Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A mentira compensa.

A mentira compensa. 

Falar a verdade não é difícil pelo ato de exprimi-la, mas pelos efeitos que ela causa. Mentir, por outro lado, trás efeitos amenos e até mesmo, agradáveis. Seja sincero e arque com conseqüências mais sérias, minta e sorria: quase ninguém se desagrada ao ouvir uma mentira. 
A mentira existe e é popular porque funciona. Se você passar um relacionamento todo mentindo, dificilmente existirão brigas ou qualquer tipo de divergência. Quem mente não diverge, anui. E, anuindo, não gera embates, mas concordâncias, que, claro, tem seu preço. 
Não deve ser muito fácil ser feliz brincando de fazer de conta o tempo inteiro, não deve ser fácil ser feliz se doando tanto para não divergir a ponto de tornar-se uma pessoa que você não é nem nunca foi. Todavia, existem pessoas que preferem assumir este risco, a ser elas mesmas. 
Enfim, de tanto ser sincera sobre meus atos e pensamentos, chego, às vezes, a pensar que a mentira compensa. Por que falar a verdade e ter que aguentar o descontentamento do outro e mil explicações e argumentos? 
Por que ter que aguentar a outra pessoa, aparentemente incapaz de ouvir uma opinião diversa da sua, argumentando a favor de suas idéias, olvidando da sua forma de pensar e, conseqüentemente, de ser? Não é mais fácil dar um sorriso, soltar uma mentirinha e não se incomodar com a outra pessoa? 
Não é melhor fingir que concorda, quedar-se inerte e deixar a outra pessoa comandar um assunto que lhe agrade, afinal, todo ser humano é um pouco vaidoso. A mentira faz bem para a pele! Mentirosos não se chateiam tanto, não entram em discussões, não precisam sentir-se mal por ter dito algo que desagradou ao outro, afinal, nove em dez vezes a mentira favorece a outra pessoa. 
Quase nunca, para não dizer “nunca”, alguém vai mentir para magoar, para afetar negativamente ao outro. A regra é mentir para agradar. E isso faz um belo efeito! Seres humanos costumam apreciar bons elogios, além de gostarem de obter a concordância alheia com as suas conclusões, opiniões e pensamentos. 
É difícil para a maioria das pessoas encarar bem o que lhes contraria, é muito melhor quando os outros concordam com o que dizem e pensam. Logo, para grande parte das pessoas, a mentira é uma dádiva, apesar de elas dizerem que querem ouvir a verdade.  
Se você fala a verdade sobre a sua forma de pensar, a outra pessoa tende a expor os seus motivos por um bom tempo, quase como que dizendo: “Veja bem, a minha opinião sobre isso é mais importante que a sua.”. Então, por que mesmo você insiste em dar a sua opinião verdadeira? A mentira é amiga do silencio: primeiro você silencia e diz um “aham”, depois você estende uma mentirinha dizendo “concordo”. E assim a paz se instala! 
Irrito-me, pois, com este meu habito quase anti-social, de falar a verdade, ainda que educadamente. A vida é, realmente, antinômica, afinal, as pessoas dizem que querem sinceridade, mas não suportam (bem) serem contrariadas, enfim, toleram mais as mentiras do que as verdades.
Cláudia de Marchi
Advogada e cronista

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sertanejos

Sertanejos 

 A verdade é que a maioria das pessoas pode não ter valores pessoais, inteligência e perspicácia suficiente para eleger bem seus políticos ou programas de televisão preferidos, mas existe certa sabedoria por trás da predileção das massas em alguns aspectos. 
Exemplo disso é a predileção popular pelo gênero musical sertanejo. Os cantores deste gênero, apesar dos milhões que arrecadam, conservam uma simplicidade brejeira. E as pessoas sentem isso e se identificam com a sua humildade, afinal, a maioria deles não é filho de dono de gravadora ou gente rica. Vê-se isso no conteúdo da reportagem sobre os cantores sertanejos publicada na ultima revista Veja do mês de janeiro deste ano. 
Enquanto, por exemplo, ídolos de outros gêneros musicais possuem jatinhos, os sertanejos adquirem aeronaves mais simples, mas que aterrissam em qualquer terreno, mesmo tendo dinheiro de sobra para comprar jatos. Eles querem pousar em qualquer lugar do País. 
 As duplas mais antigas e milionárias incentivam as novas, do gênero sertanejo universitário, sem o desejo de “monopolizar” o meio artístico do ritmo. Tentam dar atenção para as fãs, mesmo que às vezes se incomodem, como é o caso do Luciano e do Bruno, sertanejos bem casados, que gostam de agradar as fãs sem que haja desrespeito por parte das fãs mais “assanhadinhas” para com eles e, conseqüentemente, suas esposas. 
 Enfim, as pessoas gostam deste gênero musical e dos cantores pela sua simplicidade, mesmo que ofereçam shows cheios de espetáculos de tecnologia, como é o caso dos da dupla Fernando e Sorocaba, Zezé Di Camargo e Luciano, dentre outras. 
 As letras simples e românticas são a preferência da maioria das pessoas, assim como as mais animadinhas e modernas que, infelizmente, não possuem letra tão bela quanto as mais lentas e imersas em romantismo, pelo contrário, às vezes são estupidamente apelativas (como o “Assim você me mata” do Michel Teló), agradam aos jovens. 
Todavia, o gênero cresceu e as pessoas escolhem as musicas, dentro dele, que mais lhe agradam. O cunho apelativo de certas músicas responde ao anseio dos jovens que estão cada vez mais “sexualizados”, logo, “delícia”, “gatinha assanhada”, “piradinha, dentre outros termos lhes cativam. 
 Não podemos esquecer que estamos vivendo uma era em que jovens com pouca roupa dentro de uma casa se tornam “celebridades” em poucos instantes. O vulgar tornou-se moda, poucos não se rendem a ela. Raras as pessoas ouvem Chitãozinho e Xororó ou “É o amor” em detrimento de “Ai se eu te pego” ou “Humilde Residência”. 
 Diga-se que o bom e velho rock nacional não produz nada tão interessante quando em décadas passadas. Continua tão velho quanto bom. Perdemos grandes artistas para doenças sexualmente transmissíveis e drogas. Os sertanejos, por outro lado, por razões que desconheço, parecem se distanciar mais de certos excessos prejudiciais. 
 Enfim, certo é que, numa analise geral do que os gêneros musicais oferecem é preferível, atualmente, o sertanejo ao funk, rap agressivo, rock pesado ou qualquer musica com letras violentas, sensuais demais e sem sentido. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 30 de janeiro de 2013.

