Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Que tipo de gente é essa?

Que tipo de gente é essa?

Que tipo de gente é essa que faz intrigas entre as pessoas? Que tipo de gente é essa que fala mal dos outros pelas costas e dos outros fala mal para outros? Que tipo de gente é essa que semeia a destruição, a separação e o ódio?
Que tipo de gente é essa que se diverte menosprezando os atributos físicos ou intelectuais alheios? Que tipo de gente é essa que tem o mel na língua e a espada na cintura? Que tipo de gente é essa que trai a confiança de quem ingenuamente nela confia?
Que tipo de gente é essa que acha que vai fazer o mal com suas palavras e que nunca será descoberta? Que tipo de gente é essa que ousa entrar a fundo na vida que não lhe pertence para fazer o mal a quem nada tem haver com sua vida frustrada e recalques psíquicos?
Que tipo de gente é essa que vive uma vida desprezível e que ousa julgar a vida alheia e a forma de ser, se portar ou se vestir de quem tem a alma livre e é profundamente feliz sendo, apenas, quem é? Que tipo de gente é essa que não nutre apreço algum por si mesmo a ponto de menosprezar a vida alheia para que iguale a deles a sua insignificante e vazia existência?
Que tipo de gente é essa que infeliz consigo mesma quer que todos sejam azedos interiormente? Que tipo de gente é essa que não suporta a beleza, a liberdade e a alegria dos outros? Que tipo de gente é essa que se diverte vendo as agruras alheias?
Que tipo de gente é essa que me faz sentir asco do ser humano e a me sentir uma inocente e tola num mundo de pessoas desleais, maldosas e falsas? Que tipo de gente é esta que nos faz chorar de decepção e raiva? Se alguém souber me comunique ou extermine essas pessoas que não merecem gozar desta dádiva chamada vida porque não cuidam das suas.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de junho de 2010.

Os vestidos encolheram.

Os vestidos encolheram.

Uma noite dessas sai por ai. Um vestido preto, decote fechado, num cumprimento discreto, mas incomodo, não estava me sentindo muito bem com aquela roupa apertando meus quadris, quando, de repente baixo os olhos para os vestidos das outras moças e pasmo! Encolheram, só pode!
Vestido curto e saias curtas ficaram no passado pelo que eu vi. A “onda” das mocinhas é vestido que mal tapa a bunda. Sim, coxas e não pernas de fora, mais um pouco e a bunda fica a mostra e se tapa apenas a cintura. Desse jeito não tarda para as mulheres saírem seminuas na noite.
Aquilo não é sexy, não é bonito. É o quadro do desespero, da apelação do “preciso de homem urgente, socorro”. De cada dez moças que encontrei nove mostravam as coxas ou tapavam apenas os mamilos dos seios. Confesso que me preocupei, o que será das prostitutas se a mulherada continuar desesperada desse jeito?
Acho que estamos prestes a uma quebradeira geral das zonas de meretrício. Os homens não precisam mais pagar bebidas para elas, nem gastar seu dinheiro em casas de prostituição que oferecem sexo pago com belas universitárias e afins. Basta sair a noite nos locais de festa de gente “decente” e lá estarão inúmeras jovens, cultas, muitas de boa família realizando o sonho de sair fantasiadas de piranha por ai, e, o que deve felicitar aos homens: Dê-lhes champagne (que elas chamam, tão vulgarmente quanto se vestem de “champa”) e não precisam pagar pelo sexo.
Adoro decotes, roubas que valorizem o corpo feminino, mas, ora, por favor, deixemos para mostrar as partes mais indecorosas entre quatro paredes para quem julgamos merecer. Não é preciso sair mostrando as coxas para se sentir bem, ou será que as mulheres estão numa disputa tácita para ver quem “atrai” mais olhares?
Então aviso queridas, o ridículo também chama a atenção. A vulgaridade dá Ibope do contrário os programas televisivos não estariam cheios de peitudas e bundudas mostrando seus dotes. Físicos, é claro. Recuperar a classe, a auto-estima, o bom gosto e o charme das ladies de outrora vem a calhar hoje em dia.
Estilistas de bom gosto salvem as mulheres: Os vestidos encolheram, estão virando blusas! (Ou será que em nada poderão ajudar porque o que encolheu mesmo foram o amor próprio e a inteligência das moçoilas? Acho que é esta a opção correta, infelizmente, não tem solução as prostitutas vão falir).

Cláudia de Marchi

Wonderland, 29 de junho de 2010.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Justiça Invisível

Justiça Invisível

Hoje eu perdi uma pessoa querida que sofreu demais na vida e na morte. É a terceira pessoa que o câncer leva de perto de mim em menos de um ano. A cada perda dessas me convenço que a Justiça Divina existe, mas ela não é a minha.
Diante da perda de uma pessoa querida, diante da dor dos familiares que ficam, do sentimento de injustiça do qual padecem eu tenho certeza que ou o homem acredita numa força Superior ou simplesmente se entrega ao ateísmo.
Acreditar em Deus implica em resignação diante da morte. Implica em aceitar sem revolta, implica em crer na total impotência e ignorância do homem. Ignorância acerca de assuntos que só alguém muito superior a nós pode saber, porque, não discordo, para quem vê os fatos tristes desta vida com pessoas que aparentemente não merecem passar pelo que passam fica evidente que nada sabemos.
A Justiça Divina não é a minha. Eu sei de pouca coisa na vida, quase nada, mas eu tenho meus julgamentos e minha pretensão. Sou critica, sou errante, sou humana. Se eu fosse Deus levaria todos os que querem morrer e deixaria os que querem viver. Levaria todas as almas desgraçadas e infelizes que não valorizam nada do que possuem e desejam o que não tem.
Eu levaria aqueles que só conseguem serem felizes com entorpecentes, aqueles que precisam de drogas para sorrir e deixaria os bons pais, as boas mães, as pessoas que eu acho que merecem viver. Mas, é fato, “eu acho”, a certeza deve estar com o Ser que decide.
Só me resta, pois crer que existe alguém lá em cima que sabe de tudo e que age certo, se eu não crer nisso, tenho certeza que quem vai desistir da vida serei eu. E eu não desistirei dela jamais, preciso da fé e da confiança ao menos no Invisível para levantar da cama sorrindo todos os dias da minha vida.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 29 de junho de 2010.
In memorian de Ivar Benvegnú.

A vocês minha tia e primas: Fé e resignação, agora e sempre.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Silicone

Silicone

O silicone faz pelo corpo humano o que nunca a ciência conseguirá fazer para nossa alma e cérebro: Mudanças, agregação, evolução e enxerto. Ou seja, nada contra esta benesse do mundo moderno para o nosso corpinho.
Assim como o dinheiro só pode agregar prazeres e felicidade em nossa vida sem dá-la unicamente quando ausentes outros pressupostos dela, é fato que o silicone agrega volume e beleza a nosso corpo, mas não nos faz melhores ou mais inteligentes. Ele é bom na vida de quem é inteligente e bondoso sem ele.
Todas as cirurgias plásticas são benéficas quando aumentam nossa auto-estima, ou, simplesmente, quando nos proporcionam uma mudança corpórea que só conseguiríamos a custo de muito tempo despendido em academia de ginástica e levantamento de pesos.
Uma mulher inteligente que turbina o corpo com silicone não deixa de sê-la. Ele nunca trará o que não se tem na mente, na alma. Então todas as siliconadas com cérebro ativo e em bom estado dispensam criticas. Cada um faz o que quer com o dinheiro que conquistou, graças, é claro, ao seu esforço.
Existem as loiras burras, as morenas burras, existem as siliconadas que aparentemente possuem neurônios de gel, existem as feias ignorantes, as malhadas toscas, todo tipo de mulher há no mundo, mas nenhuma deve ser estigmatizada, aliás, creio que a estigmatização seja a vingança dos ignorantes. E das invejosas, por óbvio.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 28 de junho de 2010.

domingo, 27 de junho de 2010

Evolução do amor

Evolução do amor

Não sei se é a idade ou a aquisição de experiências que muda nossas concepções a respeito de relacionamentos amorosos. Que nos torna mais exigentes, mais espertos, mais antenados. Creio que sejam as experiências vivenciadas e o que aprendemos com elas que nos transformam intimamente.
É incrível a quantidade de pessoas que vivem relacionamentos conturbados, instáveis, que agüentam o que não deviam agüentar, que fazem o que não se deve fazer e que perdoam o que não deve ser perdoado quando o pano de fundo do relacionamento se chama amor.
Mas as pessoas vivem como querem, mantêm os relacionamentos de acordo com o que desejam, de acordo com a maturidade e anseios que possuem. Pessoas imaturas, relações idem.
É por essas e por outras que ninguém deveria reclamar de envelhecer e nem sentir pena de si mesmo por sofrer na vida. O sofrimento ensina, as experiências difíceis são mais do que um Doutorado para nossa vida psíquica e afetiva.
Viver, crescer, evoluir, em todos os aspectos, esta é a graça da vida. Errar realmente é humano, mas as pessoas maduras sabem que os mesmos erros, ao menos, não se cometem duas vezes, então tudo é bem vindo nesta vida, tudo o que nos faça melhorar e aprimorar, inclusive nossa forma de amar e de desejar sermos amados.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 27 de junho de 2010.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Gay macho, sim senhor.

