Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ode ao casamento II

Ode ao casamento II
Enquanto casada eu fazia ode ao casamento, e continuo fazendo. Com exceção de um tediozinho proveniente da acomodação de um dos cônjuges a vida de casado é ótima, quando há amor, paixão e, claro, muito sexo. Porque me separei? Porque algumas coisas simplesmente terminam, mas que era boa a vida de casada isso era.
Não é a amizade, a cumplicidade, o diálogo nem nada desses enfeites que seguram um casamento feliz, é o sexo. Você pode odiar a forma com que sua esposa escova os dentes, a sujeira que o seu marido deixa na pia, mas se na cama, na banheira, na cozinha, na sala, no mato, no tapete ou em qualquer outro lugar o negócio fluir bem, você vai esquecer aqueles detalhes tolos. Quais eram mesmo?
Irrita-me muito ouvir de pessoas inexperientes e pouco vividas que não querem casar, porque que casamento é “isso”, é “aquilo”, ora, não falem mal da comida antes de tê-la saboreado. Isso é ignorância, preconceito e burrice, porque não sabem o que estão perdendo. O detalhe, é claro, é a dificuldade de se encontrarem- em especial- mulheres “casáveis”, mas isso já não é problema meu (benzadeus!).
O que costuma arruinar com o bem estar da vida a dois é o hábito feminino de achar que, porque casou, adquiriu uma marionete e, assim, cerceia a liberdade do parceiro tentando modificá-lo a todo custo. Na medida em que a esposa se torna chata e irritante o marido se torna igual a ela e assim instaura-se o caos e até mesmo o bom sexo se torna razoável.
Case. Case com a pessoa que despertar o seu amor, case com a pessoa cujo olhar transmite boa energia, cujo olhar tira sua roupa, case com o cara cujo olhar resplandece “eu te amo”, mas, por favor, case com o sujeito que você conheceu, que você aceitou e não tende mudá-lo, pois se assim você fizer, logo, logo os olhos dele irão brilhar por outra.
Casamento é união de quem se dá bem na cama e em alguns pontos fora dela, é união de quem quer ser fiel e leal, e, principalmente, é uma união que só dá certo quando há respeito e aceitação mutuas, faltando isso, nada feito. Mas toda experiência é válida, ridículo mesmo é dar opinião sobre o que não se viveu.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 31 de janeiro de 2011.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Coisas de mulher.

Coisas de mulher.

Há alguns dias um rapaz muito legal me disse que sou exigente por ser escritora. Ledo engano, eu sou apenas organizada e objetiva, gosto de, digamos, “denominar os bois”, detesto ficar no vácuo de incertezas, gosto de saber o que significo para o outro e ele para mim, afinal um “nada” de quaisquer dos lados implica em retornar a boa, porém saudável solidão.
Antes de ser cronista e advogada eu sou uma mulher madura e autoconfiante, nas de carne, osso, coração, hormônios e alma, logo nada me impede de desejar atenção, admiração física e psíquica, respeito e consideração. Não custa nada para o homem que curte a presença da mulher elogiar sua dama que com ele dorme ao invés de falar bem das siliconadas da televisão. Elogio é forma de carinho mais terna que existe, desde que sincero.
Da mesma forma não custa nada ligar, conversar, passear, tomar sorvete de mãos dadas, admitir se gosta ou não da companhia do outro. Não custa nada para pessoa alguma conhecer com mais convívio o outro e não julga-lo sem lhe conhecer muito bem.
Não nasci para relações fugazes e superficiais, ou tem intensidade ou não, porque o risco do desamor chegar existe sempre, em qualquer relação, seja num “ficar”, namorar ou casar, a questão é achar alguém que valha a pena e cultivar a relação com afetuosidade sem tratar a pessoa como uma opção das opções.
Mulheres bem resolvidas querem saber onde pisam, elas não querem mandar, apenas não querem cair na areia movediça de uma paixão não correspondida, isso vale de escritoras a garis, tudo, claro, dependendo de sua auto-estima, mas mesmo que ela exista e seja imensa, carinho e uma dose de romantismo fazem qualquer mulher ansiar ao bom momento de deitar-se com o seu love e se entregar por completo. (Homem que não capta isso deveria mudar de opção sexual, porque "isso" é o básico sobre a alma feminina).
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 30 de janeiro de 2010.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Dormindo com a saudade.

Dormindo com a saudade.

Quem me olha não vê, nem mesmo eu consigo olhar minha imagem no espelho e aferir algo sobre todas as usurpações que sofri, algo sobre a humilhação silenciosa, algo sobre as traições verbais, algo sobre o desprezo, sobre o engano baseado em grandes falácias, algo sobre a dor que cortou meu coração ao meio e quase me enlouqueceu, a dor que me adoeceu. Mas de sorrir eu nunca deixei, a dor pode ser forte, mas ela passa, então jamais podemos nos entregar a ela.
Amor? Não, eu falo de dor, típica e inerente a paixão, o amor não humilha, não massacra, não escraviza, não subjuga. Ao menos eu sinto uma energia jovem vindo de meu coração cheio de planos e, principalmente, cheio de vontade de amar, de amar, de amar, de amar e de amar muito e cada dia mais quem me ame, quem mereça a plenitude da minha doçura e sentimentos.
Quando a noite cai e o silêncio se instala minha consciência me agita, ela me culpa por eu ter judiado dela e de mim mesma com minha teimosia, quando a noite cai. eu reflito, eu me arrependo, eu me agito, eu tento me compreender, eu peço a Deus para que, assim como a felicidade passou, essa dor também passe um dia. Eu peço serenidade, o resto é de minha responsabilidade.
Quando a noite cai, eu me recordo dos bons momentos que passei com alguns dos amores que tive na vida. Homens exemplares, românticos, carinhosos, e então algo volta a rasgar-me por dentro: eu podia ter feito tudo diferente, mas não, eu teimei, eu lutei, fui soberba, desperdicei oportunidades que nunca mais voltaram.
Quando a noite silenciosa chega, eu sinto saudades de mim. Da moça esperançosa, jovem, cheia de ideais, mas ao mesmo tempo ela me revolta porque achava que sabia tudo sobre a vida nos seus vinte e poucos anos, e, na verdade, sabia de pouco a nada, tinha era orgulho demasiado, e por isso quase foi atropelada por um vagão de trem. Um vagão vazio, mas letal.
Hoje eu sei que o amor feliz não requer luta, ele exige apenas união, companheirismo e paciência, amor verdadeiro não precisa ser lutado, basta ser vivido. Agora eu sei, mas vivi muito tempo sem saber, e, assim, na calada da noite eu durmo com a saudade, é ela quem me faz companhia. Saudade não do que eu vivi, mas das oportunidades que desperdicei. Para sempre.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 30 de janeiro de 2011.

O que fica.