É preciso saber ceder!

É preciso saber ceder!

 Se você não quer ceder, se você é incapaz de ser complacente, de compreender o outro, ou, se impossível for concordar com ele, ao menos aceita-lo, desista de se relacionar. 
 Relacionamentos amorosos exigem muito mais do que amor, desejo e paixão. Eles exigem que você seja capaz de ceder, de recolher suas certezas, de mudar seus hábitos, amenizar suas manias e opiniões em prol do bem estar da relação. 
Você não precisa mudar de idéias, necessariamente, o que é sumamente necessário é aceitar as idéias do outro e, de uma forma ou outra, se adaptar a elas. Sim, é isso mesmo, você precisa ceder! 
Apesar das divergências que lhe irritam, é preciso encontrar uma forma de suportá-las, ainda que seja fazendo um “balanço” para ver se as virtudes e afinidades superam os defeitos do outro e as divergências. Você nunca pensou que matemática ajudasse na sua realização amorosa, certo? Mas, ajuda. Aliás, quando o seu interesse é manter o bom convívio, apesar dos pesares, tudo ajuda! 
Não é preciso fingir, não é preciso fazer de conta que você acha o que o outro pensa ou seus hábitos lindos e adequados. É preciso dialogar, é preciso encontrar uma forma de contemporizar qualquer situação. 
Todavia, um aviso: não seja o único a ceder, tampouco aceite que seja o outro. Relações em que apenas uma pessoa anui com as idéias da outra correm o risco de findar de formas tristes (para não dizer trágicas). Ninguém engole tudo sempre, sem que um dia regurgite. E quando isso acontece a raiva se instala. 
Ceder é preciso, mas com equilíbrio. Quando existe amor, inexiste escravidão, logo, não será apenas uma pessoa que irá se sujeitar a outra. Ambos conversam, ambos se entendem e ambos cedem. Simples assim. Ou melhor, nem tão simples, mas necessário. 
O amor é um caminho, ele não é o trajeto completo. Sem vontade de fazer dar certo, paciência e complacência relacionamento algum se mantém com felicidade e harmonia. 
Se ceder é difícil para você, saiba que o sucesso e a felicidade de seu romance depende disso. Busque uma forma, faça análise, terapia de casal, enfim, dê um jeito. Sem que você reforce a sua complacência sua relação não dará certo. Lamento a franqueza. 
Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 30 de janeiro de 2013.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Asco de discussões

Asco de discussões 

 Não gosto de discussões que se estendem demais. Conversas intermináveis demonstram pouca capacidade de se colocar no lugar do outro e, compreendendo seus motivos, encerrar e superar o assunto. 
Em nenhum relacionamento as pessoas pensarão sempre da mesma forma, logo, manter-se numa discussão buscando convencer o outro é de uma tolice tão grande que beira a crueldade. 
Eu opto por abrir mão de qualquer indicio de razão que paire sobre minhas opiniões. Razões todas as pessoas tem as suas. Ninguém é vencedor em discussões. Logo, opto por não insistir e tentar compreender. Entristeço-me quando percebo que procedo como exceção no mundo. 
 Sou combativa, sei discutir, sei defender o que penso, mas não gosto. Discussões e diálogos intermináveis me fazem sofrer, me causam angústia, me deixam mal. Falar, falar e falar sem que o outro me compreenda me entedia, me cansa. 
 Enfim, quando exponho o que penso e não me sinto compreendida, quando meus sentimentos e idéias não são captados, sinto uma imensa preguiça de falar, de argumentar. Nesse momento um "aham" salva o meu humor em substituição ao meu silêncio.  
Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 29 de janeiro de 2013.

