Sobre evoluir.
Incrível
como a gente muda com o tempo! Analisando-me tenho um doce orgulho do que me
tornei! Quando eu tinha 20 anos me irritava quando meu namorado (que tinha 40)
se atrasava do futebol! Irritava-me, porque ele ia jogar bola e não ficava me
mimando! Ora essa, eu era o "suprassumo" do universo, merecia ser abanada
com um leque nos dias quentes, servida com uvas italianas na boca e ter o dito
cujo 24h aos meus pés!
Eu
ficava furiosa com as reuniões do respectivo com os amigos homens para comer e
beber. Fui abstêmia, além de "fitness" (malhava até no sábado, mas,
desde sempre, comia mais que um homem) até meus 27 aninhos e depois de duas
cervejas eu já julgava o meu parceiro como "bêbado", mas não pedia
para ele parar de beber, porque eu até podia ser chata, mas sempre tive classe.
Enfim,
eu era bonita como boa parte das jovens, bochechuda, tinha uma irritante cara
de 16 anos, mas era insegura e arrogante. Disfarçava minha insegurança com
minha capacidade de persuasão: convencia o sujeito que estava correto, de que
ele estava errado e ainda o fazia desculpar-se (coitado!). Hoje não! Se o
cidadão quiser jogar futebol todos os dias, pode jogar.
Se
quiser beber com os amigos diariamente, pode beber. Enfim, além disso tudo eu
achava lindas as declarações de amor que haviam no falecido Orkut. Hoje em dia,
com exceções provenientes de declarações feitas em datas especiais, eu acho um
despropósito as "melações" afetivas- virtuais.
Presenteie
a namorada, fale pessoalmente, mande mensagem, bilhete, flores, diamantes, mas
escrever posts enormes me faz desconfiar que o cara é inseguro, chato, mal
dotado ou que aprontou algo.
Não,
meu romantismo não morreu por completo, assim como o meu "que" de
chata, eles só se aprimoraram. Nada que mais de uma década não faça por nós! Eu
sempre me pergunto o que meus ex da minha faixa dos "inte" viam em
mim, já que eu era abstêmia, mimada e insegura e eles estavam na faixa dos
"enta"! Mulher em forma existe com qualquer faixa etária caso o
requisito fosse beleza!
Concluo
que, ao menos eu era inteligente, de boa conduta, culta e madura em outros
aspectos, eles é que não tinham muita coisa boa para oferecer para uma “balzaca”,
porque quando a gente chega nos 30 e é independente, meu caro, a insegurança
evapora!
A
gente bebe e paga a conta sem se importar com o que os outros vão pensar, deixa
o outro livre para ir aonde quiser (com a ressalva de que, dependendo do lugar,
é melhor nem voltar) e, sobretudo, não se contenta com qualquer um, com
qualquer coisa! A exigência nos comanda, porque, se nuns aspectos a paciência
dilatou com a maturidade, noutros a impaciência e ausência de vontade de ser
pacífica prepondera.
A
mesma maturidade que nos faz pacíficos nuns aspectos nos faz intolerantes
noutros! Ah, uma mulher mais vivida, madura e balzaquiana não se contenta com o
"razoável", com o "bonzinho" nem na horizontal e nem na
vertical! É preciso ser muito homem para ter uma mulher madura, independente,
decidida e bonita, assim como é preciso ter um “h” maiúsculo para agradá-la
fora dos "mimimis" das redes sociais, das palavrinhas doces e da
ostentação de “teres” e “poderes” que as novinhas de hoje em dia adoram ouvir.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 30 de setembro de 2015.