Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 17 de abril de 2010

Privacidade Romântica

Privacidade Romântica

O mundo mudou muito mesmo, não me considero careta ou retrógrada mas sinto falta de algumas coisas do passado, inclusive de algumas que nem experimentei, mas que sempre me atraíram. Todavia, ultimamente sinto falta da "privacidade romântica". Sabem aquela de declarações de amor, de cartas românticas compartilhadas apenas entre duas pessoas? Entre os amantes e não para milhares de pessoas verem? Sinto falta disso, não necessariamente na minha vida, mas no mundo onde tudo se tornou tão público que me parece patético, aberrante talvez.
Hoje em dia as pessoas mal se conhecem e no "fogo da paixão", nos primeiros meses de um romance que pode não passar de um ano trocam declarações de amor apaixonadas para todo mundo ver: "Você é o amor da minha vida", "Você é a pessoa mais especial que conheci". Frases lindas, certo? Sim, extremamente. Todavia, precisa ser assim, exposta para quem quiser ver?
E, quando, por algum acaso a relação termina o que resta para quem leu as declarações de amor publicas? Rir, é claro. Relacionamentos são extremamente complexos e nada impede que o que começou num mar de rosas termine num fétido mar de lamas, e dai, como ficam as declarações de amor exibicionistas nos sites de relacionamento? Cômicas, se tornam motivo de piada, é claro. O casal que ao se conhecer dizia publicamente que seria fiéis e amariam um ao outro eternidade afora não ficaram juntos mais do que 24 meses. Que lindo!
Sexo e amor não precisa ser feito nem declarado "para inglês ver". Se alguém observa, que seja por um acidentezinho excitante e não pela plena vontade de exibição. Se alguém se interessa e deseja observar, tudo bem. Se desejas contar o quanto ama seu novo namorado para amigas numa mesa de bar e alguém ouvir, tudo bem, mas ouso dar uma dica de quem conhece um pouquinho do bom e do ruim do amor: Tente não sair "publicando" seu "amor" por ai, porque isso pode ser deixado para as adolescentes, gente adulta sabe que os melhores sentimentos de carinho, ternura e amor são compartilhados olhos nos olhos, mão na mão, pele na pele, e, bem, o resto depende do fogo de quem declara.
Orkut, Twitter e todos os sites de relacionamentos existentes não foram feitos para declarações de amor. Existe e-mail para isso, existem cartas, existe a cama, o momento de maior intimidade, o sexo que, no caso do amor (me rendo ao que outrora considerava piegas): Existe o momento de "fazer amor" para que as juras sejam compartilhadas. Compartilhadas por quem se ama e não pelo "pessoal da internet".
Não posso deixar de dizer que juras publicas de amor me despertam a desconfiança, me parecem típicas de gente insegura ou exibicionista que busca na exibição a auto afirmação e a afirmação de seu sentimento, e, consequentemente intentam deixar claro a alguém ou ao mundo tal circunstância afetiva. Quem ama de verdade e quem tem a maturidade de quem aprendeu com a vida e com alguma dor sabe que declarações adocicadas e públicas beiram mais a falsidade do que a realidade, e, além de tudo, expõe o exibicionista ao ridículo e as sátiras alheias. Ah, mas "lê e olha quem quer"? Sim, mas quem expõe quer mais é ser olhado e analisado, do contrário reservaria o que é pessoal aos momentos de intimidade.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de abril de 2010.

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