Laços de sangue

Laços de sangue 

 É mais fácil amar amigos, se relacionar com pessoas distantes, procurar novos conhecidos do que compreender e aceitar quem tem o seu sangue. É fácil ouvir quem se conhece pouco, difícil é compreender e amar quem é da sua própria família. 
É dentro das famílias que se dão as maiores divergências. Por ter com o outro vinculo sanguíneo  impera uma espécie de egoísmo: se temos o mesmo sangue, por que ele não é como eu? Afinal, tendemos a achar que estamos certos em nosso pensar.
Por que o outro é mais isso, menos aquilo? Por que os pais têm tanta paciência com ele? Por que ninguém cobra nada dele, por que ele me critica se que ser aceito? Enfim, essas e outras perguntas passam na cabeça de muitas pessoas que tem diferenças com os próprios irmãos. 
 Deus dá o parentesco para que as pessoas convivam com quem não lhe é tão agradável por algum motivo. As provações imperam nesta vida. 
É por isso que é fácil fazer amizades e ter embates dentro de casa. As amizades nascem em dependência de nosso arbítrio, os laços familiares são determinados pelo Criador. 
Todavia, é por tal motivo que devemos nos deter em solucionar os problemas que temos em nossa família, afinal, os laços sanguíneos são determinados pelo criador do universo, é impossível olvidar da sua importância. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 29 de janeiro de 2013.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Porta aberta

Porta aberta 

 Eu sou uma pessoa razoavelmente inocente, já fui mais, mas, sinceramente, pessoas puras de coração não me incomodam tanto quanto aquelas que desconfiam de todos, que vêem maldade em tudo, que não conseguem ver quase nada com bons olhos, que sempre maliciam as intenções por trás das palavras (bondosas, inclusive) dos outros. 
 Dizem que de "médico e louco" todos temos um pouco. Pois é, me parece algo bem doentio a mania de deduzir maldade onde ela não se mostra explicitamente. 
 Agrada-me acreditar no mundo e nas pessoas do meu jeito, embora eu possa me decepcionar às vezes, prefiro a decepção eventual à desconfiança constante. 
Existe algo de neurótico, de psicótico, enfim, de absurdo neste hábito de deduzir o mal por trás de palavras comuns, de diálogos normais, agradáveis inclusive. 
Afinal, por que ver o mal onde ele não está obvio? Essa mania de desconfiar de tudo não traz sofrimento? Não é melhor entender o que o outro diz de forma literal do que presumir que ele fala algo para dizer outra coisa? A “volta” que a mente das pessoas faz para presumir maldade onde ela não existe é muito maior do que a de crer no que foi, meramente, dito. 
Por que, enfim, complicar demais? Para julgar o outro inferior a si próprio? Para sentir-se mais virtuoso? Para colocar-se na posição de vitima que pode fazer o que bem entender para se “defender”? 
Sei lá. Na verdade eu não entendo o motivo que faz com que alguns indivíduos desconfiem de tudo. Pode ser efeito de algum trauma e decepção passadas, enfim. Eu não sei a razão, mas sei que isso afasta as pessoas de bons relacionamentos e de outros indivíduos bondosos. A desconfiança demasiada é uma porta aberta que leva as pessoas a uma vida solitária. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 23 de janeiro de 2013.

Ser diferente

Ser diferente 

 Homens são racionais. Mulheres são emotivas. Homens são mais “isso”, mulheres são mais “aquilo”. Não gosto dessas conjeturas, embora eu não seja tola de achar que inexistem diferenças hormonais, dentre outras, entre os sexos. 
Todavia, creio que, antes de sermos mulheres ou homens, somos todos humanos. E seres humanos possuem anseios parecidos. Todos querem amar e ser correspondidos, todos desejam dormir em paz durante as suas noites, todos querem ser felizes. 
Então, não acredite em dicas que tratam o sexo feminino e masculino como “ETs” um para o outro. Sabe aquela dica de revistinha feminina que diz que a mulher não deve dar segurança ao homem? Isso não funciona, a menos, é claro, que o homem não goste da pretendente e não estabeleça um relacionamento sério com ela. Neste caso, ele não dará segurança à parceira e seria tolice ela agir de forma muito diferente da dele. 
Não afirmo que inexista um fundo de verdade nas dicas de revistas, ocorre que é preciso ser bem racional para analisá-las sem terminar caindo numa furada. Por exemplo, sem que exista um namoro, não convém a mulher ficar ligando para o homem desesperadamente. 
 Aliás, desespero não combina com atitudes de homens ou mulheres. Se a mulher se fizer de difícil, é igualmente tolo o homem ir atrás dela. Espontaneidade é cativante, agora seguir conselhos e se esquecer do que o próprio coração deseja é burrice, tal qual agir baseando em sentimentos, sem pensar antes. 
Homens e mulheres querem encontrar alguém para amar e ser por ele amado. Não existe dica no mundo que faça você encontrar seu grande amor, aquele com o qual você poderá se soltar e ser você mesmo todas as horas. Algumas coisas independem da sua vontade e dos livros de auto-ajuda. 
Todavia, só posso dizer que, quando você confirmar com as atitudes do outro o que o seu coração sente, quando você encontrar alguém que mexa com seus sentimentos e alma, não convém castrar-se, não convém abrir livros e revistinhas sexistas para saber o que fazer. 
Basta ser você mesmo, basta, principalmente, demonstrar o que você sente, afinal, se você quer ser amado, quer, também, se sentir seguro com a outra pessoa, então, saiba que ela também quer isso. Ela é humana, não é um super herói nem uma criatura de outro mundo. 
 Pense nisso e pare de menosprezar o sexo oposto, afinal, diferenças em alguns aspectos não implicam em inferioridade, nem em superioridade. Ser diferente não é ser melhor, nem pior, é, apenas e tão somente, ser diferente. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 23 de janeiro de 2013.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Felicidade e ignorância

