Dormindo com a saudade.
Quem me olha não vê, nem mesmo eu consigo olhar minha imagem no espelho e aferir algo sobre todas as usurpações que sofri, algo sobre a humilhação silenciosa, algo sobre as traições verbais, algo sobre o desprezo, sobre o engano baseado em grandes falácias, algo sobre a dor que cortou meu coração ao meio e quase me enlouqueceu, a dor que me adoeceu. Mas de sorrir eu nunca deixei, a dor pode ser forte, mas ela passa, então jamais podemos nos entregar a ela.
Amor? Não, eu falo de dor, típica e inerente a paixão, o amor não humilha, não massacra, não escraviza, não subjuga. Ao menos eu sinto uma energia jovem vindo de meu coração cheio de planos e, principalmente, cheio de vontade de amar, de amar, de amar, de amar e de amar muito e cada dia mais quem me ame, quem mereça a plenitude da minha doçura e sentimentos.
Quando a noite cai e o silêncio se instala minha consciência me agita, ela me culpa por eu ter judiado dela e de mim mesma com minha teimosia, quando a noite cai. eu reflito, eu me arrependo, eu me agito, eu tento me compreender, eu peço a Deus para que, assim como a felicidade passou, essa dor também passe um dia. Eu peço serenidade, o resto é de minha responsabilidade.
Quando a noite cai, eu me recordo dos bons momentos que passei com alguns dos amores que tive na vida. Homens exemplares, românticos, carinhosos, e então algo volta a rasgar-me por dentro: eu podia ter feito tudo diferente, mas não, eu teimei, eu lutei, fui soberba, desperdicei oportunidades que nunca mais voltaram.
Quando a noite silenciosa chega, eu sinto saudades de mim. Da moça esperançosa, jovem, cheia de ideais, mas ao mesmo tempo ela me revolta porque achava que sabia tudo sobre a vida nos seus vinte e poucos anos, e, na verdade, sabia de pouco a nada, tinha era orgulho demasiado, e por isso quase foi atropelada por um vagão de trem. Um vagão vazio, mas letal.
Hoje eu sei que o amor feliz não requer luta, ele exige apenas união, companheirismo e paciência, amor verdadeiro não precisa ser lutado, basta ser vivido. Agora eu sei, mas vivi muito tempo sem saber, e, assim, na calada da noite eu durmo com a saudade, é ela quem me faz companhia. Saudade não do que eu vivi, mas das oportunidades que desperdicei. Para sempre.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 30 de janeiro de 2011.
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