O meu Seguro de Vida
Eis que aos 26 anos resolvi fazer um Seguro de Vida. Um seguro que cobre diagnósticos de doenças como câncer e males cardíacos, invalidez permanente por acidente e, obviamente morte. E urgiram afirmativas como: "Você é louca?!", "Procura um psiquiatra antes de fazer", "Eu não faço porque se eu morrer não vou usufruir mesmo", "Você é muito novinha".
De psiquiatra talvez eu precise, mas por outros motivos. Louca creio que não seja, apesar de concordar que de médico e insanos todos temos um pouco, não irei usufruir, mas deixarei uma compensação para quem amo caso venha a sair cedo da vida. Novinha? Sim, mas quem diz que a morte escolhe seus alvos por idade, beleza ou possibilidade de futuro?
E as doenças? Cada vez mais cedo jovens vem sendo cometidos por doenças graves, de tumores a doenças cardíacas, acidentes de caro são cada vez mais comuns. Sempre fui uma mulher prevenida, e o seguro de vida me fez sentir bem, tranqüila, em paz comigo mesma.
Da vida a gente só sabe a hora que nasce (porque a mãe, a parteira, o pai ou, enfim, os médicos dizem) e que um dia dela sairemos. Quando? Impossível saber, quem sabe possamos um dia intuir, mas saber jamais.
O homem, como costumo dizer, é um ser que vive ciente da morte mas age como se fosse eterno. Deixa para amanha o beijo que podia dar hoje, deixa para amanha o "eu te amo" que podia dizer hoje, o abraço no pai, o agradinho de gratidão à mãe, aquela confraternização com os poucos e bons amigos, a brincadeira com o filho.Creio que a maioria dos que vão para o tal "lado desconhecido" levam um monte de vontades frustradas e uma sensação lamentável de "se eu pudesse voltar atrás".
Talvez por isso eu seja tão teimosa, talvez por isso eu insista no que me dizem que é perdido, eu lute, eu acredite, eu tenha fé, talvez por isso eu trate bem e com amor quem me cerca e me desperta o apreço, porque apesar do Seguro de Vida, eu vivo cada dia como se fosse o último e tenho, sim, muitos sonhos e metas para o futuro, mas de hoje em diante uma coisa é certa: Caso eu não possa cumpri-las não deixarei quem amo em situação periclitante. Porque o hoje é certeza, o ontem desde nossa entrada na vida até à noite anterior a esta pode ser saudade, mas o amanha, este sim, é sinônimo de mistério, pelo menos no que diz respeito a nossa partida.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 02 de dezembro de 2008.
Eis que aos 26 anos resolvi fazer um Seguro de Vida. Um seguro que cobre diagnósticos de doenças como câncer e males cardíacos, invalidez permanente por acidente e, obviamente morte. E urgiram afirmativas como: "Você é louca?!", "Procura um psiquiatra antes de fazer", "Eu não faço porque se eu morrer não vou usufruir mesmo", "Você é muito novinha".
De psiquiatra talvez eu precise, mas por outros motivos. Louca creio que não seja, apesar de concordar que de médico e insanos todos temos um pouco, não irei usufruir, mas deixarei uma compensação para quem amo caso venha a sair cedo da vida. Novinha? Sim, mas quem diz que a morte escolhe seus alvos por idade, beleza ou possibilidade de futuro?
E as doenças? Cada vez mais cedo jovens vem sendo cometidos por doenças graves, de tumores a doenças cardíacas, acidentes de caro são cada vez mais comuns. Sempre fui uma mulher prevenida, e o seguro de vida me fez sentir bem, tranqüila, em paz comigo mesma.
Da vida a gente só sabe a hora que nasce (porque a mãe, a parteira, o pai ou, enfim, os médicos dizem) e que um dia dela sairemos. Quando? Impossível saber, quem sabe possamos um dia intuir, mas saber jamais.
O homem, como costumo dizer, é um ser que vive ciente da morte mas age como se fosse eterno. Deixa para amanha o beijo que podia dar hoje, deixa para amanha o "eu te amo" que podia dizer hoje, o abraço no pai, o agradinho de gratidão à mãe, aquela confraternização com os poucos e bons amigos, a brincadeira com o filho.Creio que a maioria dos que vão para o tal "lado desconhecido" levam um monte de vontades frustradas e uma sensação lamentável de "se eu pudesse voltar atrás".
Talvez por isso eu seja tão teimosa, talvez por isso eu insista no que me dizem que é perdido, eu lute, eu acredite, eu tenha fé, talvez por isso eu trate bem e com amor quem me cerca e me desperta o apreço, porque apesar do Seguro de Vida, eu vivo cada dia como se fosse o último e tenho, sim, muitos sonhos e metas para o futuro, mas de hoje em diante uma coisa é certa: Caso eu não possa cumpri-las não deixarei quem amo em situação periclitante. Porque o hoje é certeza, o ontem desde nossa entrada na vida até à noite anterior a esta pode ser saudade, mas o amanha, este sim, é sinônimo de mistério, pelo menos no que diz respeito a nossa partida.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 02 de dezembro de 2008.
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