Felicidade e ignorância 

 Não escondo de ninguém que concordo com as frases praticamente filosóficas do Dr. House, apesar, é claro, de achar a sua sinceridade demasiada em inúmeras situações. Dentre as várias frases do personagem que uso seguidamente, uma delas é esta: “Se quer mesmo ser feliz, vai ter que aprender a ignorar muita coisa.” 
Ninguém convive com outras pessoas mantendo o desejo de ser feliz se não for capaz de tolerar pensamentos diferentes, atitudes que frustram as suas expectativas e ocorrências da vida que contrariem os seus desejos. 
 A felicidade é privilégio dos ignorantes, enfim, daqueles que, naturalmente, desconhecem algumas coisas ou dos que escondem de si mesmos o que conhecem em privilegio do anseio de ser feliz, de ter ou manter a paz em seu íntimo. 
Pessoas muito “donas de si”, que desejam que tudo ocorra do seu modo e que os outros preencham suas expectativas, costumam se frustrar com freqüência. Costumam ser mais infelizes do que felizes, enfim. 
Da mesma forma que, criaturas demasiado altruístas, que pensam no bem estar de todos, que não se sentem em paz pela miséria dos países menos desenvolvidos, pelas situações catastróficas que se passam no submundo do nosso mundo, não se dão o direito de serem felizes. 
É impossível ser feliz sem ser um pouco egoísta. Diga-se, inclusive que pessoas felizes e apaixonadas possuem mais vontade de espalhar alegria e felicidade para quem não é feliz e contente. Se é preciso um pouco de egoísmo para ser feliz, é verdade que a felicidade torna o homem menos egoísta nos aspectos mais negativos da questão. 
Aliás, todos os sentimentos no mundo, inclusive o altruísmo e o egoísmo, devem ter alguns limites. Pessoas que não se dão ao direito de ser felizes pelas catástrofes do mundo, acabam por demonstrar certa ingratidão com o bom que a vida lhes deu. 
Ignorar muitas coisas para sentir-se feliz não é feio, não é ruim. Feio, por outro lado, é olvidar dos motivos que se tem para ser feliz, por levar tudo demasiado a sério. Sem uma dose de leveza, senso de humor e ignorância ser humano algum encontra a felicidade em si. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 22 de janeiro de 2013.

O limite da franqueza

O limite da franqueza 

 Ser sincero não é difícil, falar o que se pensa sobre os outros, sobre as situações da vida, enfim, sobre qualquer coisa, não é difícil, pelo contrário, é fácil e alivia, é simples, é normal. 
Difícil é conseguir se conter para não magoar aos outros, difícil é deixar de lado a necessidade de aliviar-se em prol dos sentimentos alheios. Falar o que se pensa é fácil, complicado mesmo é se calar por saber que a verdade sobre seu pensar nem sempre é bem vinda. 
A franqueza é saudável, é interessante e atraente, todavia, nem sempre é necessária. Portanto, pessoas francas e transparentes são admiráveis, especialmente quando a sua transparência consegue ser oportuna, ou seja, quando não é ilimitada, inconsequente e, por isso, inconveniente. 
A sinceridade é um assunto demasiado delicado, não à toa, algumas pessoas sinceras são tidas como mal educadas, grosseiras e estúpidas. É preciso ser sensível antes de ser sincero. 
A sensibilidade é capaz de fazer a pessoa ser empática, ter compaixão e, portanto, colocar-se no lugar do outro, pensar antes de falar e sopesar o que pretende dizer antes de “despejar” seus pensamentos nos ouvidos de quem se sentirá ferido ou magoado com eles. 
De nada adianta a franqueza na boca de almas frias, egoístas e insensíveis. Assim como, no mundo jurídico, alguns valores se sobrepõem a outros, como, por exemplo, a vida em relação ao patrimônio, na vida real algumas virtudes se sobrepõem a outras. Sendo assim, a sensibilidade e a compaixão estão acima da sinceridade e da transparência enquanto virtudes. 
De regra, as pessoas sinceras e grosseiras são aquelas que não “filtram” o que pensam colocando-se no lugar do seu interlocutor. Logo, a sua sinceridade se torna vã, para não dizer letal. 
Quem consegue se colocar no lugar do outro reflete sobre os efeitos de suas palavras antes de falar e, seguidamente, optam pelo silencio. Deixam o outro livre para pensar como pensa, fazer o que deseja e viver como lhe convém. Apenas pessoas sensíveis conseguem conter a necessidade de falar o que pensam para não ferir ao outro. 
Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 22 de janeiro de 2013.

