Fácil?
Ser feliz é bom, mas não é muito fácil. Somos criados para enfrentar dificuldades, superar frustrações, encarar o que é ruim e pesaroso, logo, nos é mais comum a infelicidade do que a felicidade. A primeira requer resignação, a segunda nos pede ação.
A felicidade traz consigo algumas responsabilidades, afinal, nenhuma pessoa feliz aceita inerte a tristeza de quem lhe cerca. Pessoas felizes são altruístas, sentem vontade de ajudar ao outro, de fazê-lo sorrir, de dar-lhe alento.
Por outro lado, pessoas infelizes gostam de falar de si, de reclamar das suas dores. Não se importam se estão sendo grosseiras ou insensíveis, terminam por achar que a sua infelicidade justifica o seu agir e, portanto, pensam pouco antes de falar e tomar qualquer atitude.
O infeliz busca a empatia dos outros, o feliz, por outro lado, preocupa-se em ser empático, preocupa-se em compreender ao outro, em lhe estender a mão.
A pessoa triste busca uma mão para se agarrar, busca uma escora, um ombro, enquanto a pessoa contente e feliz oferece o seu ombro, oferece a sua mão e afeto.
Quem é feliz se preocupa em viver bem, mas também se sente mais tocado pelas dificuldades e pesares alheios, logo, se preocupa mais com os problemas do mundo e de quem lhe cerca.
Pessoas bem resolvidas são menos egoístas, são mais caridosas e gentis.
A vida exige mais de quem é feliz. Quem é triste encontra consolo e se importa menos com quem esta ao seu redor, afinal, imerso naquilo que chama de “problemas”, as dificuldades alheias lhe parecem pequenas e irrelevantes.
Logo, ser infeliz é mais fácil, mais leve e mais comum. Diante de uma maioria frustrada e descontente, a pessoa feliz sente certa culpa pela felicidade que possui, a ponto de tentar disfarçá-la diante dos outros que, seguidamente, não suportam muito a alegria alheia.
Sabemos lidar melhor com a tristeza do que com a felicidade, porque a preocupação com a infelicidade é sempre tão grande que nos habituamos à idéia de sermos descontentes, enquanto a felicidade é uma eterna surpresa, é aquilo que, de tão bom e raro, nos assusta, mas também nos torna pessoas melhores.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 06 de janeiro de 2013.
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