O que fica.
Não faça de sua vida uma cartilha de segunda categoria onde você segue princípios que acha que aprendeu em sua pequena vivência. Eu já fui tola a tal ponto e hoje eu sei o que realmente é dor, o que realmente é usurpação e o que realmente o sofrimento pode fazer com um coração humano.
Mas de tudo e apesar de tudo ficou a certeza de que a gente nunca vai se arrepender do carinho que deu, da fidelidade que dedicou, da atenção que dispensou, do abraço apertado que deu enquanto o outro chorava, da admiração que nutriu e demonstrou, dos “eu te quero”, “eu te adoro” ou “eu te amo” que falou.
Pode vir a desilusão, as más surpresas, o que será sempre digno e importante é que fomos espontâneos, seguimos a voz de nossa alma, de nosso coração, porque em muitos casos um “eu te admiro e te adoro” mudam a história de uma vida. Ah, você duvida? Então é porque realmente viveu pouco. Fazer a nossa parte na vida muda tudo, alenta nossa alma quando ela se agita.
A vida esta nos sentimentos que temos, na expressão que deles que fizemos, nas palavras que expressamos, no carinho que doamos, o resto é papo de botequim, o resto é bom, engraçado, mas é perene, passa, e termina quando as luzes se apagam.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 29 de janeiro de 2011.

As mulheres, a segurança e a admiração.

As mulheres, a segurança e a admiração.

A maior ambição de uma mulher não é ser amada, é ser admirada. A mulher se sente bem e deseja por um homem que valorize a comida que ela fez, o zelo com os filhos ou cães, o profissionalismo, o talento para artesanatos, culinária ou outra forma de arte especificamente.
A mulher não quer planos para daqui há décadas, ela quer saber o que farão no sábado à noite para poder escolher bem a roupa, para dispensar as amigas, ou para se reunir com elas.. É tudo simples, a maioria dos homens é que não tem sensibilidade para captar a alma feminina e ainda assim a critica.
Critica por falta de competência para conhecê-la. Alguns homens hoje em dia não querem mulheres, querem bonecas que lhes sirvam quando eles desejam e que, de preferência, nem falem muito para deixar-lhes descansar do porre que tomou com os amigos.
O problema é que nas idas e vindas da vida rola aquela paixãozinha bandida por um sujeito bem humorado que não valoriza nada do que ela fala, pensa, não admira seu trabalho nem seu talento artístico, porque, simplesmente não os entende, não curte, enfim, nem esta ai se ela é uma boa escritora ou atriz, ele nem liga pra isso. Ele quer ela na cama e olhe lá!
E, assim, da mesma forma rápida como surgiu a relação vem a racionalidade (sim, porque uma mulher bem resolvida nunca a deixa tão de lado assim) e faz com que ela diga “tchau”. Depois de tanto sofrer com caras que não admiravam seus dotes intelectuais, a nova mulher quer alguém que a admire por completo.
Mulheres gostam de se sentirem seguras, admiradas, querem saber onde pisam e é por isso que homens que deixam tudo muito ao acaso perdem boas oportunidades, afinal quando o acaso dá margem a insegurança a mulher costuma fugir, é tão mais fácil ser feliz sozinha sem ter ninguém para amar, mas sem ter ninguém que lhe faça pensar “e hoje o que será que vai ser da gente”. Não, não, antes só, relacionamentos sérios ou não precisam de respeito, de atenção e admiração mutuas, se não, porque existirem?

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 29 de janeiro de 2011.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A mulher que cada homem merece.

A mulher que cada homem merece.

A diferença essencial entre um homem jovem e imaturo e um homem realmente maduro é o que lhe faz sentir bem num relacionamento afetivo. O jovem preza pela liberdade exacerbada, por amigos e mais amigos, que quando chegar na fase madura vai ver que dos mais de cem sobraram menos de dois que realmente os estimam pelo que eles são e não pelas cervejas e festas que lhes proporcionam.
O homem maduro aprende isso, e ao contrário do jovem ele passa a dar mais valor ao amor da mulher que cativou, porque é ela quem vai segurar suas barras nos momentos de crise, de mau humor e auto estima falha, em especial quando os tão queridos “amigos” de outrora viram a cara porque você passou por uma crise financeira ou emocional, por exemplo.
O jovem quer uma mulher para transar sem precisar de camisinha, ele não quer amar e nem um amor, o jovem quer passatempo, quanto menos a mulher gostar do rapaz jovem mais admiração ele irá nutrir por ela, afinal, ele preza a liberdade ilimitada, lembram? Então se a moça estiver pouco ligando para eles, se ela não tiver ciúme algum (e, claro, amor algum) eles vão adorá-la: ela não vai ligar, não vai fazer planos para um dia ou final de semana, não vai ficar ansiosa para beijá-lo, não vai fazer nada disso que as que gostam costumam fazer, claro que dentro da normalidade psíquica e afetiva.
Elas jamais vão ligar, mandar mensagem, planejar jantas ou qualquer evento para ficar ao lado do tolinho por quem estão apaixonadinhas, elas vão fazer questão que ele saia com os amigos e lhes deixe em paz, assim elas podem “galinhar” a vontade e paquerar outros bofes. É sempre assim, e os rapazes imaturos se iludem e acham isso o máximo. Você duvida que seja assim, então viva mais uns 10 anos e me conte.
Claro que não vale apenas para os jovens, mas para os homens de pouca sensibilidade em geral, o carinho, a atenção, a vontade de transar, de ficar perto é pouco, o que lhes importa é a companhia dos amigos, o excesso de bebida, a mulher é terceiro plano, e é assim que as que gostam deles, mas mais de si mesmas desistem, e é assim que a maioria fica com aquelas que fingem que gostam e pouco se lixam para eles. Cada homem, realmente, tem a mulher que merece e recebe dela o valor que lhe dá.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 27 de janeiro de 2011..

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Preparada para as relações modernas?

Preparada para as relações modernas?

Se você quer ser feliz o primeiro (se não o único) passo é o de reconhecer os seus limites. Afinal, o que você tolera para viver uma paixão? Você aceita a liberdade do talvez ou precisa saber em que solo esta pisando?
Nestes tempos modernos de relacionamentos descartáveis em que por uma série de motivos imaturos e tolos as pessoas têm medo de se comprometerem umas com as outras essas perguntas aparecem em voga para mim.
Não são todas as mulheres que se sentem bem transando com um cara por dias sem saber se ele é amigo, alguém que transa com você, ou seja lá o que for, até porque esse lance de “ficante” é démodé demais para meu humilde gosto.
Os homens querem dormir com as senhoritas para descansar das noitadas com os amigos, nesse ínterim eles perdem excelentes parceiras, e, infelizmente o fato é que quando eles quiserem uma mulher bela, decente e que goste deles vão se ver numa situação infeliz e incomum (raramente irão encontrar), isso é constatação da realidade, afinal convivi com homens mais velhos durante toda a minha vida. Juventude afetiva desperdiçada, fase madura em solidão. É sempre assim.
A questão é que nem todas as mulheres são acostumadas com relações sem compromisso, nem todas as mulheres conseguem digerir a palavra “amigo” dirigida ao cara com quem elas tem relacionamento sexual e, muitas vezes, emocional, afinal nem todas são vulgares e sem coração.
A cama, a conversa, as afinidades verbais, o sexo, criam apego naquelas que não tem o coração oco (por enquanto) essas são totalmente despreparadas para estes relacionamentos modernos e vazios e devem fugir deles porque certamente já sofreram o suficiente para se arriscarem numa relação sem nome, sem base e sem comprometimento.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 25 de janeiro de 2011.

