Foi per medo...
E foi por medo de sofrer, que ela sofreu, e foi por medo de amar, que ela amou, e foi por medo de ser quente, que ela ferveu, e foi por medo de se entregar, que a vida a levou, e foi per medo de errar a estrada, que ela se perdeu.
O medo não leva a lugar algum. Ela sabe disso. Ela sabe que o medo a leva de um ponto ao outro do que ela teme sem lhe deixar imune aos fatos temidos, o medo não a protege, o medo a expõe, mas ela sofreu, e inventou medos que não tinha.
Ela não é covarde, ela se tornou assustada, porque foi sem querer se envolver que ela se envolveu, foi sem querer magoar que ela magoou, e foi sem querer ser a ferida que ela foi atropelada, cortada, foi sem querer ser sozinha, que ela se trancou em si mesma.
Ela tem medo de sofrer porque já sofreu demais, o único medo que ela realmente tem é de errar de novo, se enganar de novo, sofrer de novo, qualquer um dos outros medos são pouco perto deste, porque este é o seu maior receio, é o sofrimento que lhe assusta, a idéia de mais lágrimas caindo a apavora.
Imaginar-se em dor aperta seu coração, mas, ora essa, se pensar em sofrer já lhe causa sofrimento, então por que ter medo, por que imaginar, por que ter receios? No fundo ela sabe muito bem disso, mas, ainda assim, é por medo de sofrer que ela sofre.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 12 de janeiro de 2011.
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