Suportável

Suportável 

Dinheiro é bom, porque sem ele você não compra o que deseja, não satisfaz os seus desejos materiais, que, (verdade seja dita) são muitos. Passar por dificuldades financeiras é desagradável, todavia, passar por dificuldades emocionais e afetivas é quase insuportável. 
 Todavia, você suporta as adversidades emocionais, porque é forte, porque precisa e não vale a pena se entregar por carência de afeto, ainda que seja de quem deveria lhe dar, como, por exemplo, seus pais, companheira, enfim. 
 Ocorre que suportar é uma coisa, aceitar é outra. Aceitação envolve empatia. Entretanto, quando você "suporta" algo o faz, de regra, por não conseguir entender a atitude ou omissão do outro e, por isso, você sente dor. 
 Não uma dor física, tampouco aquela dorzinha de cabeça desagradável que você tem quando esta com dificuldades financeiras, mas a dor mais aguda que uma pessoa pode sentir: aquela que afeta sua alma e desconforta seu coração. 
Por outro lado, com algum esforço, você pode compreender o outro, pode usar boa parte de sua energia para entender as suas razões, as suas fraquezas e dificuldades, ato que, certamente, irá exigir que você coloque a sua dor de lado. 
Todavia, colocar os seus problemas, dores e pensamentos de lado é algo difícil para todos os seres humanos. Sem que você consiga superar a si mesmo e compreender aquele que lhe magoa será impossível ter tranqüilidade e ser feliz. 
 Frise-se, porém, que ser mais tranqüilo ou feliz não irá curar as feridas causadas por determinadas pessoas, irá, quiçá, apenas lhe consolar, apenas amenizar a sua dor, desde que, convém repetir, você use sua energia para compreender o que lhe parece incompreensível, mas é, na verdade, suportável. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 22 de janeiro de 2013.

Revolta e felicidade?

Revolta e felicidade? 

Onde existe revolta, inexiste felicidade. Se você quer ser feliz vai ter que aprender a compreender o que lhe causa dor, o que lhe irrita, o que, certamente, lhe é mais difícil de compreender e aceitar. Sem tolerância e paciência é impossível ser feliz nesta vida. 
 Todavia, você pode ser contente e feliz com muitos aspectos de sua vida, mas ter algo que, especificamente, lhe deixa triste. Enfim, quanto a determinado assunto você não é feliz. 
 Ocorre que a felicidade plena requer tranqüilidade e paz, logo, se algo lhe tira a tranqüilidade você não será feliz em relação a ele e gozará de uma felicidade “parcial” o que, sejamos francos, é muito se comparado ao que sente a maioria das pessoas. 
Outra verdade, diga-se, é que a maioria não é mestra em felicidade, sequer em civilidade, educação e cultura, do contrário viveríamos num mundo melhor. Logo, não é preciso comparar-se com os outros, com a maioria das pessoas, mas com o melhor que lhe é possível ser, o que, invariavelmente, irá requerer a sua capacidade de ser empático e, portanto, de compreender quem lhe causa estranheza. 
 Enfim, é preciso ter o desejo de se aprimorar, de se tornar uma pessoa mais madura, mais tranquila  mais pacifica e tolerante, é preciso, primeiramente, querer evoluir e ser plenamente feliz, em segundo lugar, é necessário exercitar a paciência e superar-se aos poucos. O importante é não desistir diante de dificuldades. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 22 de janeiro de 2013.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Valores banais

Valores banais 

 A sensibilidade, a espiritualidade e a inteligência emocional são antídotos contra a futilidade. Pessoas com valores nobres e propósitos elevados não se deixam encantar por banalidades. 
Deixa-se cativar exclusivamente pela beleza, dinheiro e poder quem não tem em si mesmos valores fortes, enfim, quem não valoriza nada além do superficial, do banal. 
As pessoas se encantam por aquilo que elas respeitam e admiram. Seres humanos que valorizam a humildade, a alegria, a compaixão, a bondade, a inteligência e a doçura das pessoas irão valorizar mais as virtudes da alma do que as benesses materiais que o homem possa ter. 
É verdade para o homem aquilo que habita em sua alma, logo, as pessoas tendem a achar superiores os seus valores, independente de eles realmente serem e, por isso, estendem o seu julgamento aos outros. 
Ou seja, pessoas interesseiras e fúteis não conseguem imaginar as outras como seres que valorizam mais a essência do outro do que a sua aparência ou poder aquisitivo. 
 A “realidade” do homem se condiciona a seu pensar, a seus princípios e valores, é por isso que pessoas inocentes e de coração puro presumem a inocência e a pureza alheia, mesmo que ela não exista. 
Por outro lado, pessoas materialistas não acreditam no amor puro e desinteressado, não acreditam na valorização do outro por sua essência e não como um ser belo ou rico. As suas crenças se condicionam aos seus valores. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 16 de janeiro de 2013.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sinceridade e crueldade