"Estar a fim."

“Estar a fim”

A mulherada se engana feio nesse mundo de relacionamentos fúteis em quem um bando de amigos interesseiros e uma grade de cerveja valem mais do que uma boa e rara mulher.
Eis que uma menina diz pra outra “ele esta a fim de ti, nem vai lá onde os amigos estão porque quer ficar contigo”. Sim, eu não nego, ele esta a fim dela, mas a fim do que? De sexo com uma guria razoavelmente confiável, bonitinha e que não cobra nada para transar? Sim, isso mesmo.
Sim, minhas caras, na maioria das vezes o cara esta “a fim” disso. Quem acha que o cara gosta da guria de verdade porque deixa os amigos beberrões de lado uma ou duas noites esta enganada.
O cara que gosta liga, cuida, te convida pra sair jantar, te faz carinho, não vira pro lado cheio de tédio porque preferia estar numa junção masculina a estar com você. Querida, abre o olho, estar a fim de ficar é uma coisa e de se entregar e, conseqüentemente, amar, é outra bem diferente!
Se você acha bom ficar escondida com ele transando até ele ter um compromisso mais interessante com os amigos e te deixar a ver navios, tudo bem acredite que ele esta “a fim de você”.
Mas se você se ama e quer muito mais na vida do que essas aventuras primárias, mude de rumo, tem muito cara bom por ai que cansou de “estar a fim” de pirainhas só pra rolar sexo no final da noite e que vai te valorizar e, quem sabe, admirar você e constituir uma relação baseada no respeito e na liberdade individual, sem esse lance de “estamos, mas não estamos, eu não estou preparado pra namorar”. Fuja desse barco furado querida, antes de se afogar.
Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 12 de janeiro de 2011.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu trago comigo...

Eu trago comigo...
Eu trago comigo toda sensibilidade do mundo. Eu sou forte e muito mais sofrida do que meu sorriso possa demonstrar, eu já sangrei demais por dentro diante de desilusões e explorações homéricas, mas, ainda assim eu carrego comigo toda esperança do mundo.
Eu não perco a fé no homem e que dentro deles exista um coração capaz de captar a honradez e o valor de uma mulher que não “pega”, não é “pegada”, apenas se envolve, apenas se entrega, apenas confia.
Eu trago comigo todo desinteresse financeiro, tenho apenas o anseio pelo bom trato, pelas surpresas, pelos beijos inesperados, pelos brindes sem motivo, pelo abraço forte sem motivo algum, por estes atos singelos e típicos de quem realmente gosta de mim,
Estar “a fim” e me querer por querer sem estimar minhas palavras, minhas idéias, minhas escritas, a alma por trás do corpo, é pouco, é muito pouco.
Há de se surgir um sentimento que realmente me valha a pena, que realmente me faça sair de mãos dadas sem soltar, há de surgir algo que nunca tive, um amor de verdade calcado no respeito a individualidade alheia, porque, sinceramente? Eu carrego em mim todo o amor do mundo, para poucos, mas carrego. Eu transbordo carinho, afeto e amor humano.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de janeiro de 2011.

Deixe para lá...

Deixe para lá...

Vivemos na época dos relacionamentos descartáveis, em que as pessoas se tornaram mais substituíveis do que garrafas plásticas e plantas ornamentais, mas, então eu lhe pergunto o que você quer para você?
Você quer ser o passatempo do sujeito que quer transar com você sempre, mas que não tolera e nem sequer pensa em ouvir seus sonhos ou levar você dar uma volta pela cidade e ir ver um filminho em público? Quando o sujeito gosta de você ele quer a sua presença nem que seja para passar a mão no teu corpo, te olhar, apalpar, te sentir. Quando o cara gosta de você ele simplesmente te quer e não te trata como opção dentre outras opções.
Você quer ser um joguete nas mãos do homem que não quer assumir compromisso algum porque prioriza as amizades (amigos “leais” que na primeira oportunidade falam mal dele e mais um pouco flertam com você), os porres e a liberdade plena, inclusive, é claro de flertar com qualquer gostosona acéfala que encontrar pela frente?
Antes de valorizar o sujeito bem humorado, bom de cama e simpático que lhe leva para seu apartamento escondido de todo mundo é bom você começar a valorizar você mesma e o que você quer para você.
Amor, respeito, admiração e atenção, então, pare, analise e escute a voz da sua alma, não vai ser você quem vai fazer o cara que não quer saber de compromisso mudar de opinião, ele só vai mudar se ele realmente amadurecer ainda que seja perdendo uma mulher de brio e caráter como você, então minha querida, esqueça o sujeito, relaxa, viva sua vida com decência que o tempo faz milagres.
Se ele te valorizar e perceber quão rara você é neste mundo de vagabundinhas de bom sobrenome que estão no mundo caçando dotes, se um dia ele parar para pensar que nem sempre as boas oportunidades surgem quando se deseja (mas antes e sem possibilidade de retorno), talvez ainda exista tempo de ele fazer as coisas mudarem, ou não, mas quem é que sai perdendo? Ele, minha cara, ele, então desencana porque quem merece você um dia vai surgir e vai ter olhos e atitude para assumir a jóia que encontrou neste mundo de bijuterias de quinta categoria.

Cláudia de Marchi

Que saudades do romantismo!

Que saudades do romantismo!

Como faz falta o romantismo neste mundo de Peter Pans, como faz falta o romantismo neste mundo de relações descartáveis, em que se deseja uma pessoa na cama e em seguida a plena liberdade para ignorá-la e fazer apenas o que lhe aprouve.
Como faz falta o romantismo neste pérfido mundo de “solteiro sim, sozinho nunca”, como faz falta o romantismo para que se sinta um coração quente e pulsando por baixo do decote e dos seios fartos que, hoje são mais valorizados do que a alma que abrigam,
Como faz falta andar de mãos dadas, trocar beijos na praça, receber um botão de rosa ou qualquer modesta lembrancinha despretensiosa, como faz falta o elogio sutil, o aperto de mãos, o carinho em público, o olhar admirado e terno, céus, como faz falta uma dose saudável e real de romantismo para animar os relacionamentos hoje em dia!
Mundo da ganância, mundo da objetividade, mundo do “se quer, quer, se não quer se dane”, como faz falta um abraço forte, um elogio, um gesto de carinho. Todavia, os homens olham os corpos na televisão e os elogiam, mas não a mulher que esta ao seu lado, e é assim, que, pouco a pouco elas cansam, elas vão embora, ou, elas simplesmente, arrumam um outro cara que valorize a elas que são de carne e osso e não ajustadas por ângulo de câmara de vídeo.
Fazem faltas as rosas, os jantares em restaurantes legais, faz falta o apreço do sujeito por uma mulher só, o olhar admirado, o diálogo, o carinho e o simples sentir-se bem na presença do outro. Sem romantismo, definitivamente, relacionamento algum tem graça. Não para mim.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de janeiro de 2011
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Se conhece quando é ex".

