Da
minha fé no amor, das exceções existentes no mundo e da minha saudável
seletividade.
Fico
estarrecida quando as pessoas confundem a objetividade com que encaro a vida e
as relações humanas, com descrença, amargor ou falta de ânimo! "Aiii, ela
fala que os casamentos não vigoram sempre com base na fidelidade, amor e
paixão, ela diz que filhos acabam deteriorando a intimidade sexual do casal,
ela, também, diz que muitos casais mantém relações por hipocrisia e blá, blá,
blá!". Sim, eu digo isso, mas não insira pessimismo onde há mero realismo!
E,
por que falo em "realismo"? Porque tais deduções são fruto da maioria
dos casos que vi em mais de três décadas de existência e de muita comunicação e
interatividade humana! Não falo de todos os seres ou casais que vi, apenas da
maioria deles! Em hipótese alguma, o raciocínio é um preludio pessimista de todo
e qualquer relacionamento, menos ainda a realidade que todos vivenciam ou
possam vivenciar!
Digo,
seguidamente e de forma humilde, que são as exceções que cativam o meu coração!
A regra pode ser hipócrita, influenciável, mais crente do que naturalmente boa
ou pensante, mas são as exceções a quaisquer delas (regras) que me inspiram!
Casais apaixonados, casais que exalam afinidades, harmonia, companheirismo e
cumplicidade me encantam! Pais e mães que dividem igualitariamente o dever de
cuidado, instrução e afeto de seus rebentos, me rejubilam!
Gente
que, enfim, é apaixonada pela vida, gente que é boa e feliz longe da igreja, da
festa badalada, dos holofotes ou das "fotinhas" em redes sociais,
elevam minha fé na humanidade e no amor! E, quando ao amor? Sim, eu acredito
nele. E é exatamente por isso que, a cada namoro e relação que eu termino, vou
me tornando mais seletiva e objetiva, porém nunca negativista, nunca amarga!
Sabe
aquele povo que acha que todo mundo é frustrante, acomodado e tende a ser
egoísta e broxante no decurso dos dias? Aquele povo com mania (recalque) de
corno que diz que "todo homem é igual e trai"? Enfim, aquelas pessoas
que acham que todos precisam ser frustrados ou mal amados para serem
"gente grande"? Benzadeus! Não sou assim, nunca fui e a evolução que
me livre de ser!
Parto
de um silogismo básico, muito básico: eu sou uma mulher parceira, fiel,
animada, humorada e apaixonada pela vida, eu sou humana, homens são humanos,
logo, não sou a única do mundo a ser razoavelmente "legal"! O caráter
e a conduta são da alma, não do órgão sexual (reprodutor). Simples!
Posso
eu encontrar alguém bem disposto ao convívio, ao amor, a longos e bons diálogos
e a quentíssimas noites, assim como posso não encontrar, mas não será por isso
que me contentarei com o que não me satisfaz plenamente só para "inglês
ver" a minha "sorte no amor"! Enfim, não é por descrer da raça
humana ou do amor que estou solteira, é justamente por crer nas "exceções
excepcionais" (redundância reconhecida e voluntariamente colocada!)!
E,
sendo o amor próprio o mais relevante amor que vivi, não será qualquer alguém
com pouca habilidade afetiva que irá me contentar e que me fará dizer:
"Tá, você 'fechou' comigo da mesa à sala, da cama ao debate cultural,
então a gente se 'gruda' e, enquanto o grude for bom, que seja eterno!".
Ou
seja, crer eu creio e me rejubilo com os casais enamorados que vejo, mas isso
jamais fará de mim uma pessoa carente, uma mulher dependente de companhia ou
desesperada, pelo contrário, afinal, passei da fase destes erros afetivos
primários. Já vivi, agora passei! A seletividade e exigências só aumentam,
porque se nenhuma das minhas escolhas me fez "sossegar" afetivamente,
é porque eu não escolhi certo, então, a exigência deve aumentar, pois é errando
que a gente aprende e, sobretudo, se conhece!
Os
relacionamentos que findei me fizeram entrar em profundos embates
psicológicos-íntimos, pois sou, assim como você, o resultado da criação que
recebi, e eu assimilei e guardei pra mim, várias frases emblemáticas que ouvi
na infância e que me marcaram: "dinheiro não é tudo, há de ser trabalhador
e boa pessoa", "tamanho não significa nada, tem que lhe fazer
feliz", "sexo não é tudo, tem que ser bom de conversa" e por aí
a fora! E, a cada relação que tive fui me conhecendo e percebendo que estes
estigmas serviram, quiçá, para quem me criou, porém não se adequaram à mim.
Ademais,
por que tenho que suprimir um desejo em relação ao outro? Tipo, olvidar do que,
pra mim, é importante, pois outra coisa é tida socialmente como "boa/relevante"?
Por que, afinal somos criadas para relevar muito, porque há um pouco de
virtude, talento e vantagem? Ora! Ensinem seus filhos a saber o seu valor e,
após se conhecerem bem, pensarem em escolher alguém! Ensine-os a se amarem
muito, não a se contentarem com pouco ou com aquilo que, quiçá à alguém, e não
à eles, seja muito.
É
incrível o quanto fazemos nos relacionamos e o quanto mantemos as relações
afetivas, apenas porque nossa educação nos doutrinou a isso! Tive uma criação
machista, católica, razoavelmente rígida e romântica, portanto precisei me
envolver com algumas pessoas para, assim, me conhecer e poder dizer ao meu
sub-consciente: "Não, meu caro! Isso foi o que me ensinaram a desejar e
aceitar, mas não é o que me contenta!".
Vivendo,
errando e aprendendo a gente se conhece! Alguns encontram quem lhes faça pleno
com mais facilidade, outros não! Mas, o que importa mesmo é ser feliz, seja
olhando com admiração para o parceiro que dorme ao lado, seja olhando para o
espaço que temos na cama e na mente para podermos nos amarmos à vontade com a
certeza de que não é de uma "metade" que precisamos, mas de um ser
pleno que nos faça transbordar! Em todos os aspectos.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 25 de janeiro de 2016.
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