Sinceridade e crueldade 

O oposto da crueldade esta longe de ser a sinceridade, mas a capacidade de falar sem ferir, capacidade de saber quando omitir a tal “verdade” para consolar e não criticar ou magoar ao outro. 
A grande questão que circunda o assunto da sinceridade é a verdade, que, diga-se, é algo de uma fragilidade imensa, afinal, cada um tem como verdadeiro o que pensa. E as pessoas tendem a pensar de forma diversa sobre os mesmos assuntos. 
Cada um tem as suas verdades, os seus conceitos e pontos de vista sobre qualquer assunto e é uma tendência humana supervalorizar as próprias opiniões. Existe, portanto, uma verdade para cada pessoa no mundo. 
Então, quando uma pessoa ousa falar a verdade para a outra, ela não esta sendo necessariamente justa, ela esta falando a sua verdade para uma pessoa que, na maioria das vezes, tem a sua. Desta forma, ser sincero é mais saudável para quem fala do que para quem ouve. 
 Quem fala se alivia, desabafa aquilo que tem como certo e verdadeiro, enquanto quem ouve pode se magoar, sentir-se ferido ou contrariado no seu ponto de vista. Sendo assim, será que vale a pena cultuar a sinceridade acima de tudo? 
Não é mais nobre silenciar? Não falar “verdades” ao outro, não implica em lhe mentir, tampouco em dizer o oposto do que se pensa apenas para agradar ou parecer virtuoso, pode implicar, apenas num sorriso afável e no silencio. 
Falso não é o homem que omite o que pensa, falso é o sujeito que fala o oposto do que pensa na frente de uma pessoa e fala mal dela pelas costas. A questão da falsidade esta na intenção de quem omite a verdade sobre o que pensa. 
Quem esconde seus pensamentos para poder ouvir o outro e tripudiá-lo em sua ausência age com certa maldade, com falsidade. Todavia, dizer sempre o que se pensa pode ser um ato mais cruel do que correto. 
Por outro lado, quem fala o que não pensa ou omite o que pensa para não magoar ao outro demonstra bondade e caridade. A famosa franqueza alivia quem fala, não necessariamente quem se torna vitima da pessoa franca, logo, “maquiar” a verdade, ou melhor, o que se tem como verdadeiro, pode ser um gesto caridoso e de pura compaixão. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 15 de janeiro de 2013.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Solidão e riscos

Solidão e riscos 

 Existem três tipos de relacionamentos na vida humana: aquele entre pessoas com várias afinidades e que convivem harmonicamente sem precisarem ceder demais, aquele entre pessoas que pensam de forma muito diferente onde um termina por se escravizar ao gênio do outro e aqueles que, diante das diferenças, terminam, pois nenhum dos parceiros quer ceder e se subjugar ao pensar do outro. 
Não existem muitos mistérios nas relações amorosas quando, existe carinho e atração, mas faltam semelhanças e sintonia psíquica. Enfim, é elementar que este tipo de relacionamento termine ou que alguém tenha que ceder o tempo todo para que isso não ocorra. (E, acredite, ceder um dia cansa até o mais paciente e compassivo dos homens). 
 Nenhuma coisa nem outra é certa ou justa. Quando se trata de amor e relacionamentos não existe o “certo” e o “errado”, existe, isto sim, o que combina melhor com as pessoas envolvidas na relação e o que elas acham necessário fazer para serem felizes. 
Ademais, nem todo ser humano consegue viver bem sozinho. Seguidamente as pessoas seguem a música do Erasmo: “você precisa de um homem para chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu”. Ou seja, vigora no mundo, ainda que tacitamente, o “antes mal acompanhado do que só”. 
Frise-se que o “mal acompanhado” não se consubstancia em estar em companhia ruim, mas estar com alguém que não lhe faz plenamente feliz, estar com alguém com quem se tem embates freqüentemente, com quem lhe atrai, mas não suscita admiração e entusiasmo. 
 Viver só é um risco. Talvez você encontre alguém parecido com você, alguém com que construirá uma relação equilibrada, com cumplicidade e alegria, talvez não. O fato é que só conquista o melhor quem se arrisca a enfrentar o que não é tão bom, a solidão, no caso. 
Com raras exceções, as pessoas que possuem um relacionamento afetivo feliz, harmônico e com muitas afinidades com seu parceiro, são aquelas que não tiveram medo de terminar relações que não lhe faziam plenamente bem por causa da ausência de afinidades. É, meus caros, no amor, no jogo e na vida, só vence quem arrisca! 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 09 de janeiro de 2013

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Provações de virtudes

Provações de virtudes 

 Todo mundo tem um pouco de necessidade de auto-afirmação. Sei lá, deve ser uma necessidade da mente humana para não se sentir muito mal diante da vida e do que lhe acontece. 
 Todavia, tudo o que é demais, sobra! Logo, gente que precisa se elogiar a todo instante desconsiderando as outras pessoas e o valor que elas possuem, termina por se imergir em arrogância.  
E arrogância, orgulho, prepotência e egocentrismo não costumam ser nada agradáveis, por outro lado, são características que terminam “caminhando” juntas. De regra uma pessoa arrogante é orgulhosa e, seguidamente, uma pessoa egocêntrica é prepotente. 
Temos em nós tendências a tudo isso, todavia, estamos no mundo para alimentarmos o que temos de melhor e, aos poucos, aniquilarmos nossas más tendências. “Vigiai e orai”, certo? Vigiemos, portanto, a nós mesmos. 
Ninguém é superior a ninguém, inferioriza-se, porém, o homem que se acha melhor que os outros. O orgulho rebaixa as pessoas. O homem mais culto, inteligente e perspicaz do mundo se torna menos admirável se for arrogante, vaidoso ou orgulhoso. 
Continuará tendo as suas virtudes, mas não com o brilho que possuiria se fosse humilde, gentil e simples. A humildade torna as virtudes mais belas, enquanto o orgulho tira a graciosidade das pessoas, por mais inteligentes e cultas que elas sejam. 
Todavia, o fato é que não existem apenas homens cultos e inteligentes imbuídos de orgulho e arrogância. Existem pessoas sem cultura, sem posses e com inteligência parca, que são orgulhosas e arrogantes. Fraquezas morais não privilegiam classes sociais. 
 Entretanto, é mais comum as pessoas ricas, belas e inteligentes tenderem ao orgulho, afinal possuem atributos que a grande maioria das pessoas estima. É por tal motivo que a riqueza, a beleza, a cultura e a inteligência são espécies de provações das virtudes humanas. Então, como você esta se saindo diante das provas que a vida lhe impõe?
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 07 de janeiro de 2013.