“Se conhece quando é ex”.
Você tem dois momentos oportunos e ideais para conhecer a pessoa para a qual você vai dar amor, carinho, e toda espécie de bons sentimentos, a pessoa, enfim, com quem você pode casar.
O primeiro momento é antes mesmo de beijá-la, é antes de ocorrer o interesse mutuo ou o interesse dela por você, são naqueles momentos espontâneos em que você age despretensiosamente e ela também, não há flerte no ar entre vocês, este é um bom momento para analisar a conduta do futuro pretendente.
Cada um agindo sem a intenção de fazer “bonito” para ninguém, cada um sendo o que realmente é. Outro momento interessante, mas menos leve, ou melhor, bem pesado e inquinado da dor de experiências frustradas é o momento posterior a separação, aquele momento lamentável em que o príncipe não vira sapo, vira girino, um agitado, feio e desengonçado girino.
Se você tiver sorte não vai ter que ver quem realmente é aquele sujeito que cortava os melhores pedaços de carne para você, que te paparicava e dizia como seriam lindos os seus filhos com seus lábios carnudos e sorriso estampado na cara. Você, mesmo que não queira, vai ouvir falar sobre os atos daquele que dizia que ia morrer sem você, e vai conhecer, então, quem é (e sempre foi) a pessoa para quem você deu seu coração numa paixão juvenil e tola.
Sim, quem é, pois quando a pessoa esta com você afirmando te amar ela pinta um quadro cor de rosa sobre seu passado, sua forma de pensar e sua vida para que você olhe tal pintura e sorria com admiração para quem a fez. Você inocente e apaixonadinha vai acreditar nas palavras que o sujeito lhe diz e só o tempo, o dia a dia, e uma análise muito minuciosa do vácuo existente entre o que se afirma e a forma que se age é que vai abrir seus olhos.
Após isso, vem o tempo, o melhor amigo dos que sofrem, o melhor amigo dos que foram ludibriados e sentiram dor, vem a vida cheia de surpresas e você- que merece- logo se reergue e encontra um novo amor, e, nesse ínterim vai sabendo de fatos sobre seu “ex” que mostram como você foi enganado e, assim, fica sabendo quem realmente é aquele que um dia você chamou de “seu”.
Se vai bater um arrependimento forte e dolorido? Se você vai sentir vergonha dos atos daquele que jurava lhe amar, ou melhor, se você vai se maldizer com vergonha di se mesma por ter acreditado cegamente nele? Se vai doer fundo na alma um misto de raiva de si mesmo e desprezo? Claro que vai, mas tudo, absolutamente tudo passa. Vai passar.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 20 de janeiro de 2011.

O preço do amor na era da ganância.

O preço do amor na era da ganância
Sabe qual deve ser a base de um relacionamento fugaz? Atração física e sexo bom. Sabe qual deve ser a base de um relacionamento sério? Atração física, sexo bom, admiração, fidelidade e respeito, o amor é algo definido a parte porque nem todos que se relacionam seriamente gozam de tal iluminado sentimento.
A base do amor é esta: admiração, confiança, cumplicidade, respeito, lealdade e, claro, sexo ótimo, se não é “amor demagogo” e isso não serve para ninguém, só, claro, para quem tem problemas em tal “área”.
Creio que eu não esteja falando novidade alguma, mas eu vejo que as coisas não são assim como eu penso no mundo atualmente, as gerações de hoje mais do que as anteriores deixaram o sexo bom de lado, tanto para os relacionamentos fugazes quando para os sérios, e inseriram o fator “estabilidade financeira”, ou mais especificamente, o dinheiro para constituir a base de suas relações.
Não importa se não rola a intimidade bem o importante é que o sujeito seja abonado. E eu sinto uma pena das putas, sim, das senhoras que vendem o corpo e o seu melhor por dinheiro e são mal faladas, criticadas e desvalorizadas. O que diferencia a prostituta da zona dessas meninas bem criadas que procuram um sujeito rico para lhes tratar como bibelôs? O preço, apenas isso.
Algumas são mais baratas, outras são mais caras, algumas tem curso superior e berço de ouro, outras não. A questão real neste mundo de mulheres que querem dinheiro e não homens (e o universo de coisas boas que eles podem oferecer numa cama, por exemplo) não é o preço pelo qual elas se vendem, a questão é se elas se entregam valorizando o dinheiro ou não? E na minha humilde opinião namorar ou casar com um cara que cuja maior virtude os bancários são quem sabem é colocar não apenas o corpo, mas a juventude, o brio e a vida a venda.
E os homens que compram carro caro, saem ostentando dinheiro na noite e se gabando sobre seus pertences para acharem a mulher “mais gata” que em são vão entendimento de ser semi acéfalo são “as melhores”? Tais quais os homens que vão a zonas de meretrício sabendo que o prazer que ganharão depende do dinheiro que irão investir, esses caras querem (e merecem) este tipo mesmo de mulher: sem muita alto estima, superficiais, enfim “prostituta de família”.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 20 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Até quando?

Até quando?

Até quando você vai ficar com quem não te faz feliz? Até quando você vai fingir que aquela pessoa não lhe cativou? Até quando você vai fugir do compromisso? Até quando você vai ficar compromissado e triste?
Até quando você vai ouvir o que não quer, falar o que não deve, se exceder e lutar pelo que não vale a pena entrando numa guerra fria e silenciosa contra você mesmo enquanto você busca os inimigos fora de sua alma?
Até quando você não vai assumir o que é por medo de ter chamado de vil? Até quando você vai arrotar virtudes enquanto digere seus defeitos no silêncio amargo de seu quarto enquanto o cansaço não lhe vence?
Até quando você vai agüentar a falsidade dos “queridos”, a ilusão dos “eu amo você e isso nos basta”? Até quando o comodismo vai falar mais alto que o amor próprio e do que o doce gosto da paz? Até quando você vai trocar o duvidoso pelo certo assinando atestados de covardia?
Até quando você vai deixar de arriscar por medo de se machucar? Até quando, enfim, o medo vai ser um obstáculo à sua paz e a sua felicidade? Até quando o medo vai lhe fazer sofrer antecipadamente?
Até quando você vai trabalhar onde não gosta, fazendo o que não curte usando seu salário sirva para gastar e pagar um psiquiatra? Até quando você vai colocar a sua descoberta nas mãos alheias olvidando de se auto-analisar, respeitar e perdoar?
Até quando você vai votar em candidatos sem refletir sobre o seu papel de cidadão? Até quando você vai falar mal de políticos larápios enquanto mente quando pode para namorada, mãe, esposa ou irmãos?
Até quando você vai criticar os administradores desonestos enquanto tenta burlar a lei sempre que pode? Até quando você vai procurar o pecado e o erro fora de si, quando na verdade a beleza ou a ausência dela sempre esta (ou deixa de estar) nos olhos de quem vê?
Até quando você vai ficar na posição em que estas sem buscar algo que lhe preencha o vazio da alma, sem brigar pelos seus sonhos, sem correr atrás de suas metas? Até quando você vai anular a sua vida em prol de algo que não vai valer a pena? Nada vale a pena quando deixamos nossa alma em segundo plano, então, até quando você vai ficar nessa indecisão?

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 18 de janeiro de 2011.

Os incomodados que se retirem.

Os incomodados que se retirem.