Gay macho, sim senhor.

Não faz muito tempo que o galã latino Ricky Martin assumiu sua homossexualidade entre vaias e ovações, é claro. Acho que o cantor foi muito macho fazendo isso, na verdade admiro a “macheza” de todos os gays que assumem sua homossexualidade nos dias de hoje. O mesmo vale para as lésbicas.
É preciso ter muita coragem para assumir que é exceção. É preciso ter muita coragem para ouvir as piadas esdrúxulas, para encarar os olhares críticos e as línguas impiedosas. Admiro quem o faz sendo famoso ou não. Sendo mulher, agradeço aos gays que saem do armário, penso que assim fique mais difícil de nos envolvermos e depois pegar nosso companheiro na cama. Com outro.
Coisas que acontecem. Outra coisa irritante a meu ver além do homossexualismo recôndito é a insatisfação sexual explicita e o amor latente” que alguns homens (igualmente irritantes) carregam consigo. Como cronista verbo aberto que sou às vezes sou vitima de alguns destes que me adicionam no MSN achando que posso lhes dar conselho que baste para solucionar seus problemas. Todavia por trás da cronista há a mulher, inteligente por sinal. Ou seja, raciocino, me irrito e ainda por cima sei bloquear as pessoas em tal meio de comunicação (Benzadeus!).
Não me venham, meus caros homens com aquele papinho de que a esposa não lhes satisfaz, que a relação intima no casório esta uma porcaria, mas que por causa do filho, da deficiência, doença ou problema financeiro e/ou psíquico da mulher não tem coragem de deixá-la. Tudo bem, não duvido que em alguns casos existam estes problemas sozinhos ou em conjunto, o que não me impede de taxar-lhes de covardes. Muito mais covardes e “menos homem” que o Ricky Martin e sua trupe.
Ninguém merece viver no vácuo entre seus desejos sexuais e as atitudes feitas apenas para agradar ao outro e para não frustrar a sociedade ainda moralista. Este é o vácuo da infelicidade onde estão os homens frustrados que passam horas na frente do computador, que trocam a pescaria de peixes pela de piranha, que trocam o churrasco com amigos para a cervejinha na zona, que trocam a hora de folga pela escapadinha para pegar “qualquer tipo” de gente oferecida que encontrar, mediante pagamento ou não.
A afinidade sexual é fundamental em qualquer relacionamento. Não direi que representa 90% de importância para não ser apedrejada pelas mulheres, mas que beira a isso beira. O resto dos relacionamentos é muito respeito, companheirismo, carinho, compaixão e uma dose não avantajada de amizade, afinal algumas coisas o marido não precisa saber, nem a esposa, faz parte do mistério que garante um bom relacionamento.
Não sou nenhum exemplo de pessoa que saiba terminar relações. Faço muitas burradas neste quesito com o intuito de não fazer ao outro o que não desejo que me façam, de ser sincera, mas não ferir, todavia nunca precisei terminar unicamente por incompatibilidade sexual, na verdade nunca sequer comecei relações em que ela existisse. Mas creio que não existam mistérios, na verdade eles deixam de existir para quem deseja ser feliz sem se sacrificar em prol de alguém.
Simples, não dá certo na cama, o parceiro não acompanha tuas vontades e pique? Esta frustrado? Conversa e termina. Tá bem, tá bem. Os psicólogos sugerem conversar e tentar se adaptar, ver se muda, aquela trova toda de quem acredita na mudança? Tente se quiser, se junto com a falta de prazer existir o amor, tente. Vale a pena ainda que seja para dizer que tentou.Todavia, se não der certo termine. O outro também vai encontrar um parceiro mais frio e vai ser feliz, um vai fazer bem ao outro sem cobranças, sem necessidade de mudanças.
Você merece ser feliz e a outra pessoa também, deixe o seu lugar. Na hora ela pode reclamar, se deprimir, mas se for um pouco racional um dia irá lhe ser grata. Agora se você ainda acredita que a admiração, a parceria e a amizade valem mais que o amor sexual siga em frente, assine a Playboy e vá ser feliz no seu banheiro, agora se precisar de casos extraconjugais ou prostitutas para manter a farsa de sua união é porque alem de covarde você não tem a mínima vergonha na cara.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 24 de junho de 2010
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terça-feira, 22 de junho de 2010

Sem cabeça.

Sem cabeça.

Francamente Sr. Kaká, que bela perda de controle aquela do jogo contra a Costa do Marfim? Peço desculpas aos que acham que não, mas em minha opinião o cotovelo foi deixado para trás sim, e a sua cara de “anjo revoltadinho” na hora não me deixou dúvidas, menos ainda suas atitudes anteriores: A tua vontade era bater em alguém, até porque estava quase apanhando, disso eu não duvido, mas responder na mesma moeda nunca foi indício de inteligência e racionalidade.
Existem muitas pessoas de má índole, muitas pessoas que calculam nossos atos e fazem de tudo para perdermos a razão. Se perdermos ou nos igualamos a elas, ou, o que é pior, terminamos pior do que elas na boca do povo. Foi o que aconteceu com a seleção brasileira no segundo jogo da Copa do Mundo. Ganhamos o jogo, mas poderíamos ter saído com mais honra do campo.
O Kaká foi humano, humano demais e isso já não é mais virtude. A gente tem que deixar de achar que o fato de sermos humanos, logo errantes, justifique erros tolos. Não podemos ser tão irracionais, tão previsíveis como foi o jogador brasileiro, sob pena de nos tornarmos marionetes nas mãos de quem nos despreza.
Existe uma forma bastante “malandra” de terminar com a vida de algum desafeto em especial quando ele é previsível e irritadiço: Provoque-o, irrite-o, o faça perder a cabeça, bater em sua porta, lhe dar um soco e o mate. Há uma séria possibilidade de ser absolvido por legítima defesa, de matar “dentro da lei”. Não estou dando incentivo a tal ato insano, apenas narrando algo que pode funcionar e que as pessoas de má índole e inteligentes podem fazer com você, por exemplo.
As pessoas irritáveis são, de regra, previsíveis. Quando elas agem de forma totalmente irracional dizemos que elas “perderam a cabeça”, certo? Algo que me lembra o conto do cavaleiro sem cabeça, ou o da mula sem cabeça. Figuras, literalmente, sem cabeça! E é isso que o irracional parece, uma mula, porém sem cérebro, sem nada em cima do pescoço.
Não precisamos tentar ser imprevisíveis. Precisamos, apenas, tentar sermos mais racionais, mais corretos, pensar mais e agir menos por impulso. Quem age por impulso não raciocina seus atos, quem age por instinto é animal. E um animal com duas patas e que não voa é a maior anomalia da natureza.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 22 de junho de 2010.

domingo, 20 de junho de 2010

Casamentos curtos

Casamentos curtos

Outro dia fui pegar minha certidão de casamento no cartório. Certidão com a separação averbada, é claro. Então a moça me perguntou o dia do casamento e em que ano foi para facilitar a busca.
Quando falei a data, ou melhor, quando percebi que nem sequer a decoração do local das cerimônias mudou me assustei. Menos de um ano de casamento é algo raro, muito raro, raríssimo.
Mas, certamente é preferível a pouca duração a longa já que a “eternidade” do negócio muitas vezes esta comprometida desde o inicio. O fim dos relacionamentos não deve ser remediado por esperança quando ele é vislumbrado por diferenças de gênios,ou porque um vê no outro um saco de pancadas psicológico onde devem afogar sua revolta com a vida ou com seus problemas.
Antes eu até me assustava ou me envergonhava de ter tido um casamento curto, hoje sinto orgulho da minha coragem e da sinceridade que tive que ter comigo mesma, afinal, ninguém gosta de perceber que fracassou em algum intento certo? E o casamento é o maior que podemos fazer em nossa vida afetiva.
Casar é uma demonstração de fé na relação, no ato de assinar os famosos papéis hoje em dia esta implícita a demonstração de amor mais pública que existe e envolve um grande fator, o da esperança. Todos casam esperando ser felizes, esperando jamais separar. Mas, vem a vida, o dia a dia, os problemas, as desilusões, as palavras mal colocadas, o desrespeito de qualquer forma e vai atormentando, atormentando até um dos dois desistir por completo do outro.
A separação não indicia a desistência do amor ou da felicidade, mas a desistência do outro. A gente só separa de alguém quando tem a certeza de que o outro não conseguirá nos fazer felizes como já fomos outrora quando circundados de expectativa e ilusões. Ilusões patrocinadas por promessas vãs e juras românticas, é claro.
Enfim, se é para desistir meus queridos casados, façam como eu, como as atrizes e jogadores de futebol: Que seja logo, que seja cedo, que seja sem deixar rebentos, que seja com todas as possibilidades de recomeçar, de sacudir a poeira, esperar o coração cicatrizar e seguir adiante a vida e, quem sabe um dia amar novamente. Desistir de alguém, tudo bem, mas do amor não, nunca.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de junho de 2010.

O medo e os sofrimentos dos maus.

O medo e os sofrimentos dos maus.

