Dorzinha de amor
Acho que qualquer pessoa que já sofreu ou sofre por amor consegue entender o mais rico e “complexo” dos poemas. O amor pode ser falado em muitas línguas, sentidos de várias formas, afinal, nem todos têm a mesma forma de amar. Mas ele sempre será o rei dos sentimentos, o único que opera milagres.
Têm gente neste mundo que não sofre por amar, mas, isto sim, por não conseguir se relacionar, por não conseguir tirar de seu inconsciente lembranças ruins da infância, pessoas que não conseguem, sem que se dêem conta de que precisam, se tratar para crescer afetivamente.
Crianças que não receberam todo o amor, admiração e apoio dos pais tendem a ser filhos que, de certa forma, farão o mesmo com quem vierem a amar, Freud explica. Introjeção, projeção, repetição, e outros mecanismos de defesa (sim, estou lendo até Anna Freud).
Se relacionar é algo complexo, mas amar é algo mágico. Por amor a gente tenta, a gente se esforça, dialoga, se adapta, mas, por amor também, a gente perde um pouco de esperança, perde um pouco de fé na vida. Em especial quando ele termina. Dói e nos sentimos como crianças quando caem e se machucam, os pais consolam porque o infante age e pensa que a dor nunca vai passar, todavia a marca fica, mas a dor, essa passa mais rápido.
Quando um relacionamento acaba, cedo ou tarde a ficha cai: Quem sou eu sem aquela perna do meu lado à noite? Que barulho é esse, ele foi na cozinha? E assim vai, e a gente se dá conta que a cama é grande, mas estamos sozinhos, ninguém foi à cozinha nem se espreguiçou, estamos em outro lugar, e que para nos levantarmos na manha seguinte precisaremos criar outras metas, outros sonhos,
Romper vínculos afetivos é doloroso, superar perdas é terrível, mas quando o outro, ou ambos, não conseguem se entender, admitir suas culpas, a fazer o seu mea culpa, ou quando, enfim, se descobre que não havia nem paixão nem amor, mas comodismo, medo da solidão, o sofrimento também é grande. A pessoa se sente culpada, por tolice, afinal ninguém engana ninguém, as pessoas se deixam enganar, criam seus castelos, sem ver nada além de seu foco: O que elas desejam, ignorando muitas vezes o desejo do outro.
Todo sofrimento, toda a dor, toda a lágrima derramada, toda a frustração, nos faz crescer, aprender, nos torna pessoas melhores, mais sapientes, experientes, embora com uma dorzinha a mais no peito. Mas tudo, absolutamente tudo neste mundo é uma questão de tempo, o tempo não une quem deve ficar desunido, nem desune quem deveria se unir. Ele coloca tudo em ordem, a vida não é ideal nem perfeita porque esperamos demais dela, mas a sua sincronia é infinitamente organizada, bela e, porque não dizer, perfeita. Imperfeitos somos nós.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 05 de dezembro de 2008.
Acho que qualquer pessoa que já sofreu ou sofre por amor consegue entender o mais rico e “complexo” dos poemas. O amor pode ser falado em muitas línguas, sentidos de várias formas, afinal, nem todos têm a mesma forma de amar. Mas ele sempre será o rei dos sentimentos, o único que opera milagres.
Têm gente neste mundo que não sofre por amar, mas, isto sim, por não conseguir se relacionar, por não conseguir tirar de seu inconsciente lembranças ruins da infância, pessoas que não conseguem, sem que se dêem conta de que precisam, se tratar para crescer afetivamente.
Crianças que não receberam todo o amor, admiração e apoio dos pais tendem a ser filhos que, de certa forma, farão o mesmo com quem vierem a amar, Freud explica. Introjeção, projeção, repetição, e outros mecanismos de defesa (sim, estou lendo até Anna Freud).
Se relacionar é algo complexo, mas amar é algo mágico. Por amor a gente tenta, a gente se esforça, dialoga, se adapta, mas, por amor também, a gente perde um pouco de esperança, perde um pouco de fé na vida. Em especial quando ele termina. Dói e nos sentimos como crianças quando caem e se machucam, os pais consolam porque o infante age e pensa que a dor nunca vai passar, todavia a marca fica, mas a dor, essa passa mais rápido.
Quando um relacionamento acaba, cedo ou tarde a ficha cai: Quem sou eu sem aquela perna do meu lado à noite? Que barulho é esse, ele foi na cozinha? E assim vai, e a gente se dá conta que a cama é grande, mas estamos sozinhos, ninguém foi à cozinha nem se espreguiçou, estamos em outro lugar, e que para nos levantarmos na manha seguinte precisaremos criar outras metas, outros sonhos,
Romper vínculos afetivos é doloroso, superar perdas é terrível, mas quando o outro, ou ambos, não conseguem se entender, admitir suas culpas, a fazer o seu mea culpa, ou quando, enfim, se descobre que não havia nem paixão nem amor, mas comodismo, medo da solidão, o sofrimento também é grande. A pessoa se sente culpada, por tolice, afinal ninguém engana ninguém, as pessoas se deixam enganar, criam seus castelos, sem ver nada além de seu foco: O que elas desejam, ignorando muitas vezes o desejo do outro.
Todo sofrimento, toda a dor, toda a lágrima derramada, toda a frustração, nos faz crescer, aprender, nos torna pessoas melhores, mais sapientes, experientes, embora com uma dorzinha a mais no peito. Mas tudo, absolutamente tudo neste mundo é uma questão de tempo, o tempo não une quem deve ficar desunido, nem desune quem deveria se unir. Ele coloca tudo em ordem, a vida não é ideal nem perfeita porque esperamos demais dela, mas a sua sincronia é infinitamente organizada, bela e, porque não dizer, perfeita. Imperfeitos somos nós.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 05 de dezembro de 2008.
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