Desista de quem precisa dizer que vai mudar para ser amado por você. O amor genuíno não faz esse tipo de imposição, o amor acontece naturalmente porque existe admiração e afinidades. Isso apenas, nada mais.
Pode ser que a pessoa que deseje sua mudança esteja certa, pode ser que não, pode ser que você viva em erro e o outro deseje o seu bem, mas, e daí? Você é o que é e só deve mudar quando aprender o suficiente para tanto.
Você é grosseiro, não sabe dar amor? Você tem ciúmes patológicos, age como esquizofrênico ou psicopata atrás da presa? Não importa, não diga que vai mudar para alguém querer você de volta, ou simplesmente para querer você. Você pode se tratar, mudar, e ainda assim o outro pode deixar de lhe querer, é a vida.
Da mesma forma você que namora o sujeito estranho, egoísta e enciumado: Desista! Não peça a ele que mude, é perda de tempo. Ele não vai mudar e, ainda que mude, você vai desistir porque é cansativo gostar de uma parte do bolo e não do todo, não é todo dia que você terá paciência para separar o pão de ló do creme, e quando isso não acontecer você pode amargar uma bela indigestão.
A ordem da boa convivência é a seguinte: os incomodados que se retirem. Não importa se o outro está certo é crucial para a vida humana que isso seja aprendido, a questão não é estar correto ou não, a questão é que nenhum relacionamento onde a duração e mantença dependem da mudança de alguém pode dar certo. E, repito, isso independe da verificação de quem tem razão.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de janeiro de 2011.

Os sem vergonha

Os sem vergonha

Algumas coisas e pessoas são vergonhosas. Não sei que mecanismo é esse que nos faz sentir vergonha pelo ato alheio apenas pelo fato de sermos do outro conhecidos, amigos, ou “ex qualquer coisa”, mas fato é que quem tem vergonha na cara a sente e quem não tem jamais irá sentir.
É, meu caro, vergonha na cara deveria ser como transfusão de sangue, os que têm demais deveriam ceder aos que tem de menos, ou aos que simplesmente nem sabem o que isso significa.
Deve ser triste ser o tipo de pessoa que faz todo o tipo de ato esdrúxulo, que fala asneiras homéricas, que vive pisando na bola, todavia, tenho certeza que as pessoas que agem desta forma dificilmente se tocam do quão vergonhosas são. Elas não têm isso que se chama “noção”.
Algumas pessoas são totalmente desprovidas da noção do que são e do que representam, da noção de amor e respeito próprio e ao próximo, da noção do que é grotesco ou ridículo, da noção do que é ilícito, injusto, imoral e indecoroso, enfim, da noção do que é certo ou errado.
Se é triste ser uma pessoa sem noção eu não sei, mas que é triste conviver com uma- ainda que por pouco tempo- eu sei que é. É triste ter tido laços e vínculos com pessoas sem vergonha na cara, porque toda a falta de escrúpulos que elas não têm você tem e termina sofrendo por ter se envolvido com um ser humano sem noção.
É, é a vida meu amigo e algumas coisas nunca mudam, não existe um banco de doação de vergonha na cara e noção de boas virtudes, então o certo mesmo é acelerar e fugir de gente assim ou tomar alguma coisa para deglutir a vergonha do outro que lhe causa gastrite e dor de cabeça, pelo que sei um analgésico, ansiolítico ou antiácido costumam ajudar.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de janeiro de 2011.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sim ou não?

Sim ou não?

Como teria sido a sua vida se você tivesse dito não quando disse sim, ou sim quando disse não? São três silabas em cada palavra que podem mudar nossas vidas, podem amenizar ou majorar nossa dor, nosso desconforto existencial gerado por nossas próprias decisões.
Cedo ou tarde todos precisam usar essas palavras diante de alguma situação relevante, todos, um dia, ficarão frente a frente com a tomada de uma decisão para a qual o “talvez” não serve como resposta.
A vida nos pede sim ou não? Você vai pegar ou largar? Você quer ou não quer? Todavia, a gente só pensa em como teria sido nossa vida se a resposta fosse outra quando ficamos frente a frente com a dor, com a angústia.
Não foram poucas as vezes em que escrevi que o homem deve “aprender com” e não se arrepender das decisões que toma. Não nego que esta afirmativa seja verdadeira, mas daí a ser realmente praticada existe uma grande diferença.
Diante do sofrimento nossa mente se perturba, nosso corpo se retrai, nosso coração pulsa mais forte, nossa respiração perde o compasso. Nessas horas de dor, não conseguimos pensar que evoluímos e no que aprendemos com nossas escolhas para não nos arrepender delas. Sorrateiramente o arrependimento rasga nosso peito e nos perguntamos: “O que seria de mim se eu tivesse tomado outra decisão?”.
O livre arbítrio é, pois uma dádiva e uma praga que Deus deu aos homens. Não podemos nos erigir contra os deuses quando nos arrependemos de nossas decisões. Nós decidimos, nós escolhemos e, portanto, nós amargamos a dor do arrependimento com certas escolhas (mal feitas). A intenção era boa? Sim, mas o resultado não foi, do contrário não sofreríamos.
Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 14 de janeiro de 2011.

O ser e o "querer ser'.

O ser e o "querer ser".

Ter defeitos não é o problema, mas achar que não os tem ou querer aparentar possuir virtudes inexistentes, sim. Pior do que ser volúvel, pior do que ser vagabunda é ser uma falsa santa, uma pseudo-puritana, pior do que ser ignorante é ser um falso sábio.
Pior do que ser infantil é ser um falso “ser humano maduro”, pior do que ser ateu é ser um falso crente, pior do que ser ríspido é ser um falso sentimentalista, pior do que ser pobre é ser aquele que aparenta ter bens e boa renda, mas não tem!
Pior do que amar a pessoa errada é tentar convencer a todos que tal ser é perfeito, é um exemplo de “boa pessoa”. Pior do que ser vadio é ser um falso “trabalhador”, pior do que ser infeliz é ser um “bobo da corte” no mundo, fingindo alegria e tentando demonstrar uma felicidade inexistente para os outros.
Pior do que ser fútil e superficial é ser um pseudo-intelectual, pior do que admitir ser interesseiro é ter um discurso de ser humano auto-suficiente, mas sonhar em ser dependente de pessoas abonadas, pior do que ser caloteiro é ser um falso “homem honesto”.
Enfim, muito pior do que assumir para o mundo quem realmente se é e ser honesto consigo mesmo é tentar enganar a todos com virtudes e valores que não se possui.
A vida ensina a quem quiser que entre o que o homem é e o que ele deseja aparentar ser existe um grande abismo, feliz aquele que não se engana com tal imagem e cai nele, mas, se cair ainda é possível se reerguer, triste mesmo é ter este abismo dentro de si.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 13 de janeiro de 2011.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Foi por medo...

Foi per medo...