Você acha que as pessoas bondosas e puras sofrem mais na vida? Pois eu tenho certeza que não. Ninguém se livra do que tem no coração e na alma, se tiver malícia e maldade, pode ter certeza que a pessoa sofre. E sofre muito.
O homem constrói sua existência de dentro para fora, tudo depende do que ele tem no coração. As pessoas maliciosas, maldosas, as pessoas mentirosas, falsas, impudicas, vivem com estes sentimentos e temem sofrer maldades ou ser vitimas de fofocas o tempo todo, assim como o desonesto teme o logro, como o infiel ou malandro teme a infidelidade e “malandragem” alheia.
O homem teme receber do outro aquilo que ele tem pára dar, logo as pessoas maldosas são as mais desconfiadas, aquelas que agem com medo, com receio, as pessoas mais fofoqueiras e maliciosas, de regra são aquelas que possuem mais temores do julgamento alheio.
Obviamente: O homem bom não tem muito que temer, pode sofrer, pode ser vitima da maldade e das más línguas, mas, mesmo assim não teme em demasia as maldades alheias, mesmo sendo vitima delas. Ele não teme nada antes de sofrer, não padece de um sofrimento psicológico prévio, fruto de temores, por exemplo.
O medo faz as pessoas sofrerem demais. Sofrem quando pensam no que temem, sofrem quando experimentam circunstâncias tristes, logo o medo é um fator imaginário de sofrimento e tortura.
Fico feliz ao constatar que aqueles que adoram criticar a vida alheia e as pessoas, por exemplo, são os que mais sofrem com medo de criticas maliciosas e negativas. Experimentam, pois, ainda que na própria mente o sofrimento que sabem impingir aos outros.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de junho de 2010.

sábado, 19 de junho de 2010

A vida muda II

A vida muda II

Eu parei de negar que eu fui feliz. Eu parei de negar que era por prazer e por amor que eu me dedicava e que foi sorrindo que eu dormi e acordei durante muitas noites, durante muitos dias. Mas esses dias passaram e por certo tempo eu não sei nem se eu realmente dormia, mas tenho certeza que não havia sorriso algum em meu rosto. Não mais.
Eu parei de negar que eu me sentia plena e que encontrei a cura para muitos dos meus males nessa plenitude de amor feliz que eu tive a sorte de ter. Eu tive um amor feliz que terminou, mas eu conquistei a pessoa que eu queria, a pessoa que eu achava que era certa, mas não era. Eu achei isso e cheguei a ter certeza, mas me enganei. Todos podem se enganar, coitados são os homens que se acham imunes a este tipo de engano.
A vida mudou e a felicidade virou tristeza, a plenitude virou vazio, a sanidade virou loucura, o que era virtude e o que já nos uniu se tornou doença, se tornou um mal a ser combatido, um mal a ser tratado, aniquilado e evitado.
O tempo passa e as lágrimas podem ainda rolar, a dor pode ainda bater, ainda que com menos força do que já bateu. Mas ela vai bater, ela pode bater e é normal que ela bata. A história não foi superficial ou pouco intensa, pelo contrário. Todavia, a gente se acostuma, a gente cresce e deixa de querer colocar uma pessoa no lugar da outra. Ninguém substitui ninguém e ninguém deve ser usado para tapar buraco algum de nossa carência.
A vida mudou e hoje eu tenho orgulho de conseguir viver sozinha. Sozinha como uma ostra, eu, apenas eu e mais ninguém desejando me fazer feliz, desejando me alegrar. Não quero nunca mais correr o risco de magoar alguém novamente por este motivo.
O tempo passou e eu aprendi a ser só, eu aprendi a chorar sem ombro algum para me consolar, eu aprendi a me entender, a me perdoar, a me aceitar. O tempo passou e eu não preciso mais do ódio para me dar força, creio que eu sei que amei, sei que me enganei, mas não preciso mais desmerecer meu passado para viver feliz o meu presente. A vida mudou e eu prefiro muito mais a pessoa que me tornei àquela que eu já fui.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 19 de junho de 2010.

Consciência intima

Consciência intima

O que realmente lhe importa: O que você sente, o que você pensa, o que você faz, do que você gosta ou o que os outros sentem ou pensam a respeito de você, de seu agir e forma de ser?
Algumas pessoas precisam aprender a se desprender do julgamento alheio, outras já nasceram livres ou não precisam se desprender dele: São felizes fazendo o que os outros desejam que façam. Sim, pode parecer incrível, mas existem pessoas assim, são resignadas e, se estão tranqüilas e em paz, quem ousará criticá-las?
É impossível ter uma personalidade forte e ser submisso ao julgamento alheio, não existem duas ocorrências numa mesma pessoa, todavia existem pessoas confusas entre o ser elas mesmas e o ser o que esperam que elas sejam.
É preciso, pois uma pequena análise vez que ser autônomo psiquicamente e agir pensando no julgamento alheio não são ocorrências coexistentes num mesmo ser. Se você não se sente contente por ser quem é e como é por causa do medo do julgamento alheio é preciso analisar se este receio não vem de seu próprio inconsciente, ou seja: Você é quem não aceita a sua forma de agir, logo é preciso saber o porquê isso ocorre, resolver e escolher uma estrada.
Ou a pessoa vive feliz sendo como é e se sente livre para agir da forma que lhe apraz ou, simplesmente, se escraviza ao outro e ao que ele pode ou não pensar ou desejar que ela faça. Não existem muitos mistérios na vida, e a base de nossa ação deve ser nossa tranqüilidade de espírito e felicidade.
Se não nos sentimos tranqüilos ou felizes sendo como somos é porque existe algo errado em nossa alma, se nos sentimos é porque não devemos satisfações a ninguém apenas ao que chamamos de consciência. E ela é nossa, apenas nossa.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 19 de junho de 2010.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A verdade

A verdade

As pessoas não querem saber a verdade. A verdade não interessa a ninguém mais, o que todos querem é acreditar no que lhes parece melhor, no que lhes convém.
Não adianta você tentar convencer alguém de algo se esta pessoa não deseja acreditar no que você conta, não adianta falar nada que soe desagradável ao ouvido do outro, ele não vai acreditar. Ele não quer acreditar, na verdade, não quer saber de nada e você estará apenas, disperdiçando energia e saliva.
A verdade muda de conotação de acordo com quem lhe conta. As versões mais falaciosas do que realmente é verídico podem se tornam fortes realidades na mente de quem deseja acreditar em quem as conta por apreço, amizade ou, simplismente, por medo de se envolver na vida do outro.
Todos estão ocupados demais para se tornarem racionais, ou para pensarem sobre algo que não mudará em nada a sua existência intima. É melhor acreditar em qualquer coisa do que aferir o que realmente se passou, se a verdade não nos diz respeito então cruzamos os braços e acreditamos no que nos convém.
É tempo perdido, portanto nos importarmos com o que os outros vão pensar sobre o que realmente acontece ou aconteceu. As pessoas pensam o que elas desejam ou então, não pensam, apenas acreditam no que desejam para não dispenderem energia refletindo sobre algo que em nada vai mudar as suas vidas. É cada um por si neste mundo onde a verdade vai perdendo a relevância e os melhores mentirosos são aqueles que conseguem mais amigos e a maior platéia para ouvir suas lorotas.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de junho de 2010.

A vida muda

A vida muda.

Não sei o que aconteceu, mas eu não choro mais. Ou melhor, não choro mais como eu já chorei. Posso falar algo, lembrar-me de algo, de alguma das tantas decepções que tive e chorar, mas as lágrimas caem e logo páram, a tristeza não dói mais como já doeu.
Não sei se eu fiquei mais forte ou se, simplesmente, não sinto mais como eu já senti, não lamento mais o que já lamentei e nem minha tristeza é tão triste como já foi.
Aos poucos vamos tendo a certeza de que não vale a pena derrubar uma lágrima por nada que tenhamos deixado para trás. A maturidade nos revoluciona a mente e nos deixa realmente lucidos, com o passar dos dias a vida nos mostra quem é quem, quem merece nossa consideração e quem não merece nada, absolutamente nada que venha de nós.
Aos poucos temos a certeza de que aqueles que realmente nos importam jamais serão por nós abandonados e, principalmente, jamais vão nos fazer chorar ou nos decepcionar a ponto de nos entristescer.
As decepções nos ensinam, a vida nos ensina, os acontecimentos tristes ou não nos ensinam e nos revelam um mundo novo, um mundo real onde o que já passou deixa de ser importante, onde o que esta por vir passa a ser, realmente, interessante.
Podemos ter algumas lágrimas ainda para chorar, mas temos muitas metas e muitas novidades para desvelarmos. Algumas coisas na verdade, deixam de ter importância a ponto de em segundos recompormos nossa face e seguirmos adiante sem pensar no que outrora nos causava grande tristeza e do que já nos magoou demais. A vida muda e isso é o que realmente faz sentido no mundo.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de junho de 2010.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Senz´anima

