber que, quem realmente deveria procurar tratamento, não vai. Acha-se além e acima de qualquer problema.
Psiquiatras e psicólogos não são para loucos, talvez eles ajudem você, que não sabe aceitar a vida, as diferenças, que não sabe dizer não, que não sabe se posicionar com hombridade, ou se posiciona de tal forma, que machuca a todos, como se fosse Jesus Cristo encarnado a agir com mais maleabilidade e compaixão, a ser franco sem ser letal, e a ser pacifico sem ser covarde e patético.
São os que se julgam “certos” e “normais” que, muitas vezes, acabam com as forças psíquicas, acabam com a energia, com o ânimo e até com a alegria dos que são um pouco mais “normais”. Vida, cada um cuida da sua, escolhas cada um faz as suas, e se faz, nunca é com más intenções, pelo contrário, as pessoas escolhem o que lhes parece bom, ainda que paguem o alto preço da desilusão.
No meu caso, já estou até me acostumando com as frustrações, tenho até um remedinho na bolsa contra a sensação angustiante e dolorosa que elas me causam. Fazer o que se a fase esta pesada a tal ponto, se meus chutes são tão errados que se eu fosse jogador de futebol seria queimado em praça pública? Na verdade, na verdade, me recolhi e desisti de arriscar e de chutar, vou guardar meu coração a sete chaves e jogar a chave fora. Ou melhor, já fiz isso hoje à tarde. Eu desisti.
Quem vai pagar o preço da desilusão, ou qualquer outro, enfim, é quem escolhe. Perfeito ninguém é para julgar, com cátedra, pessoa alguma. Ademais, ninguém vive por ninguém, logo, ninguém tem o direito de interferir na vida alheia e tornar insanos os instintos de quem quer, apenas, viver. Viver bem e alegremente.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de março de 2011.
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