E foi por medo de sofrer, que ela sofreu, e foi por medo de amar, que ela amou, e foi por medo de ser quente, que ela ferveu, e foi por medo de se entregar, que a vida a levou, e foi per medo de errar a estrada, que ela se perdeu.
O medo não leva a lugar algum. Ela sabe disso. Ela sabe que o medo a leva de um ponto ao outro do que ela teme sem lhe deixar imune aos fatos temidos, o medo não a protege, o medo a expõe, mas ela sofreu, e inventou medos que não tinha.
Ela não é covarde, ela se tornou assustada, porque foi sem querer se envolver que ela se envolveu, foi sem querer magoar que ela magoou, e foi sem querer ser a ferida que ela foi atropelada, cortada, foi sem querer ser sozinha, que ela se trancou em si mesma.
Ela tem medo de sofrer porque já sofreu demais, o único medo que ela realmente tem é de errar de novo, se enganar de novo, sofrer de novo, qualquer um dos outros medos são pouco perto deste, porque este é o seu maior receio, é o sofrimento que lhe assusta, a idéia de mais lágrimas caindo a apavora.
Imaginar-se em dor aperta seu coração, mas, ora essa, se pensar em sofrer já lhe causa sofrimento, então por que ter medo, por que imaginar, por que ter receios? No fundo ela sabe muito bem disso, mas, ainda assim, é por medo de sofrer que ela sofre.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 12 de janeiro de 2011.



terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A pessoa errada

A pessoa errada

Eu não sei se é triste amar e não ser correspondido, mas catedraticamente eu sei que é péssimo apenas gostar da pessoa errada. Não pelo fato dela não gostar de você, ela pode até gostar, o problema é que ela não é para você e você não é para ela. Nunca será.
Entre você e a pessoa errada para você existem diferenças pequenas ou imensas, mas aquele tipo de diferença que afeta demais o convívio, o relacionamento: você quer cama, ela quer sofá, você quer festa, ela quer dormir, você quer empreender, ela só quer te prender, você quer sexo, ela só quer carinho.
Em alguns casos as diferenças são tais que a pessoa errada jura que lhe ama, mas não valoriza nem os seus pequenos, nem os seus grandes atos, a pessoa errada lhe estima por motivos que nem mesmo você sabe, mas ela jura de pés juntos que lhe ama. Mas será que juras, promessas e afirmativas deixam de fazer dela a pessoa errada para você? Claro que não.
Eis que ser correspondido ou não, não é o problema, complicado mesmo é se doar, é ajudar, é, pois, estimar em demasia, estagnar sua vida, mudar seus planos, fazer de tudo por alguém que jura morrer de amores por você, e que todos vêem (menos você) que, apesar disso tudo, ela é apenas e tão somente a pessoa errada para você.
Você pode tentar uma vida inteira conviver com a pessoa errada, o convívio vai ser difícil e na velhice a intolerância vai aumentar e pesar ainda mais. Todos sabem que você irá sofrer, mas você não, nem quer saber, se não bastaria desistir, recolher-se, recomeçar, porque quando você menos esperar aparecerá uma pessoa mais adequada a você.
Se vai ser “a pessoa certa” eu não sei, não acredito em certezas quando o assunto é amor, acredito apenas em admiração, cumplicidade, afinidades e tolerância. Na verdade desde que esta outra pessoa não seja a errada para você ela poderá lhe fazer muito feliz porque você vai completá-la e ela vai completar você. Simples assim, mas sem nenhum erro no meio.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Que mundo é este?

Que mundo é este?
Em que mundo você vive garota? Que mundo é este em que se dá tanto aos seres humanos, que mundo é este em que há tanto entrega de alma quanto de corpo, que mundo é este que o homem é levado a sério e seus sentimentos respeitados?
Que mundo é este em que o caráter é mais valorizado do que a conta bancária, a simpatia mais valorizada do que o dinheiro, o respeito mais valorizado do que o orgulho, garotinha, me responda, que mundo é este?
Que mundo é este em que a espontaneidade fala mais alto do que o falso pudor, em que a honestidade vale mais do que o luxo, a modéstia mais do que a aparência? Que mundo é este em que se deixa a estabilidade de lado em prol de sonhos, em que se deixa o notoriamente certo pelo duvidoso?
Que mundo é este em que as pessoas são mais estimadas do que seus pertences, que mundo é este que não se escolhe pelo mais caro ou mais belo, mas pelo mais simplório e agradável? Menina, você pode me responder em que mundo você vive?
Que mundo é este em que se fala o que pensa, em que se age com base nos sentimentos da alma, em que a sinceridade ainda existe e o amor é uma meta ainda acreditada?
Aliás, que mundo é este que mesmo depois de tanta dor e decepção, de tanto engano e ilusão você ainda tem fé no amor e esperança na bondade humana? Garota, que mundo você vive, você é tola demais ou não tem malícia alguma para viver no mundo real?
Que mundo é este em que as pessoas se relacionam com respeito e não se “usam” como preservativos que nascem para serem utilizados e descartados? Que mundo é este que a futilidade ainda não dominou, que a vaidade ainda não contaminou e que nem mesmo os elogios envaidecem o espírito? Aliás, que mundo é este em que se valoriza a alma e o espírito mais do que a beleza física?
Francamente menina, eu não sei que mundo é este em que você vive, mas sei que ele não é o mundo real, ele é apenas o seu mundo. Eu queria lhe dizer, “garota, cai na real e desce pro planeta terra”, mas não posso, porque este seu mundo é o meu. Se lhe serve de consolo menina, eu lhe entendo, porque eu sei o quanto é sofrido viver neste nosso mundo, mas ele é nosso, ou você consegue viver no mundo real sem dor? Eu ainda não, infelizmente não, se você souber e quiser me ensinar, aqui estou eu pedindo sua ajuda.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 11 de janeiro de 2011.

Gafes

Gafes
Poucas coisas são tão tragicômicas como as gafes, na verdade, mais trágicas do que cômicas. Quem as comete age sem intenção alguma, e quem as ouve quase sempre se machuca.
Certo é que quem comete uma gafe muito séria termina por se torturar, embora o magoado primeiramente seja quem a ouve, é o infeliz que disse o que não devia dizer que fica se odiando depois. Acontece, é a vida.
Que atire a primeira pedra quem nunca cometeu uma gafezinha verbal, sim, porque de regra é pela boca que pecamos, e é pela boca que cometemos enganos e erramos sem querer errar. E, claro é por ela que saem as gafes, os antigamente chamados de “balões”.
É, na verdade, sem pensar ou raciocinar que cometemos as gafes, do contrário elas não seriam chamadas assim, seriam apenas atos maldosos, mas não são, são erros pequenos de grande efeito, infelizmente.
Como se corrige uma gafe? Francamente, não sei, fato é que pedir desculpas é fundamental, cabe ao outro aceitá-las ou não, implorar perdão é que não dá, afinal, quem nunca cometeu uma gafe um dia vai cometer, e não queira apostar comigo porque você vai perder.
É nas gafes que homens inteligentes, cultos e bondosos se igualam aos ignorantes, fracos e maldosos: elas são cometidas num segundo de distração onde ninguém quer falar o que não deve, mas fala, mas faz, sem sentir, literalmente “sem sentir”. A gafe é democrática, todo mundo um dia cometerá uma ou já cometeu. Ah, eu avisei: sem apostas, ok?
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 10 de janeiro de 2011.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Farta