Senz´anima

Outro dia me peguei escrevendo a palavra “envolvimento”. Nunca parei para pensar quão bonita essa palavra é, quão profundo é seu significado e quão rara sua existência no mundo moderno.
As pessoas hoje em dia não se envolvem com nada. Se envolver é colocar a alma nas atitudes e não simplesmente agir por agir como acontece hoje em dia. As pessoas não querem colocar sua essência em absolutamente nada, foi-se o desejo de amar, veio o desejo de ter, de usar, de usufruir.
Nunca fui muito fã do Roberto Carlos, todavia, ultimamente suas letras me tocam. O Roberto fala de amor, fala de envolvimento, talvez na época dele as pessoas ainda usassem o coração, ainda colocassem suas almas em suas palavras e, principalmente, em seus atos.
Hoje em dia as pessoas não se entrelaçam psíquica e psicologicamente. O envolvimento é apenas físico, sexual e dura os instantes do ato, depois cada um se esquece da existência do outro e, principalmente, que esteve com um ser humano na cama há pouco tempo.
Há muito de vazio, de raso, de um nada cheio de detalhes, há muito pouco de sentimento, de compaixão, de respeito, de simplicidade. Mas ainda existem aquelas pessoas que se envolvem, que se entregam quando fazem algo, que colocam sua alma em suas atitudes. Raridades no mundo dos senz´anima.
Todavia, bem ou mal, é graças a estas pessoas que ainda acredito no amor e na pureza humana, existem pessoas que além de pensar conseguem sentir, existem pessoas que mais do que o temor ao romance e ao compromisso temem machucar o outro e sofrer. Ainda existem pessoas por ai que sentem, eis uma luz no final do túnel para o mundo e para a raça humana.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 16 de junho de 2010.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Selecionando as maçãs.

Selecionando as maçãs.

A partir de um momento da vida da gente alguns detalhes perdem totalmente a importância. A partir de um momento a gente deixa de se sentir vítima de qualquer coisa para se sentir autor de nosso próprio destino, a partir deste momento nada que os outros pensem a nosso respeito tem significância.
O que nos importa é o que nós pensamos, é o que nós sabemos a respeito de nossa índole, de nossos sentimentos presentes ou pretéritos, dos outros não se espera muito, apenas um pouco de respeito, sinceridade e dignidade.
Todavia existem pessoas mentirosas e falsas que se importam unicamente com elas mesmas, assim, com o decurso de um pouco mais de tempo a gente aprende a ouvir a intuição com muita, muita atenção. Quando ela diz “pula fora que é roubada” o negócio é nunca mais atender ao telefone ou dar atenção ao que o outro fala.
Se a gente ouvisse sempre nossa intuição iríamos evitar um bom bocado de situações indesejadas, mas é preciso errar para aprender, é preciso confiar para aprender que é preciso desconfiar muito mais. A gente nunca esta vacinado contra todo tipo de mal, nem contra todo tipo de maldade.
Fato é que a partir de certo momento a gente fica forte e nem o engodo nos irrita tanto quanto outrora, aquele que tenta enganar é que sai enganado. Quem perde é sempre o outro, afinal a gente possui virtudes que ele desconhece ou que, simplesmente, aprendeu a desconhecer. Azar o dele, ponto final.
É simples viver e conviver, é como separar maçãs na feira, a gente separa as bonitas, as belas, as que intuímos ser mais gostosas, às vezes a gente erra, mas o que importa é ter escolhido criteriosamente, um engano às vezes é normal, o incomum é repetir o erro. Com o passar do tempo a possibilidade de errar diminui, é preciso experiência. E só.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 15 de junho de 2010.

Valorize

Valorize

Passam os dias, passam as horas, vivemos correndo atrás de objetivos, metas e desejos sem que paremos para ver os milagres quotidianos de nossa vida e, muitas vezes, sem que percebamos as pérolas que surgem em nosso caminho.
Podemos errar muito na vida, mas não podemos deixar de apreciar o que esta em nossa frente. Quando esta. Se você não valoriza as coisas no momento em que elas estão aptas a serem valorizadas corre o risco de perdê-las para sempre. Sim, para sempre.
A vida pode, talvez, lhe dar uma segunda chance, todavia não existe no mundo racional uma terceira chance. Talvez você consiga o afeto de seu cão após enxotá-lo pela terceira vez desde que lhe ofereça comida, mas você não recupera um coração após feri-lo mais de duas vezes. Ao menos que seja um coração muito, muito tolo.
Você não obtém uma terceira chance nunca mais na vida, mas, para todos os efeitos evite precisar de uma segunda chance, pessoas realmente maduras sabem que não vale à pena dar amor a quem precisa lhe pedir perdão. Amores puros não coexistem com ofensas e perdões, apenas amores doentes aceitam este jogo, igualmente doentio.
Valorize o que você tem no dia de hoje, la vita è adesso, a vida é agora. Não desperdice oportunidades, pense antes de agir, fale o que sinta sem medo, mas nunca fale sem pensar. A vida requer o uso inteligente das emoções e da razão, se desfalcou uma delas você tropeça, e nem sempre se levanta.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 15 de junho de 2010.

Paixão Nacional

Paixão Nacional

Hoje é o dia que o Brasil pára. Dia de jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo 2010. Futebol a paixão nacional, eis o que dizem. E tem que ser paixão mesmo porque apenas ela é assim, tão irracional e, porque não dizer, inexplicável.
Hoje à tarde quando a nossa seleção entra em campo, ricos, pobres, poderosos e subalternos se igualam, o futebol é algo muito democrático, ou melhor, a paixão por ele é que é. Une ponta a ponta do País num êxtase totalmente abstido de racionalidade, onde a Nação toda esquece das desigualdades sociais, dos problemas financeiros, e, inclusive dos próprios probleminhas particulares para ser curvar diante dos homens correndo atrás da bola. (Uau!)
O comércio fecha, o amor pelo trabalho (opa, esse daí nem 3% da população possui, do contrário teríamos uma sociedade de empreendedores e não de empregados) vai para a unha do dedão do pé e tudo o que importa é ver um gol, a bola entrando nas traves do adversário. Chega a ser algo quase obsceno de se dizer, todavia na prática é extremamente inocente, (nunca ouvi falar de quem tenha tido um orgasmo vendo essa cena, no entanto o Brasil pára para ver isso).
A paixão pelo futebol ao contrário de todas as outras paixões que temos em nossa vida, aparentemente não finda. O brasileiro não desiste dela nem se frustrando, não se irrita ao ver seus ídolos que ganham em um mês o que ele não ganhará em duas encarnações fazerem gafes futebolísticas, nada desconcentra o povo de sua paixão enfreada e sem explicação.
Não sou eu que irei explicar essa paixão do povo brasileiro pelo futebol, até porque não acho nenhum argumento plausível para tanto. Creio que as pessoas devem fazer o que desejam para serem felizes e se o Brasil se entusiasma e se alegra estagnando sua produção para assistir a um jogo de futebol quem sou eu para criticar? Não vou arriscar ser enxotada do meu País que apesar de ser cheio de problemas ainda é minha Pátria e nessa fase de dificuldades não desejo me tornar uma apátrida, talvez daqui uns anos eu pense sobre o assunto e fale o que eu pense, ou não.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 15 de junho de 2010

domingo, 13 de junho de 2010

"Levou o fora? Mata."

“Levou o fora? Mata.”

Estava assistindo a uma reportagem sobre o provável assassinato de uma colega pelo ex-namorado e me recordei que há quase seis anos quando me formei eu achava o crime passional o mais “humano” dos crimes porque envolve animosidades, paixão, frustração, raiva e a conseqüente irracionalidade que ela gera.
Hoje eu não penso assim, ou melhor, compreendo o homem passional, o homicida passional e seus sentimentos doentes, mas não aceito suas defesas na maioria dos casos. Não há homens nem mulheres matando o companheiro ao pegá-lo na cama com outra pessoa, situação em que eu compreenderia a ira, o ódio, a raiva e a perda plena dos sentidos e da razão. Era assim no passado, era assim na época dos crimes “humanos” que eu mencionava ao me formar, agora não é mais desta forma.
As pessoas estão matando seus “ex” porque não aceitam perde-los. Meu Deus, quem são os pais destes seres abomináveis que não aprenderam a perder, que pensam que o outro deve amá-los e ficar ao seu lado porque possuem algo que eles estimam em si mesmos? Quem criou esses monstros?
Será que futuramente precisaremos pedir exames de saúde sexual e psíquica antes de dormirmos com alguém e assumirmos um compromisso com essa pessoa, porque, de repente ao rompermos a relação poderemos receber um tiro na nuca, podemos ser esfaqueadas, assassinadas na saída de nossas casas? Até quando precisaremos sofrer para romper uma relação e sofrer mais ainda com o medo de perder nossa própria vida porque nosso, outrora “amado” não aceita o fim, não aceita um “tchau”?
Por favor, minha gente, que loucura é essa? Quem disse que aquele que sai de casa, que aquele que deixa um lar ou um romance não sai esvaído em sofrimento e frustração? Ou será que você pensa que a mulher faz amor com o marido à noite, vira para o lado e pensa “ah, mas ele não é nenhuma brastemp, amanha peço a separação”? Sofre tanto quem tem que dizer adeus quando o que leva o "fora", embora esse possa se fazer de “vítima” para todo mundo, dizer que foi “usado e largado” que a sociedade machista lhe dá o direito de comprar uma arma ou contratar um jagunço para matar a infeliz da ex-mulher (?).
Bendita seja a Maria da Penha. Mas, mais ainda, benditos sejam os pais que sabem educar seus filhos para ganhar e principalmente para perder, para ouvir um sim, como para ouvir um não, para amar, para serem amados, mas, principalmente para respeitar o sentimento alheio e o fato de que ninguém é obrigado a amar alguém e a ficar ao seu lado quando se sente infeliz. Bendita sejam a maturidade, a compaixão, a empatia, a auto-estima e o auto-respeito que estão ficando cada vez mais escassos nesse mundo que está a cada dia mais insano e imprevisível. Que Deus nos proteja!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de junho de 2010.

