Eu existi e fui jovem em um mundo que não contava com aplicativos em
telefones móveis. Muito menos estes, de diálogo gratuito e em tempo real, com
quem esteja em qualquer lugar do mundo. Se eles nos trazem benefícios? Sim,
creio que seja desnecessário discorrer sobre eles. A questão, para mim, é a
inquietude e a inconveniência que eles causam, em especial, aquela sensação de
nunca estar realmente só.
Como dizia a letra da música sertaneja antiga, existiu um tempo em que se
tirássemos o telefone fixo do "gancho" ou
da tomada, ele "emudecia". Não chamava! E, assim, nos livrávamos das
mensagens alheias, aliás, nos livrávamos mais facilmente das pessoas que não
queríamos próximas! Hoje em dia, ficar a sós consigo mesmo, tornou-se algo
dificílimo para qualquer ser humano!
WhatsApp, facebook, Skype e todos os
outros programas de computador e celular que existem! Pessoalmente, sou o tipo
de pessoa muitíssimo humorada, porém muito devotada a si mesma! Eu adoro a
solidão e, não raras vezes, coloco o celular em modo avião, desligo, entrego
ele para a minha mãe atender, unicamente se for meu pai quem venha a me ligar.
São clientes, alunos, conhecidos,
estranhos e, nenhum deles, ou melhor, ninguém se tornou, nos últimos tempos,
tão interessante a mim, quanto minha mãe, meus gatos, amigos próximos, livros,
seriados, filmes e, eventualmente, uma taça de vinho. Portanto, a única forma
de ficar só, de refletir sobre a vida, de curtir a mim mesma integralmente, é
desconectando.
Sou blogueira, sou professora
universitária, advogada, sou afeta à "humanas", do Direito à
psicanálise, enfim, me comunico muito, escrevo muito, uso as redes e a
comunicação escrita para fazer catarse e me comunicar com o mundo, mas, não
nego e nunca negarei que, os meus melhores momentos e epifanias surgem off
line.
Todavia, é muito bom poder valer-me
das redes ao meu bel-prazer, não ao "delas": uso quando quero,
desconecto-me quando desejo, porque não me escravizo a algo que eu posso usar.
E posso usar como eu quero, não como o mundo ou seus inventores (das redes),
desejam. Isso, pra mim, é liberdade! Liberdade na era digital é ser feliz longe
do universo on line.
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