Farta

Não me venha com esse papo de “o que os outros vão pensar”, estou farta dele. Aprendi com a vida a me importar apenas com o que eu penso e quero para mim: se meus atos não ferem meu instinto e sentimento eles são, para mim, saudáveis.
Chega do papo pseudo moralista que coloca nos outros a culpa pelos males do mundo, chega do papo de “eu sou santa”, porque a vida também me ensinou que quanto mais uma pessoa tenta parecer aos outros virtuosa menos virtudes possui.
Chega da conversinha fiada sobre a aparência alheia ou situação financeira, para mim gente é gente, e objetos são objetos. Eu quero pessoas boas ao meu lado e não pessoas que me dêem lucro, do contrário eu viraria agiota.
Chega da conversinha fiada de receio de compromisso inerente ao medo de tomar atitude, quem não age me perde, quem não age só perde na vida, e quem teme não vive, vegeta.
Estou farta de hipocrisia, estou farta de falsas verdades e, principalmente, de gente maldosa e falsa. Para mim bondade e virtude se medem em coração, em sentimentos e não em dinheiro, para mim a pessoa não é apenas os atos que toma, mas os sentimentos que carrega quando age. A mais vulgar e simplória das pessoas pode ter a alma mais pura e bondosa do que a mais obstinadas das madres.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 09 de dezembro de 2011.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Despretensão

Despretensão

Não nasci para ser opção na vida de ninguém, mas também não nasci para ser útil para ninguém. Ou sou prioridade e como tal respeitada, ou sou apenas alguém simples a ser admirada, ou prefiro não ser nada.
Demorei mas compreendi que qualquer interesse estraga o relacionamento. Relacionamentos devem ser despretensiosos e nascidos da pretensão apenas de amar e deixar fluir. Deixar acontecer.
Se ela é boa de cama, se ela “me ajuda”, se ela resolve “meus problemas”, se ela “me apóia”, se ela corrige “minhas falhas”, então porque “ela é bondosa, eu a amo”, para mim não cola. O negócio é “amo ela porque ela é ela”, não porque ela me serve, de qualquer forma, “bem” servido.
Interesses financeiros, sexuais, psíquicos, profissionais ou de qualquer espécie anulam a relação. Um se torna escravizado, se torna protetor, se torna pai, se torna defensor, se torna objeto e o outro usufrui. Esse tipo de relacionamento não me serve mais, para absolutamente nada. É da independência plena que nasce o amor verdadeiro, e é apenas com ela que ele se mantém.

Passo Fundo, 08 de janeiro de 2011.

Cláudia de Marchi

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A mulher bem resolvida.

A mulher bem resolvida
A mulher bem resolvida não precisa de elogios, ela sabe quem ela é, e sabe como auto-alimentar seu ego, ela gosta de elogios, mas não é carente deles. A mulher bem resolvida não tem carência, tem necessidades que ela supre como deseja, ela não é vulgar, é espontânea.
A mulher bem resolvida não deseja chamar a atenção de todos se vestindo e se arrumando como uma árvore natalina, ela sabe que atrai quando abre a boca. A mulher bem resolvida não tolera traições, mas também não trai, ela fica sozinha para escolher alguém que lhe complete um pouco (ou muito) mais.
Despenteada, sem maquiagem e de chinelos simplórios a mulher bem resolvida será sempre superior as demais que necessitam atrair olhares para se sentirem melhores consigo mesmas. A mulher bem resolvida tem um pudor intrínseco, ela não tem vergonha de ninguém, só dela mesma, de ser pouco autêntica ou de não ser quem realmente é em prol de algo, apenas isso a envergonha.
A mulher bem resolvida não faz para agradar, ela faz porque lhe apraz. A mulher bem resolvida não tem filhos porque o marido deseja, ela os tem quando ela acha que esta apta a tê-los, porque tem maturidade suficiente para saber que é ela quem mais estará com eles.
A mulher bem resolvida não é escolhida, ela escolhe, ela não é “comida”, a mulher bem resolvida passa longe destas menções vulgares, tem suas necessidades e escolhe bem com quem supri-las: Ela escolhe, enfim. Quem acha que “come” uma mulher bem resolvida tem indigestão, ela não tolera homens bobos e logo os dispensa.
A mulher bem resolvida não amarga “foras”, amarga um porrezinho com as amigas, compra uma roupa nova, muda de academia, arruma o cabelo, lê um livro e busca outro amor. Mulheres bem resolvidas só gostam, só admiram e só amam quem lhes ama, este é seu principal diferencial.
Mulheres bem resolvidas, de regra, não ligam, e se o fazem, sem ter retorno, desistem, homens tolos para tanto existem muitos, então a mulher, resolvida, desiste e espera um melhor, menos imaturo, mais inteligente.
A mulher bem resolvida não mendiga nada, nem carinho, nem afeto, nem atenção, os homens de bom tato lhes dão, e se não lhes dão eles levam um fora, claro. A mulher bem resolvida não suporta conversas machistas, nem elogios no estilo “minha prioridade é sexo”, ou rola admiração, ou nada acontece, e se acontece, passa, assim como o cansaço depois de uma noite bem dormida.
A mulher bem resolvida não quer e nem precisa de dinheiro ou de homem que a sustente ou lhe pague contas e diversão, ela precisa de homem que a respeite, que a admire, que supra seus desejos físicos e psíquicos, para seu conforto e luxos ela batalha. Na verdade mulheres bem resolvidas não “precisam” de homens, elas gostam de homens, mas dos poucos e bons que ainda existem.
A mulher bem resolvida passa longe da promiscuidade, passa longe dos excessos, mas não é santa, é, simplesmente, muito bem resolvida consigo mesma, sabe o que quer, o que quer, quem quer, quando quer e porque quer.
Eu não tenho a receita para as mulheres se tornarem bem resolvidas, mas o fato é que, sem um pouco de dor e de humildade para ouvir e aprender, ninguém se torna bom, muito menos, muito bom, e uma mulher bem resolvida é o máximo!
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 07 de janeiro de 2011.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Boca fechada

Boca fechada

Não vejo mistério algum em viver com decência, o único segredo para tanto é o mesmo que divide as pessoas em amáveis ou detestáveis, agradáveis e desagradáveis, aprazíveis ou desprezíveis: o que passa por suas cabeças e, sobretudo, o que sai de suas bocas.
É tão fácil conviver, basta se calar quando não se tem nada de bom para falar. Ah, mas as criticas construtivas ajudam? Sim, desde que se tenha tato e afabilidade para exará-las.
De resto o melhor caminho é o silêncio, deixe a pessoa falar o que deseja, pensar o que quer e ser o que é, se você não gosta do que vê o é problema seu, e até onde sei são os incomodados que devem se retirar e não tentar modificar o que lhes incomoda e irrita. Por melhor que o homem possa ser, não existem arquitetos de almas, destas cada um tem a sua para dela cuidar.
O que sai de nossas bocas deve passar por nossa reflexão, por nossa mente e análise, do contrário são palavras jogadas ao vento, mas elas causam efeito, e, o que é mais grave, não voltam atrás, apenas amargam más lembranças no coração de quem as escutou.
Lógico que este segredinho não veio inerentemente comigo, foi preciso falar o que não devia, ouvir o que não queria, sofrer de arrependimento e mágoa para saber que, na falta de algo bom e sincero o melhor é ficar calado, simplesmente de boca fechada. Vivendo e aprendendo, é assim que se vive.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 06 de dezembro de 2011.