Meus cabelos e a sabedoria.

Meus cabelos e a sabedoria.

Há alguns anos atrás eu tinha muito cabelo. Comprido, bastante volume. Lembro que olhava para as cabeças com pouco cabelo e até invejava positivamente. De luzes em luzes, escovas em escovas, estresses em estresses, perdas em perdas, sofrimento em sofrimento tenho hoje metade da cabeleira que eu tinha há pouco mais de três anos.
Estava olhando algumas fotos e me apavorei com o volume de bochechas e de cabelo que eu já tive a mais que hoje, confesso que me passou pela cabeça que nessa progressão eu terminarei a vida careca e caquética, mas isso apenas me passou e foi embora, até porque não tem lógica alguma.
A lógica mesmo é que o tempo passa e a gente muda, nem sempre o cabelo diminui, nem sempre as rugas ganham espaço enquanto a tez lisinha vai embora, mas a alma muda, a gente cresce, a gente aprende, amadurece aponto de esquecer como era ter uma cabeleira de diva, isso nem nos importa mais. Não nos importa nenhum pouco.
A gente deixa de observar os cabelos alheios também, a gente perde a crença na beleza alheia e na aparência de felicidade que todo mundo intenta transmitir. A gente deixa de acreditar nas palavras para avaliar os atos, a gente deixa de olhar os sorrisos para aferir o olhar, a gente deixa de ouvir as fofocas para se preocupar com os sentimentos alheios, a gente deixa de acreditar nas posses materiais para acreditar nas posses do espírito, da alma.
Com o tempo a gente vai mudando e deixa de ser o que era, com o tempo a gente pega na própria cabeça, sente as melenas nela e não se recorda como era ter um grande volume adornando nosso rosto, afinal, com o passar do tempo a gente não se importa com os cabelos, nem com a cabeça, a gente se preocupa com o que guardamos dentro dela, o resto é o resto, o tempo leva, o vento despenteia, mas o que tem ali é nosso e ninguém nos tira e, o que é melhor, tende a se aprimorar, a crescer e evoluir ao contrário do que há fora dela.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de junho de 2010.

Dois grandes mitos dos relacionamentos afetivos.

Dois grandes mitos dos relacionamentos afetivos.

Quero falar a respeito de dois grandes mitos das relações afetivas humanas, uma delas é o mito da “separação amigável” e outra é o mito do “diálogo sobre sexo para aprimoramento da vida íntima”, ambos são tão verdadeiros quanto o gato que usava botas: Não existem, não funcionam.
“Separação amigável”, oh que lindo! Nos “separamos e ficamos amigos”, “nos separamos amigavelmente, não houve brigas”: Não acredito, se isso aconteceu é porque o amor foi sempre uma falácia ou o sexo foi sempre ruim. Se o casal tinha uma relação normal e se separa uma das partes sai ferida, ou ambas. Ah, “as brigas que não existiram”, meu caro, pára e pensa: Não houve brigas quando um decidiu sair de casa, mas e durante a relação, e o sofrimento até a decisão por ela? Tem certeza que não ocorreram ou quer enganar a si mesmo?
Há em quase toda separação amigável ou não o desprezo latente, separação amigável só existe no papel, no mundo jurídico que é justamente para economizar tempo e litígio quando uma das partes não suporta ouvir a voz da outra ou olhar para sua cara. Às vezes há mais bem querer recôndito entre os que enfrentam uma separação litigiosa do que entre os que optam pela amigável, onde, de regra um dos separandos sai abrindo mão até do próprio ar para poder resgatar a própria liberdade e esquecer que um dia disse “sim” ao pseudo-amor do outro.
Outro mito aconselhado pelos sexólogos inocentes e demais profissionais que querem vender livretos de auto-ajuda: “Para a vida sexual se ajustar explicite o que gostas na cama, manifeste suas opiniões e desejos”. Meu caro, se você precisa colocar seu parceiro sentado e dizer como e do que você gosta é porque sua relação sexual é uma porcaria, e, sinto informar, pode até dar uma “arribada” mas nunca será “a relação”, você nunca vai ter “o sexo” com seu companheiro.
Desista, meu amigo, no sexo ou há o perfeito encaixe de “peças” e sacanagens com ambos usando língua e boca para qualquer coisa menos para dialogar, ou jamais vai haver “o fogo”, “a química” que faz a gente pensar mil vezes antes de colocar o parceiro a perder.
Claro, existem pessoas de todos os gênios, pessoas com todos os gostos e personalidades, uns mais gélidos, outros mais quentes, mas, sinceramente companheiro, separação amigável e conversa sobre sexo pró-relacionamento, com ariano ao menos não rola. É mito, invenção que alguma pessoa de coração e corpo frios inventou por ai e ganhou relevo porque o homem adora uma boa historinha hipócrita.

Cláudia de Marchi.

Wonderland, 13 de junho de 2010.

sábado, 12 de junho de 2010

Conquistando

Conquistando

Eu quero ser conquistada, quero que minha essência seja captada e não apenas minha aparência. Quero me sentir prioridade e não opção de primeiro nível na vida de alguém. Não importa o nível em que se coloca a opção, ou se trata de prioridade ou nada feito.
Não quero elogios, mas sim atos. Lamento, sou acostumada com elogios. Atitudes convencem, atitudes enaltecem, atitudes conquistam ou repulsam. Não sou mais uma jovem de 18 anos, tenho quase 30, graças à Deus!
E juntamente com a maturidade a gente ganha esperteza, não falo em malícia, em maldade, mas na capacidade de perceber pela fala ou pelo silêncio quando alguém esta desejando, querendo ou tentando nos enganar, nos ludibriar, ou, pelo contrário quando realmente quer entrar e ficar dentro de nosso coração.
Têm mulheres que acreditam em qualquer desculpa ou algo assim? Sim, existem mulheres menos inteligentes, mas existem as que fingem que acreditam porque, como você, elas desejam apenas “usá-lo”. A vida adulta tem truques para todos os gostos, “mágicos” para todas as platéias.
Pessoas especiais pedem pessoas especiais. Pessoas especiais e maduras sabem reconhecer facilmente quem é ou não “especial”, o que não acontece quando apesar da alma limpa a gente tem a mente ingênua e pouca experiência com pessoas fraudulentas, com “estelionatários” afetivos. A maturidade faz milagres, ou melhor, ela coloca lentes transcendentais na visão da alma de quem aprendeu com a vida.
Quanto mais madura, mais esperta, quanto mais esperta mais seletiva, quanto mais independente emocionalmente mais exigente e menos “enganável”. Então, não venha julgando o perfume pelo frasco para não se enganar e terminar saindo tosquiado depois da busca pela boa lã.
É preciso muito mais do que papo, muito mais do que aparência e atração, é preciso fazer-me sentir especial sentindo que sou realmente, sentindo a minha essência com a alma e não com o olhar, do contrário, antes só, sempre só.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de junho de 2010.

Crenças eternas.

Crenças eternas.

Eu acredito na possibilidade de ser feliz sozinha, do contrário estaria me contradizendo porque me sinto feliz e estou só, todavia, não nego, pessoalmente eu nasci para amar, para ter a quem amar, zelar, acarinhar, e, claro passar bons momentos de intimidade. Alguém com duas pernas e não apenas dois gatinhos de quatro patas.
Adoro ver casais felizes, adoro sentir que as pessoas se relacionam bem, adoro ver pessoas se relacionando harmonicamente, “juntando” as escovas de dente, casando, se gostando realmente. Podem achar que isso tudo esta fora de moda, pode ser que esteja para o mundo, não para mim.
Podem ter me dado todos os motivos do mundo para não acreditar no amor, para perder a fé na bondade humana, na honestidade das pessoas, na veracidade do que sai de suas bocas sorridentes, mesmo assim eu não perdi a fé no amor, nos seres humanos e na possibilidade de ser feliz num relacionamento amoroso maduro.
Já dizia Tom Jobim “fundamental é mesmo o amor”, e para mim é: A vida tem outra cor, você olha uma vitrine, uma paisagem, um lençol, um cartão, lê um poema, um livro e lembra-se do seu parceiro, o céu sempre azul tem outro brilho, as flores um aroma e cores mais vívidos, a vida fica mais graciosa, mais iluminada.
Podem meus romances terminar, pode meu casamento ter sido superficial na duração e intenso no sofrimento, posso ter findado namoros, posso ser exigente e deixar de lado pessoas que me admiram, posso sofrer novamente, a fé no amor eu levarei para sempre no meu coração.
Se for para viver tendo medo de amar ou sem acreditar nas pessoas e em sua bondade, se é para viver sem crer que o amor faz bem e enriquece nossa vida eu prefiro morrer. Levarei meu coração bom e minha alma bondosa, um dia, para outro mundo e junto com ele levarei minhas crenças no bem, no bom do ser humano e no amor puro, creio que sem tal crença nenhuma vida mereça ser vivida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de junho de 2010.

