Porta aberta
Eu sou uma pessoa razoavelmente inocente, já fui mais, mas, sinceramente, pessoas puras de coração não me incomodam tanto quanto aquelas que desconfiam de todos, que vêem maldade em tudo, que não conseguem ver quase nada com bons olhos, que sempre maliciam as intenções por trás das palavras (bondosas, inclusive) dos outros.
Dizem que de "médico e louco" todos temos um pouco. Pois é, me parece algo bem doentio a mania de deduzir maldade onde ela não se mostra explicitamente.
Agrada-me acreditar no mundo e nas pessoas do meu jeito, embora eu possa me decepcionar às vezes, prefiro a decepção eventual à desconfiança constante.
Existe algo de neurótico, de psicótico, enfim, de absurdo neste hábito de deduzir o mal por trás de palavras comuns, de diálogos normais, agradáveis inclusive.
Afinal, por que ver o mal onde ele não está obvio?
Essa mania de desconfiar de tudo não traz sofrimento? Não é melhor entender o que o outro diz de forma literal do que presumir que ele fala algo para dizer outra coisa? A “volta” que a mente das pessoas faz para presumir maldade onde ela não existe é muito maior do que a de crer no que foi, meramente, dito.
Por que, enfim, complicar demais? Para julgar o outro inferior a si próprio? Para sentir-se mais virtuoso? Para colocar-se na posição de vitima que pode fazer o que bem entender para se “defender”?
Sei lá. Na verdade eu não entendo o motivo que faz com que alguns indivíduos desconfiem de tudo. Pode ser efeito de algum trauma e decepção passadas, enfim. Eu não sei a razão, mas sei que isso afasta as pessoas de bons relacionamentos e de outros indivíduos bondosos. A desconfiança demasiada é uma porta aberta que leva as pessoas a uma vida solitária.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de janeiro de 2013.
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