Além das aparências

Além das aparências 

 Pessoas são o que pensam e sentem, não o que possuem e ostentam financeira ou esteticamente. Não simpatizo com a conduta de pessoas movidas pelo interesse nos bens materiais alheios. Gosto de gente simples que afere quem a pessoa é pelo que ela sente, não pelo que tem. 
Poucas coisas são tão vazias quanto uma conta bancária cheia e um coração frio, uma alma seca e uma mente oca. Gosto de bons princípios, de cultura, de espiritualidade, não me importa o cargo, o salário, o carro, a casa ou o corpo. 
Valorizo o que o Governo não tributa e nem ladrões ou intempérie alguma pode levar. Valorizo almas belas e por isso não tenho medo da velhice: o mesmo tempo que trás flacidez e rugas, enche as almas humildes de conhecimento e de sabedoria. 
Vamos enxergar o que esta por trás das aparências, vamos valorizar o que esta por trás do status social, vamos valorizar a pessoa por trás do corpo, o ser humano por trás do estigma de “pobre”, “rico” ou “remediado”. 
 Demos as costas à futilidade que, seguidamente, surge em nós. Superemos nossa tendência de olhar com bons olhos o belo e ignorar o que não é tão bonito. Vamos atrás da beleza que está escondida pela aparência, porque, acredite, é essa que merece o seu valor. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 07 de janeiro de 2013.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Compreensão

Compreensão 

 Você quer ser respeitado, compreendido e amado. Não será o julgamento alheio que lhe fará falta, mas a empatia e a aceitação de você com suas fraquezas e virtudes. 
 O ser humano carece de afeto e de respeito por sua individualidade, afinal os homens não são idênticos entre si. Todavia, apenas o amor e o respeito aproximam e mantêm as pessoas unidas. 
Da mesma forma que, somente um olhar amoroso é capaz de fazer o homem compreender o outro sem ter necessidade de lhe julgar, de lhe analisar ou menosprezar as suas atitudes. 
Quem tem amor no coração compreende e aceita, sem preconceitos, sem julgamentos rigorosos. Não é preciso concordar para ter empatia, basta ter a habilidade de sentir compaixão, de colocar-se no lugar do outro e de respeitar as diferenças. 
As pessoas não almejam coisas muito diferentes no que tange ao convívio humano. Todas querem falar e serem ouvidas, todas desejam sentirem-se compreendidas e aceitas, sem serem julgadas e repreendidas. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.

Emoções humanas

Emoções humanas 

 Não existem pessoas tão más que não tenham algo de bom, nem tão boas que não tenham algo de ruim, da mesma forma que homem algum pode ser tão sábio que não tenha o que aprender.  
Os seres humanos são capazes de sentir qualquer tipo de emoção, das mais nobres até as mais vis. Prepondera, porém, aquelas que são mais nutridas, aquelas às quais direciona maior atenção e energia.
É por tal motivo que existem pessoas mais ternas e positivas do que outras. São estas as que, apesar de serem passiveis de sentirem ira, inveja, raiva, orgulho e outros sentimentos ruins, reprimem melhor os negativos e exaltam, em si mesmas, os sentimentos positivos. 
 São as emoções sentidas e alimentadas pelo homem que norteiam os seus pensamentos e atitudes. Quem nutre más emoções tende a agir pior do que aquele que alimenta bons sentimentos. 
 Não existem pessoas ruins, pessoas egoístas, pessoas invejosas, pessoas arrogantes, pessoas estúpidas, pessoas ignorantes, existem, isto sim, pessoas que estão mais egoístas, que estão sentindo mais inveja, que estão agindo com rispidez. Existe muita diferença entre “ser” e estar e, de regra, quem esta sentindo más emoções não goza de tranqüilidade e paz de espírito. 
 Na vida ninguém “é”, as pessoas apenas “estão”. Basta que mudem as suas emoções, basta que busquem modificar a sua forma de pensar, sentir e agir que logo elas “estarão” de outra forma. Não existe o essencial e totalmente bom ou ruim nesta vida. 
 Logo, é possível mudar, desde que a pessoa se esforce para tanto. Todo mundo muda, desde que deseje, basta que busque sentir boas emoções e que se afaste das que lhe tornam mais frio, pessimista e negativo. Amor gera amor, alegria gera alegria, entusiasmo gera entusiasmo, compaixão gera compaixão, enfim, bons sentimentos atraem bons sentimentos. 
 A vida é uma lousa em branco: escrevemos o que desejamos e sempre teremos espaço para aprendermos mais, para apagarmos pensamentos antigos e ruins a fim de escrevermos novas e melhores lições. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.