Solteiros e sozinhos, sim!

Solteiros e sozinhos, sim!

Dia dos namorados, acordei inspirada embora com a consciência de que não vou receber presente algum no dia de hoje, mas, e daí? Eu ainda me suporto solteira e sozinha, o que não esta acontecendo com a maioria das pessoas que, aparentemente não se suportam e precisam a todo instante de relações vagas e superficiais que terminam com a mesma velocidade (intensa) com que começam.
Virou moda o novo estado civil: Solteiro, mas não sozinho. Parece que namoro é coisa do passado, ora essa, ou você esta solteiro namorando, ou você esta solteiro sozinho, apenas envolvido em algum aspecto com alguém. Aspecto frágil, do contrário estaria namorando. Ora essa, o que há de errado em compromissos minha gente? O que tem de errado em sair de mãos dadas com uma pessoa, em fazer amor apenas com ela e, enfim, amá-la?
Se você esta com alguém e seu coração não pulsa por ele, se você não sente paixão ou amor seu estado civil é um só: Solteiro e sozinho, sim! Não importa que ao anoitecer tenha uma companheira em sua cama para passar a noite, você só deixa de ser sozinho quando o seu amor próprio é compartilhado e você de coração cheio dá amor a uma pessoa, do contrário seu coração continua solitário, o que não é problema algum, não é algo patológico, afinal não é em qualquer esquina que a gente encontra alguém que mereça nossa entrega, nosso coração.
As pessoas estão usando umas as outras como brinquedos, entretimentos para suprir sua solidão sem que se envolvam porque temem se entregar, temem se envolver intensamente e seguem suas vidas sem envolvimento emocional profundo, sem compromisso algum com um coração, porém comprometidas superficialmente em várias relações que em nada lhes agregam emocionalmente, e que também não fazem seu coração palpitar por nada.
Seguem vivendo sós, não apenas por opção, mas por medo, por falta de ação, todavia não imunes a feroz carência - o que é um indicio de que embora homens e mulheres desejem ser predadores sexuais e afetivos ainda possuem alguns sentimentos humanos, demasiado humanos como diria Friedrich Nietzsche (título de um livro que recomendo). E é graças a essa carência que inventam relações fugazes para passarem seu tempo, para terem prazer, ao menos, físico, ao menos sexual.
O que me assusta é que isso tudo esta virando “normal” e os relacionamentos fugazes que parecem típicos de um parque de diversões humano agora estão se assemelhando a um circo, onde cada pessoa se faz de “palhaço” para a outra: Ao menos por alguns instantes lhe entretêm. E isso é triste, muito triste. Foi-se a coragem de amar, ficou a coragem de usar o outro como passatempo.

Cláudia de Marchi.

Wonderland, 12 de junho de 2010.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cadeia criminosa

Cadeia criminosa

Têm coisas que me indignam de forma bastante sutil. Uma delas é a capacidade humana de julgar de forma tão diversa situações que, na verdade, se bem analisadas não possuem muita diferença entre si. Como advogada não posso deixar de falar da forma com que o senso comum avalia certos ilícitos penais, que, antes de serem crimes previstos em lei são fatos que ferem a moral, a ética e os bons valores (se e enquanto eles existirem, ao menos teoricamente).
Certo dia contei para um amigo e colega sobre um crime ocorrido ao “meu redor” há algum tempo. Ele exclamou: “Mas este crime nem é tão grave!”, se referindo a minha indignação. Pois é, mas o que define a gravidade ou não de um delito, de um ato? Na minha visão são as conseqüências que ele gera e o que ele envolve, não apenas a pena que o legislador previu para o caso criminoso.
Se você visualizar o camaradinha de família rica da esquina que comprou um aparelho de som para seu carro novinho por um preço ínfimo, juntamente com umas rodas de liga leve de primeira geração por preço igualmente barato, você irá dizer que isso “nem é crime grave”, todavia se você imaginar um casalzinho enamorado saindo de casa para passear quando dois rapazes armados os rendem violentamente e levam o automóvel que nem seguro possuía (pobre do casal, eles ainda confiavam na “segurança” como dever a ser bem cumprindo pelo Estado) você vai achar que ai se trata de um crime grave, isso, claro, quando o “lord” não resolve reagir e leva um tiro.
Da mesma forma você pode julgar como grave o ato do rapaz que anda de carro importado e recebe a grana recebida pelos dois rapazes na venda das rodas e do rádio para pagamento de algumas gramas de cocaína que os dois usaram. Então, meu povo, será que além da cadeia para onde os criminosos costumam ir e sair com alguns benefícios não existe uma suja cadeia criminosa que, apenas a primeira “vista” é intangível?
A solução para a criminalidade vai muito além da aplicação de leis, da aplicação de penas mal previstas. A solução é educação, é investimento em saúde, em empregos, em diminuição das diferenças sociais gritantes que assolam o País. Talvez apenas assim as coisas possam se regenerar, ou, ao menos, pararem de piorar, quiçá o povo recupere um pouco o verdadeiro sentido da moral, e aqueles que sustentam os infelizes que cometem “crimes mais graves” deixem de fazê-lo. E estes, meus caros, normalmente não estão nos arrabaldes da cidade ou nas favelas, são seus colegas de trabalho, amigos, vizinhos, esses seus conhecidos que “não cometem crimes tão graves, só não querem gastar muito ou pagar impostos”.
A honestidade é um dos valores que mais vem se esvaindo no mundo moderno, por isso esta epidemia de crimes ocorrendo a todo instante nas pequenas, médias e grandes cidades do País. Em busca de lucro fácil, em busca do “barato”, com base na desculpa de que o “Governo é desonesto” o povo se entregou a malícia e cada vez mais os crimes estão se tornando comuns e, infelizmente temos que ouvir que o crime do rapazinho de camisa engomada “nem é tão grave assim”. Será mesmo minha gente?

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de junho de 2010.

Mulheres bonitas e currículos.

Mulheres bonitas e currículos.

Se você é uma mulher bonita sugiro algumas táticas de trabalho: Seja autônoma, abra seu negócio e não dependa de ninguém do sexo oposto para levar seu empreendimento adiante, faça um concurso público bom, seja atriz, comediante, faça vídeos nua, poste na internet e vire “modelo” estilo Big Brother.
Se você for menos bonita, se você se achar feia, sem graça, mas culta e inteligente, sorria! O sucesso chegará rapidamente à você. As únicas carreiras em que beleza ajuda são as televisivas, as de “modelos bundudas e peitudas” da vida.
Você, mulher inteligente, sorriso bonito, corpo em forma que vai procurar um emprego com seu lindo currículo em mãos, prepare-se para se sentir pior do que uma prostituta, sim, até porque elas recebem dinheiro para ouvirem elogios falsos de quem além de desejar-lhes, lhes paga para transar com elas.
Se alguém lhe atender vai ficar olhando para teus olhos, pedindo o que você pensa sobre qualquer imbecilidade enquanto analisa cada piscada dos seus olhos e movimento de seu corpo. O currículo? Ah, havia me esquecido: O sujeito também ignorou ele, depois que ele notou que você fala e sorri o currículo é só algo que ele usa sem olhar para brincar de folhar.
A beleza física feminina exige demais do cérebro da mulher e da paciência. É impossível ser bonita e simpática e não ter no mínimo um chilique desgraçado (como diria o Raul) ao sair de alguma empresa ou escritório. As pessoas ainda acreditam que mulher bonita e inteligente é a companheira do cavalheiro sem cabeça, ou seja, é lenda. Mas não é, acreditem, não é!
Então, querida, antes que você mesma se atreva a cortar sua cabecinha do pescoço ou sair mundo afora com uma pistola assassinando os velhos e jovens tarados e infames do mundo erga a cabeça e não desista. Tente, vá atrás e siga a filosofia do A.A: Um dia de cada vez. Hoje, quem sabe, seja o dia em que você irá em busca de seus interesses com seu currículo em punho e nenhum calhorda ousará cantar você, para sua alegria e paz de espírito. Mas hoje, amanha nada é garantido, o.k?

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de junho de 2010.

Reclamações e mudanças.

Reclamações e mudanças.

