Amores imotivados!
Eu não quero ser amada, porque eu sou honesta. Eu não
quero ser amada porque sou sexualmente seletiva. Eu não quero ser amada, porque
eu sou trabalhadora, esforçada e humorada. Eu não quero ser amada, porque eu
sou muito inteligente e bonita.
Eu não quero ser amada, porque eu me visto bem ou
sou elegante. Eu não quero ser amada, porque eu tenho assunto pra muitas horas
de papo e porque sou humilde e educada no trato com as pessoas. Eu não quero
ser amada, porque sou madura e psiquicamente equilibrada.
Também não quero ser amada, porque sou boa parceira
pra festas, cama e filmes. Não quero ser amada, porque gosto de cozinhar ou
tenho um traseiro firme. Eu não quero ser amada, porque sou carinhosa e alegre.
Eu não quero ser amada, porque não sou interesseira e não gosto ou desejo depender
de alguém. Eu quero ser amada sem motivos, sem explicações e sem comedimento.
Aonde você precisa justificar o que sente, quando
você justifica o “porque” esta com alguém, então não há gostar genuíno, paixão e,
menos ainda amor, há “matemática”, há escolha e eu não quero ser escolhida, eu
quero ser amada e valorizada de forma inexplicável e imensurável sem ser um
mero “acerto de calculo” na vida de quem não “acertou” nas suas contas pretéritas.
Não suporto, portanto, elogios “justificadores”. “Fulana
era assim, não tínhamos como dar certo, você é ‘assado’, mais semelhante a mim.”
Tal papo grotesco me parece algo como: não dei certo com fulana, ela não me
quis, agora resolvi encontrar alguém com mais brio, caráter ou sei lá o que!
Isso não elogia, isso irrita e, inclusive, ofende. Quando
o assunto é gostar, enumerar virtudes em quadro comparativo é um tiro no pé! Um
tiro de canhão, diga-se de passagem, daqueles que leva o pé, a perna e todo o “corpo”
pro “beleléu”.
Certo é que todo ser humano que nutra um pingo de
apreço por si mesmo e vergonha na cara deveria saber escolher com quem se
relacionar. Isso, claro, na fase na conquista, na hora da escolha, naquele
momento em que devemos analisar o que a pessoa faz da vida, a forma com que
vive, seus valores, seu circulo de amizades, suas predileções e sua conduta.
Essa fase, atualmente, vivenciamos de forma “virtual”.
Olhando fotos no facebook, analisando postagens e rol de amigos. Depois disso,
quando nos dispomos a nos relacionar intimamente com alguém, o que subentende o
preenchimento dos “requisitos” iniciais, deverá vigorar o “sem porque”, a ausência
completa de razões ou justificativas.
Quem, após se dar a conhecer intimamente ao outro se
mantém justificando o seu prezar quer se consolar, quer conformar-se com a
escolha diante da frustração pretérita. Não é amor, não é gostar, não é
encantamento, é opção pelo que é mais pratico e mais “correto”, vez que o que
fora amado, não foi correspondido.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 14 de setembro de 2015.
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