Decida

Decida 

 Ter fé em Deus e reclamar da vida são atos que não combinam. Logo, decida quem você é e o que você quer: ter fé e esperança e resignar-se ou duvidar dos propósitos divinos e reclamar das experiências que tem. 
 Tudo o que você passa na vida liga-se ao seu livre arbítrio e a alguma espécie de necessidade. Ou seja, existem caminhos que, ao escolher, você assume o risco do que irá enfrentar, assim como existe um propósito maior por trás de tudo de bom ou ruim que lhe acontece. 
 Você não é vitima de nada na vida, pelo contrário, é você quem decide o que fazer com a dor e a frustração que lhe acometem. Deles se tira a força inerente à experiência e aprendizado ou a amargura que, infelizmente, lhe levará a mais dissabores no futuro. 
 Talvez você não escolha ser infeliz, não escolha chorar ou se decepcionar, mas escolhe o que fazer com o que lhe acontece. Você escolhe quem vai se tornar após sofrer, embora não escolha o sofrimento. 
 Então, se você tem fé em Deus, agradeça a tudo o que passou, pois são os fatos que você enfrentou que lhe tornaram uma pessoa capaz de ser feliz e fazer boas escolhas no presente. 
Nada acontece por acaso, chegará o dia em que você verá que todos os percalços do seu caminho lhe levaram ao destino em que se encontra que, de tão bom, lhe faz rejubilar-se com o que, outrora, era dolorido. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.

Fácil?

Fácil? 

 Ser feliz é bom, mas não é muito fácil. Somos criados para enfrentar dificuldades, superar frustrações, encarar o que é ruim e pesaroso, logo, nos é mais comum a infelicidade do que a felicidade. A primeira requer resignação, a segunda nos pede ação. 
A felicidade traz consigo algumas responsabilidades, afinal, nenhuma pessoa feliz aceita inerte a tristeza de quem lhe cerca. Pessoas felizes são altruístas, sentem vontade de ajudar ao outro, de fazê-lo sorrir, de dar-lhe alento. 
 Por outro lado, pessoas infelizes gostam de falar de si, de reclamar das suas dores. Não se importam se estão sendo grosseiras ou insensíveis, terminam por achar que a sua infelicidade justifica o seu agir e, portanto, pensam pouco antes de falar e tomar qualquer atitude. 
 O infeliz busca a empatia dos outros, o feliz, por outro lado, preocupa-se em ser empático, preocupa-se em compreender ao outro, em lhe estender a mão. 
 A pessoa triste busca uma mão para se agarrar, busca uma escora, um ombro, enquanto a pessoa contente e feliz oferece o seu ombro, oferece a sua mão e afeto. 
 Quem é feliz se preocupa em viver bem, mas também se sente mais tocado pelas dificuldades e pesares alheios, logo, se preocupa mais com os problemas do mundo e de quem lhe cerca. 
Pessoas bem resolvidas são menos egoístas, são mais caridosas e gentis. A vida exige mais de quem é feliz. Quem é triste encontra consolo e se importa menos com quem esta ao seu redor, afinal, imerso naquilo que chama de “problemas”, as dificuldades alheias lhe parecem pequenas e irrelevantes. 
 Logo, ser infeliz é mais fácil, mais leve e mais comum. Diante de uma maioria frustrada e descontente, a pessoa feliz sente certa culpa pela felicidade que possui, a ponto de tentar disfarçá-la diante dos outros que, seguidamente, não suportam muito a alegria alheia. 
 Sabemos lidar melhor com a tristeza do que com a felicidade, porque a preocupação com a infelicidade é sempre tão grande que nos habituamos à idéia de sermos descontentes, enquanto a felicidade é uma eterna surpresa, é aquilo que, de tão bom e raro, nos assusta, mas também nos torna pessoas melhores. 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.

O bom da vida

O bom da vida 

 Chegamos em 2013! Com o início de mais um ano em nossas vidas, retoma a necessidade da renovação de nossa esperança, de nossos sonhos, bem como da construção de novos anseios. 
 Terminei o ano que passou com a certeza de que, acreditando, todos são capazes de conquistar o que desejam. Todavia, é preciso ser forte, é preciso manter-se no caminho do bem e acreditar na bondade, acreditar naquilo que é bom, apesar de qualquer pesar. 
 Só conquista o bem para si o homem que acredita nele. Não importa o quanto você tenha sofrido, não importam quantas decepções você teve, nem quantos rios de lágrimas possa ter chorado, é preciso acreditar nas exceções a qualquer tipo de “regra”. 
 Viver é a arte da superação, mas, sobretudo, é a arte do ter fé na vida e na bondade humana, apesar dos tombos, da falsidade de alguns, das traições e frustrações que determinadas pessoas lhe causaram.
Apesar de tudo que possa ter lhe feito sofrer, existe um mar de possibilidades para lhe fazer sorrir, para lhe fazer feliz. Existem maravilhas, existem pessoas surpreendentemente bondosas e amáveis, todavia, só vivencia a maravilha que a vida é e convive com pessoas ótimas quem acredita nestas possibilidades.
É possível viver a felicidade dos contos de fadas, desde que se acredite neles. Se você perder a esperança, a fé na vida e nos homens não será este o ano em que sua vida será melhor, mais alegre e plena. 
 A sua vida só muda quando você muda, ela só se tornará realmente boa e contente quando você acreditar nisso, quando você se imbuir de bons sentimentos e pensamentos, afinal, só vivencia uma existência feliz, quem acredita no bem e nutre a bondade em seu coração, sem duvidar de tudo e de todos. Enfim, chegou a época de acreditar para realizar! 
 Cláudia de Marchi 
 Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.