Não reclame demais, não critique demais, não se exija ou se puna demais. As coisas na nossa vida acontecem porque devem acontecer e porque nosso livre arbítrio, bem ou mal, nos direcionou a elas. Se reclamar ajudasse eu fundaria uma sociedade para as pessoas reclamarem e chorarem à vontade.
Reclamar, chorar ou sentir-se vítima dos fatos e das circunstancias da vida só pioram. Enfraquecem nossa alma que é a base de nosso corpo, maltratam nosso espírito que é nosso corpo imaterial eterno.
É preciso ter coragem para viver. É preciso coragem para recomeçar, para amar, para se envolver e para ser feliz. Pessoas covardes nunca serão felizes, elas se auto-sabotam e continuam em seu ritmo de vivência “reclama, chora, reclama,chora” sem nunca tentarem mudar nada, ou em nada, afinal o primeiro passo para a revolução na vida é a mudança interior.
Aliás, a mudança de paradigmas, a mudança intima é a mais difícil, a que, mais exige nossa boa vontade, mas a única que é capaz de revolucionar nossa vida. Nunca é tarde para mudarmos, mas não estenda a crença na mudança ao outro: Não fique ao lado de alguém que você acha que precisa mudar ou que lhe diz que vai mudar.
As pessoas mudam por elas mesmas, porque precisam, porque desejam, porque querem evoluir. Nenhuma mudança começa na vã promessa ao outro, as mudanças realmente nascem dentro do homem e se expandem para suas atitudes. Palavras não mudam nada em ninguém, acredite apenas nas atitudes e tome as suas, é na ação que o homem mostra quem é na vida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de junho de 2010.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Bendito esquecimento.

Bendito esquecimento.

Bendito seja o esquecimento, bendita seja a memória seletiva e defasada. Durante os últimos anos de minha vida passei por fatos lamentáveis, ouvi ofensas infelizes e padeci com humilhações desnecessárias a minha inteligência.
Sofri um acidente de carro do qual não me recordo absolutamente de nada. Não sei como sai da pista sem frear o carro, subi um morro e capotei. Não me recordo nem do antes, nem do depois, ou melhor, me recordo do momento em que com a ajuda de desconhecidos e de dois respeitáveis policiais eu recuperei a consciência.
Tive o pior Natal e final de ano de minha vida. Estresse, pressão, nervos a flor da pele, nada do que eu fazia era bom, todo meu esforço fora menosprezado, minha inteligência desmerecida, meus atos desprezados e desvalorizados. Ocorreram brigas, ofensas, e eu não me recordo de muita coisa, de muitos detalhes. Mas, ainda assim senti uma imensa e profunda dor e demorei um pouquinho para me curar de vez.
Sei que pessoas de minha família viram meu estado de fragilidade, sei que não foi por pouco sofrimento que minha memória se esvaiu, sei que foram tomados remédios e que estive no limite de desistir de absolutamente tudo, isso eu me recordo, mas tive e tenho a benesse de não me recordar de cada gesto, de cada palavra ou ato que me levaram ao fundo do poço do qual eu sai, graças a Deus e a borracha que Ele passou em minhas pérfidas lembranças.
Lembranças ruins, lembranças traumáticas quando vívidas em nossa memória nos fazem reviver a dor por mais tempo, acentuam nossos traumas, nossos medos, nosso pesar. Abençoado seja o esquecimento involuntário e milagroso de fatos terríveis. Se passamos por eles, claro, foi por algum motivo, mas não merecemos tê-los acesos em nossas mentes nos trazendo mágoa e sentimentos infelizes à tona em nosso coração.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 08 de junho de 2010.

Amores bandidos.

Amores bandidos.

Dê um tempo para as paixões bandidas da sua vida, vire a página. Chega de romances “afasta e volta”, “vai e vem”, daqueles que são ótimos na saudade e péssimos na realidade. Amadureça afetivamente.
Claro que todo amor bandido tem um toque de excitação, afinal, de regra é na cama que ele eclode. O amor bandido tem desafios, diferenças que o homem teimoso acha que pode superar. Nas paixões bandidas um e outro querem “vencer” as diferenças, aquilo que vêem de ruim no outro.
Amores bandidos são prisões, calvários afetivos e não libertação, rejubilo e alegria que são as bases de uma relação afetiva saudável e feliz. Amor bom é aquele que não precisa da saudade para se fortificar, é aquele que não precisa se tornar um vácuo para ser valorizado.
Ama bem, quem se ama bem. Ama bem quem tem maturidade e quem consegue estabelecer um relacionamento saudável e harmonioso no dia a dia. Pessoas assim só sentem saudade quando o outro viaja, quando o outro está ausente e não quando o outro,infeliz e magoado, foge mundo afora.
Assim como existem os doentes da mente, os doentes fisicamente existem os doentes afetivamente: Pessoas que não conseguem estabelecer um relacionamento forte e maduro, pessoas que precisam da briga, que precisam da desarmonia e da plena ausência do outro para valorizá-lo. Existem pessoas que só sabem amar bandidamente, isso é um fato lamentável.
Fuja desse tipo de pessoa pelo bem de seu próprio coração. Quando você tiver se tornado saudade, quando ele sentir o vazio de sua falta ele vai acreditar que lhe ama e que você é tudo para ele, mas quando, enfim, ele conseguir lhe trazer para a prisão de seus braços vai lhe judiar e maltratar novamente. E assim você irá embora, e assim ele vai a sua caça e este jogo continua indefinidamente até terminar em tragédia, ou, quiçá nunca findar.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 08 de junho de 2010.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Baladas

Baladas

Depois de muito tempo sai à noite com minhas amigas. Música, animação, comemoração da minha nova fase e nova vida, tudo ótimo, todavia a noite é e sempre foi, para mim, igual. Pessoas arrumadas, algumas olhando para as outras como se fossem presas.
A noite é legal, mas para dançar, dar risada e não para sair buscando um amor, uma companhia. Bem, para quem quer só sexo talvez até possa ser interessante, todavia nunca foi o meu caso.
Aliás, não sirvo para baladeira, mas dançar e cantar são o máximo. Quando a gente dança esquece os problemas, esquece até mesmo das pedras que temos em nossos sapatos. Entregamos-nos a uma energia positiva de alegria, de animação, e é por isso que a noite continua sendo uma opção de divertimento inclusive para mim que estou num período de “casamento comigo mesma”.
Dançando nossa alma se desprende da rigidez de nosso ofício e a música embala nossa sensação de liberdade, de plenitude intima. Não é preciso beijar ninguém, abraçar ou qualquer outra coisa mais íntima, aliás, ando numa fase de super valorização do romantismo.
Quero me apaixonar novamente, mas há de ser uma relação romântica, doce, sem aquela pressa toda, sem desatino. Quero rosas, flores, beijinho na mão, no rosto, essas coisas que esses jovenzinhos “baladeiros” ou esses “velhos caçadores” de menininhas desconhecem. “Balada” é bom para quem quer só se divertir, dançar, dar risada, o resto é conseqüência, ou, simplesmente é totalmente desimportante e desnecessário.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 07 de junho de 2010.

Como antigamente.

Como antigamente.

Sinto se parecerei retrógrada ou machista, mas existem certas coisas na modernidade com as quais eu não simpatizo muito. Que nós mulheres temos que trabalhar, ter nosso sustento e independência, isso é ótimo e salutar, mas algumas coisas eu acho que não deveriam ter sido mudadas.
A evolução feminina aniquilou com o romantismo que pairava no mundo. Ora, eu admiro um homem que abre a porta do carro para a dama, que coloca a mão em suas costas num local público, que pega na mão e beija, e, também que paga a conta do jantar que ele convidou!
Não é interesse escuso, mas é fato que homens e mulheres são diferentes e que, ao menos para mim, é saudável a sensação de proteção, de estar com um cavalheiro de verdade. Não pode pagar o restaurante chiquérrimo, não tem problema, vamos comer pizza, mas, ao menos no primeiro encontro meu camarada, aja como um gentleman.
Essa coisa de mulher chegando “junto” também não me agrada, na maioria das vezes. Acato em exceções raríssimas. Flertar com um olhar ou um sorriso esta ótimo, se o homem for minimamente inteligente e estiver a fim ele vem atrás. Telefonar no dia seguinte se ele quando ele disse que ligaria? Não. Não e não. A iniciativa para o “algo a mais”, para mim ainda deve ser do homem, a mulher deve ser receptiva ou não, de acordo com o que ela deseja. Faz bem até para o ego masculino sentir que estão no comando, eles adoram.
Daí, namoro estabelecido, relação harmoniosa, tudo fica mais à vontade e a mulher não pode nem deve reprimir seu instinto, suas vontades. Quer fazer amor querida, ataque! Passou a fase da conquista e entre quatro paredes vale tudo, mas é lá no início e no “fora” das quatro paredes que eu continuo a achar que o homem tem que agir como agiam os cavalheiros de antigamente. Assim o romantismo não morre por completo no mundo.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 07 de junho de 2010.

domingo, 6 de junho de 2010

Missão cumprida, ou não?

Missão cumprida, ou não?

