Os motes dos solitários
Ninguém se acostuma plenamente com a solidão sem criar alguns “fantasmas”, sem, de vez em quando, ser um pouco borderlaine: é preciso ser criativo e ter amor próprio para conseguir viver bem e sozinho sem sair mundo a fora fazendo besteiras. Mas eu não falei em perfeição, falei?
Todo solitário é humano, e, obviamente, imperfeito. Logo, é na ilusão que ele foge, que ele se distrai, que ele “passa” algum tempo. Cria uma meta, impinge todas suas forças psíquicas nela, e distrai-se, passam as horas, os dias, os meses, e ele não sente a dor que poderia sentir não fosse a distração que criou.
Como um esquizofrênico, o solitário esperto inventa personagens, inventa desejos, e vai atrás deles, todavia, como não é demente de fato, o faz silenciosamente, para salvar a sua alma da melancolia, não para atordoar ninguém. Ele sabe quando a sua ilusão inicia, ou seja, o que ela tem de real, e quando ela termina: ele a inventa, apenas, para dar um alento ao seu tédio.
E, assim, as pessoas terminam se “acostumando” com a solidão, entre uma “super dedicação” ao trabalho, entre uma paixão inventada, entre metas a serem cumpridas e entre tarefas pessoais a serem efetivadas, o solitário consegue viver sem afogar-se em amargura. É um mote, mas lhe vale a alegria real, ainda que solitária.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 15 de maio 2011.
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