Sobre respeitar, sobre não discutir!
A gente anda falando muito em
"tolerância" e "intolerância". Como eu sempre disse, essas
palavrinhas são feias! "Tolerar" significa aturar, suportar, quando,
o certo, deve ser respeitar. De toda forma, acho que, como pessoa, eu respeito
a todos, mas não os tolero.
Sabe o povo
"radicalíssimo", defensor da moral e dos bons costumes? O povo que
veste a camiseta de uma causa, de um partido? O povo fanático religioso, o povo
que idolatra quem a mídia sugere que idolatrem, enfim, o povo que quer lhe
converter a pensar como ele? Esse povo que comumente é chamado de "intolerante"?
Pois então! Eu também não os tolero, ou seja, não suporto no seguinte aspecto:
eles não pagam as minhas contas e, logo, não preciso conviver com eles!
O "ato" de suportar/tolerar
alguém normalmente se relaciona com a necessidade de conviver com esta pessoa e
eu não preciso disso! Conheço muita esposa, por exemplo, que passa o feriadão
suportando o marido o dia todo em casa, conheço pessoas que suportam a visita
que veio de fora (quem nunca?) e etc..
Estou numa fase da vida, porém em que
só trago voluntariamente ao meu mundo quem eu admiro. Pode pensar de forma
avessa a minha em muitos aspectos, se me respeitar e conquistar a minha
admiração estará comigo e não será suportado, mas respeitado, como também
respeito aos intolerantes.
Como professora e advogada convivo
com muitas pessoas que têm suas intolerâncias e radicalismos diferente dos meus
(na verdade a questão está nas diferenças: em alguns assuntos todos podemos ser
radicais, a questão é a diferença do ponto de vista! Chamamos, muitas vezes, de
"intolerante", apenas quem nos contrária!), mas você, meu amigo,
nunca me verá discutindo com eles!
Cientes são de meu ponto de vista,
ciente fico do deles, apenas digo, (ainda que faça alguma brincadeira antes):
"Tá certo." E, de fato está: eu discordo, mas respeito. Se eu os
trarei para o universo dos "meus admirados" ou
"admiráveis", daqueles que, aberta ou silenciosamente eu nutro
profundo apreço?
Se, mais, trarei ao meu convívio
íntimo de amizades, confiança, jantares e cervejadas? Provavelmente não. Não
sou obrigada a tolerar ninguém no meu mundo íntimo se não tenho com ele
afinidades, mas, como ser humano bem educado que sou, eu os respeito de
coração, ainda que queira-lhes apenas como colegas, alunos ou conhecidos. Isso
é respeitar!
Você não precisa concordar, admirar,
gostar ou amar, sequer tolerar ou suportar, basta não ofender, basta não criar
discussões tolas e querer a todo custo inserir a sua forma de pensar na mente
alheia! Basta ser gentil no trato, apesar das discordâncias e dos desagrados
delas decorrentes.
Não
entendo nem nunca entenderei, porque seres humanos (que, presumo, sejam dotados
de algo dentro de suas cabeças chamado de cérebro), em pleno 2015, ainda
discutem! Mais ainda se o assunto é partidarismo político e política em si,
religião ou opção sexual alheia e coisas do tipo! Se discordam, custa cada um
se calar?
Ninguém
muda o ponto de vista de quem se diz convicto e tão certo do que pensa que
aumenta o tom de voz para argumentar! Ou seja, ninguém muda as ideias de quem não quer mudar de ideias! Eu sou especialista em ouvir
o que chamo de "absurdos", posto que discordo, que atinem a temas
polêmicos: de aborto, sexo, homosexualidade a "bolsomania", de Datena
a homeopatia e relacionamentos afetivos, de apologia ao casamento, submissão e
reprodução da espécie até religião e amizades. Mas eu silencio.
Não discuto com clientes, com
parente, com pai, com amigos, com colegas, com alunos, com seja quem for que
mostre-se a tal ponto certo de seu ponto de vista diferente do meu.
Primeiramente: eu não mudarei seu ponto de vista e não pretendo (em certos
assuntos) mudar o meu num embate, então porque não falar sobre qualquer outro
assunto mais leve?
Sim, eu posso mudar de
ideias: se eu quiser, pesquisar, vivenciar algo, mas jamais vou fazê-lo através
de uma discussão com pessoas aumentando o timbre de voz e dando argumentos de
senso comum como se fossem mestres.
Jamais concluirei:
"Nossa, quando o fulano ergueu a voz e quase deu de dedo na minha cara eu
percebi como ele estava certo e tem domínio sobre o assunto, então eu mudei de
ideia! Foi neste instante em que quase me despi e disse: 'Me possua de quatro
seu gênio! Faço reverência a você!'".
Ah, como seria bom se o povo
aprendesse a calar, pegar um bombom, degustar um torresmo com um refrigerante
gelado, ignorar aquilo com o qual discorda sem atormentar-se e atormentar os
ouvidos de quem lhe cerca! Ah, que bom seria!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 11 de novembro de 2015.
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