Fuja!

Fuja!

Como são feias as pessoas mal agradecidas. Sim, além de ser feio ser ingrato, as pessoas se tornam feias sendo assim, por mais lindo que seja seu corpo, por mais perfeito que seja seu sorriso e sua pele, a amargura e a ingratidão apodrecem o conteúdo e tapam a possível beleza da casca.
Ser bonito vai muito além do corpo, a beleza esta na alma, na energia que se irradia, no coração que pulsa com compaixão, nos sentimentos dos que pensam antes de falar e agir, na pureza das pessoas honestas e sinceras, no bom caráter que não sai fotografado em nenhuma capa de revista.
Não reconhecer o esforço alheio, não reconhecer a ajuda alheia, o agir alheio em prol de si mesmo é abominável. Ver as pessoas como objeto a favor de si mesmo é coisa de gente de alma doente, querer receber tudo sem dar nada é patológico, é desumano.
Fuja de quem se gaba, fuja de quem não sabe dizer obrigado, fuja de quem não elogia seus atos se auxílio ou só estima a sua aparência, fuja de quem quer se exibir e parecer aos outros melhor do que é, fuja de quem é mal agradecido, fuja de quem não reconhece a própria culpa, fuja de quem mente, ainda que pouco, porque erros não se mensuram em quantidade. Fuja porque a única pessoa que será usurpada e irá sofrer é você mesma. Apenas você, porque gente sem coração não sofre, coloca a culpa no outro e este outro, lamento, mas poderá ser você.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 06 de dezembro de 2011.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quando a vida muda...

Quando a vida muda...

Parece jargão, mas o fato é que a mudança em nossa vida depende unicamente da mudança de nós mesmos, de nossa energia renovada, de nosso ânimo, enfim, de nossa boa vontade.
Se a sua vida esta descontentando você, a culpa não é de Deus (e dos “castigos” que a Igreja Católica adora apregoar), não é de seu trabalho extenuante, de seu marido acomodado, de sua amiga tolinha, do médico ou do juiz de Direito. Na verdade todos os adjetivos depreciativos emanam de seu descontentamento com a sua vida e, conseqüentemente, escolhas.
Nada mais triste do que viver infeliz e descontente enquanto a vibra pulsa, enquanto a alegria emana pelo ar, enquanto um mundo de opções e probabilidades novas e melhores estão a nos circundar. Nada, pois, mais frustrante e triste do que o comodismo.
Saia da poltrona, saia da cama confortável, saia do trabalho frustrante, mude de amigos, mude a forma de proceder e tudo mudará. Só é feliz quem busca o contentamento com quem se é, com o que se foi, com o que se tem, porque fora dele esta apenas a frustração e a amargura inerente àqueles que querem que a vida seja diferente e melhor e nada fazem para melhorar a si próprios e a sua existência. A batalha é interior, a revolução é interior, apenas a mudança, ou seja, seu resultado, é que poderá refletir no exterior, todavia para ambas há de haver coragem.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 05 de janeiro 2011.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Confiando.

Confiando.

Eu não sei se é teimosia, algum problema psíquico, excesso de projeções positivas ou pura tolice, mas com tudo o que já sofri na vida, ainda não desisti de confiar nas pessoas e no amor. Deve haver algo de patológico nisso, porque eu não consigo compreender porque algumas pessoas enganam as outras, embora não olvide deste fato.
É claro que, como mulher com certa experiência em mentira e sofrimento, eu não acredito em tudo o que ouço, principalmente quando o “tudo” for muito belo ou adocicado, mas eu tenho uma enorme tendência em confiar nas pessoas.
Creio que tal característica seja um efeito colateral da alta dose de ilusões na qual já me vi inserida nesta existência. Eu ainda creio que exista alguém como eu por ai, alguém que fala o que sente, que não promete o que não cumpre, que age mais do que fala e que, principalmente, se coloca no lugar do outro antes de agir e falar. Alguém incapaz de ludibriar ou enganar uma alma.
É justamente esta (quase) inexplicável esperança que não me deixa perder a fé no amor e no ser humano, que não me deixa desacreditar por completo da bondade que pode haver no coração de alguns indivíduos.
Posso sofrer mais do que já sofri, não quero jamais ter o olhar frio, o coração gélido e as palavras amargas em função de decepções, porque pode alguém me enganar, o problema e o demérito serão meus por cair na armadilha das palavras alheias. Não poderei jamais culpar ao mundo nem a ninguém pelas minhas decisões criticáveis. Só me resta crer que após a dor e o crescimento dela advindo minhas escolhas tenderão a se aprimorar.

Passo Fundo, 03 de janeiro de 2011.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A independência feminina e as separações.

Independência feminina e separações.
As pessoas adoram alegar com um ar saudosista precariamente hipócrita que os relacionamentos hoje em dia findam facilmente, que as pessoas não tentam e que se foi o tempo do casamento ser bem considerado porque era “bem” mantido. Como se tempo de mantença de relação fosse sinônimo de relacionamento feliz e maduro.
O marco desta mudança não é o fato do sexo ser facilmente conseguido, não é a promiscuidade e vulgaridade batendo recordes, é, simplesmente a independência feminina.Este foi o marco no mundo fático e jurídico que fez (benzadeus!) que aumentassem os índices de divórcios.
Ah, não me julguem mal, eu acredito no amor e justamente por isso creio na separação daqueles que constataram diferenças acentuadas na forma de viver, afinal, para se estar apto a um novo amor é preciso ser e estar livre.
Outrora a mulher aceitava tudo quieta porque dependia econômica e psiquicamente do homem, afinal a sociedade lhe cobrava a existência de um marido, um marido para quem ela devia servir, passar roupas, manter relações sexuais mesmo sem inspiração (até porque tão egoísta quando o homem era o sexo que ele proporcionava), arrumar a casa e cuidar dos rebentos.
Na medida em que a mulher foi encontrando seu lugar no campo de trabalho nada pode lhe prender a um amor, nada além dele em sua forma genuína e madura: Amo porque amo, porque ele me respeita e faz bem, jamais porque dependo ou preciso. A dependência financeira é um cinto de castidade cruel,é uma prisão psíquica da qual só as mulheres de brio e que sabem o que querem para si, se livram.
Abençoada seja a mulher e suas metas, seus sonhos, ambições, todavia, que ela nunca esqueça que apesar de todo o poder que pode conquistar ela ainda tem um coração que deve e merece doar amor e receber amor, que ela ainda tem um corpo que merece bom trato, cuidado e um bom pouco de sacanagem com quem a mereça. É sempre bom lembrar que há limites para tudo, inclusive para o altruísmo.
Vamos nos separar quando o amor for trocado pela desilusão, quando a admiração cedeu lugar a piedade, quando as histórias do passado do parceiro cederam lugar ao asco. Vamos erguer a cabeça e lutar, porque o mundo é dos perseverantes, dos que erram, mas aprendem e tem humildade para admitir isso, e seguir a vida sem perder a esperança no amor e a fé nas pessoas exceção, que ainda existem no mundo.
Passo Fundo, 02 de janeiro de 2011.
Cláudia de Marchi