Eu não sei ao certo quais são as melhores sensações da vida. Não sei quais os melhores momentos da vida, creio, inclusive que os momentos mais marcantes em nossa existencia não tenham banda tocando ao fundo, nem champagne importada, mas sejam aqueles momentos simples, de paz interior, de carinho com quem amamos, aquele momento em que vemos o amor no olhar do outro sem precisarmos ouvir mais nada.
A vida – se bem vivida- nos propicia uma série de sensações explendidas, mas, certamente,uma das mais revigorantes para a nossa alma é a de termos cumprido nosso dever, é a de termos feito o melhor que podiamos para realizar nossos intentos, para sermos felizes e fazermos quem nos cerca feliz.
Pode ser triste respeitar, dar amor, dar carinho, dar apoio, dar afeto, e receber ingratidão, brutalidades verbais, desrespeito e falta de carinho em troca, todavia, mais triste do que isso é saber que as oportunidades passaram e nunca mais voltarão porque não nos doamos, porque não nos empenhamos, não demos o melhor que podíamos, não demos nosso mais puro amor.
O sofrimento daquele que não fez o possivel para ser feliz com alguem, ou para ter sucesso e prosperidade de forma honesta e nobre é muito maior do que o daquele que fez e, por atos alheios ou meras circunstâncias da vida, frustrou-se. Em todos os aspectos e em tudo em nossa vida temos uma missão: A de sermos melhores hoje do que fomos ontem, e melhores no amanha do que somos no presente. Triste é o homem que não se empenha para cumprir tal missão, para ser feliz e fazer felizes aqueles que ama e, tendo os cativado, por eles tornou-se responsável.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 06 de junho de 2010.

sábado, 5 de junho de 2010

Traficantes e usuários

Traficantes e usuários

Não quero falar se sou a favor ou contra a legalização das drogas. Confesso que tenho plena convicção que liberada ou não os usuários continuarão indo buscar o objeto de seu vício e que não seria nada mal tributar esses produtos, assim como o cigarro. Bem, isso são conjeturas e não o assunto deste texto.
Sou bastante objetiva e não cultivo muitas ilusões em minha mente. Quem veio antes, o ovo ou a galinha? O ladrão sobrevive do que? Da venda dos produtos roubados, na maioria das vezes. Então, quem o sustenta não são os receptadores? E porque a penalidade para estes é inferior a daqueles?
Existem crimes e atos que existem na dependência de atos alheios, exemplo disso é o tráfico de entorpecentes. Para quem os traficantes venderiam seus produtos se não existissem os usuários? Para ninguém, de repente consumiriam tudo para não perder o estoque e seria uma “limpa”: Todos morreriam de overdose.
Perdão á você, papai de família cujo filho é viciado. Para mim é fato que o Estado não esta conseguindo coibir o trafico ilícito de entorpecentes, logo, ou legaliza e tributa (porque, repito a proibição jamais foi motivo de impedimento para quem deseja se drogar), ou aprimora as leis e volta a inserir o viciado como criminoso.
Ah, mas o traficante é escroto, não presta. Pode ser, mas o traficante não trás as drogas para dar para pombinhas no parque, ele só trafica porque existem pessoas consumindo. A pena para os viciados poderia ser medida de segurança, internação até superar o vício, tudo com o devido acompanhamento psicológico, ou, se não se recuperar encaminhamento ao “xadrez” junto com seus amiguinhos traficantes,
Ninguém toma o rumo do vício porque é proibido e nem o fará se for liberado. Eles buscam nos entorpecentes, inclusive no álcool um escape para problemas de ordem psicológica, insegurança, pouca auto-estima, medo de viver. Mas não é porque os viciados se colocam em posição de coitados (ou, quem sabe, realmente sejam) que eles devam ser tratados desta forma, com piedade e afago na cabeça. Existem psicólogos, academia de ginástica, psiquiatras, eles poderiam escolher outro caminho para a sua cura ao invés de se embrenharem no triste caminho das drogas.
Sou, pois, a favor da criminalização do uso de drogas, ou, por outro lado bem diferente o da legalização geral e controle tributário e da receita federal sobre os produtos como acontece com cigarros e álcool que não deixam de serem drogas. Ou muda a legislação no primeiro aspecto ou no segundo porque, do jeito que está, o Estado vai perder a guerra para os traficantes. Sabem por quê? Porque os usuários estão do lado deles, apenas por isso.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 05 de junho de 2010.

O amor

O amor

Não, por favor, não tente me convencer que você não precisa de companhia, que você não deseja ter alguém confiável para dar amor e ser amado. O pobre, o miserável, o rico e o milionário têm este grande ponto em comum: Mesmo com todo poder financeiro do mundo não há plena alegria sem amor, sem a graça de ter uma mão para nos afagar, um peito para colocarmos nossa cabeça e conversar abertamente e sem pudores sobre tudo.
É pela dor do amor, ou melhor, pela dor da paixão que todos se igualam. É essa dor que gera vinganças, ódio, a total passionalidade capaz de aniquilar com a razão e fazer uma pessoa enlouquecer, perder o chão, perder a graça de viver. O amor é um sentimento democrático, todos podem e devem senti-lo e, em algum momento, todos podem sofrer pela saudade em caso de perda.
Você pode ser bem sucedido, inteligente, independente, carismático e ter dinheiro para pagar as mais belas prostitutas de luxo do País: Na hora de ter uma mão para pegar, um ombro para te consolar, uma companhia que lhe valorize pelo que você é perceberás que, na verdade, és um nada, ou melhos, apenas mais um solitário no mundo.
Não adianta sites de bate papo virtual, não adiantam bebedeiras, não adianta pegar a primeira donzela que acha pela frente para chamar de “sua” se não existem afinidades plenas, se seu coração não acelera, se você não se entrega, se você não ama, não admira da cabeça aos pés, do intelecto ao espírito.
Amar é uma doce pretensão do ser humano, é o amor que dá sentido à nossas atitudes, aos nossos dias nublados que se tornam mais alegres, mais felizes e ensolarados quando podemos abraçar aquele que amamos puramente por ele ser o que ele é. E por ele nos aceitar como somos, imperfeitos, mas cheios de amor no coração.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 05 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Lembranças felizes

Lembranças felizes

Ontem à noite coloquei um “DVD” e, despida de barreiras e sentimentos ruins passei a me lembrar das pessoas especiais que passaram na minha vida nos últimos 10 anos. Meu Deus! Quanta felicidade invadiu meu coração!
Às vezes a gente passa por períodos ruins, tem o azar de conviver com pessoas falsas que mentem que nos estimam (e temos a falta de lucidez completa para crer em vãs mentiras) que chegamos a nos esquecer do quão felizes nós fomos nesta vida e quantas pessoas realmente boas tivemos o prazer de conviver.
Sabores, cheiros, músicas são suficientes para tirar da gaveta das boas lembranças guardadas em nossa memória os sentimentos positivos que vivenciamos outrora. Relembrar é reviver na mente, relembrar a felicidade é ser feliz novamente.
Depois que finalmente fechei e joguei a chave fora da gaveta de minhas más recordações a felicidade chegou perto de mim, entrou em meu coração e não saiu mais. Eu já fui realmente muito feliz nesta vida, tive ao meu lado as melhores pessoas, as melhores companhias. E, hoje, eu sou feliz porque recuperei a lucidez e a certeza de que, realmente, nasci para isso: Para a felicidade.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 02 de junho de 2010.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Preciso ficar só.

Preciso ficar só.

Eu preciso ficar só no momento. Quero ficar em silêncio, curtir a voz alentadora de minha alma. Não quero ser definida, nem julgada. Não quero me tornar posse de ninguém. Complicada? Não sou nunca fui. No momento, não minto, eu estou um pouco mais complexa.
Eu dispenso analista ou pessoas que me amando querem me analisar. Se você desejar, me abrace e sorria junto comigo (sim, porque eu amo sorrir), mas o faça sem segundas intenções. Não me elogie, não tente me envaidecer, não preciso disso, eu sei quem eu sou, mas, por favor, hoje eu quero ficar sozinha comigo mesma porque eu estou muito bem assim.
Estou bem com minha alma, não quero ter que ser educada e agradável, não quero me preocupar com nada nem ninguém e é assim que estou me curando. Há poucos meses atrás um psicanalista dos melhores que conheço disse para minha mãe que eu corri para uma floresta pegando fogo e que me fizeram tanto mal que eu precisaria de dois anos de análise e medicação para me recuperar. Eu o dispensei, embora não duvide de sua competência.
Passei por dias estranhos, dias nublados. Passei por momentos ruins, agitados. Sai de uma relação quase sem sanidade psíquica alguma. Perguntaram-me se eu apanhei no passado. Quanta ignorância! Desde quando violência física é pior que tundas emocionais, pior do que espancamento psicológico? Na surra física as pessoas olham para teu rosto ferido e te entendem, quando a tunda é psíquica ninguém capta tua dor, e a mentira do outro vem contra você e sua fragilidade interior.
Apesar de ter passado por esses dias nublados eu consegui fazer o sol brilhar novamente no jardim da minha alma, sem drogas psiquiátricas e sem psicanálise alguma. Demorou um pouco, mas eu mesma me entendi e, o que é melhor, perdoei minha ingenuidade e atos frutos de uma paixão bandida da qual ninguém esta livre de enfrentar na vida.
Agora, pois, eu só quero um tempinho para curtir eu mesma. Um pouquinho de tempo para gargalhar sozinha, para rir do que antes me fazia chorar, para viver um pouco minha vida monástica, mas cheia de graça. Nada contra você, mas tudo em meu favor. Complicada? Não, no momento: “Fechada para balanço”. (“Quem tem um sonho não dança, Bete Balanço por favor...”).

Cláudia de Marchi

Wonderland, 1º de junho de 2010.