Casamentos curtos
Outro dia fui pegar minha certidão de casamento no cartório. Certidão com a separação averbada, é claro. Então a moça me perguntou o dia do casamento e em que ano foi para facilitar a busca.
Quando falei a data, ou melhor, quando percebi que nem sequer a decoração do local das cerimônias mudou me assustei. Menos de um ano de casamento é algo raro, muito raro, raríssimo.
Mas, certamente é preferível a pouca duração a longa já que a “eternidade” do negócio muitas vezes esta comprometida desde o inicio. O fim dos relacionamentos não deve ser remediado por esperança quando ele é vislumbrado por diferenças de gênios,ou porque um vê no outro um saco de pancadas psicológico onde devem afogar sua revolta com a vida ou com seus problemas.
Antes eu até me assustava ou me envergonhava de ter tido um casamento curto, hoje sinto orgulho da minha coragem e da sinceridade que tive que ter comigo mesma, afinal, ninguém gosta de perceber que fracassou em algum intento certo? E o casamento é o maior que podemos fazer em nossa vida afetiva.
Casar é uma demonstração de fé na relação, no ato de assinar os famosos papéis hoje em dia esta implícita a demonstração de amor mais pública que existe e envolve um grande fator, o da esperança. Todos casam esperando ser felizes, esperando jamais separar. Mas, vem a vida, o dia a dia, os problemas, as desilusões, as palavras mal colocadas, o desrespeito de qualquer forma e vai atormentando, atormentando até um dos dois desistir por completo do outro.
A separação não indicia a desistência do amor ou da felicidade, mas a desistência do outro. A gente só separa de alguém quando tem a certeza de que o outro não conseguirá nos fazer felizes como já fomos outrora quando circundados de expectativa e ilusões. Ilusões patrocinadas por promessas vãs e juras românticas, é claro.
Enfim, se é para desistir meus queridos casados, façam como eu, como as atrizes e jogadores de futebol: Que seja logo, que seja cedo, que seja sem deixar rebentos, que seja com todas as possibilidades de recomeçar, de sacudir a poeira, esperar o coração cicatrizar e seguir adiante a vida e, quem sabe um dia amar novamente. Desistir de alguém, tudo bem, mas do amor não, nunca.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 20 de junho de 2010.
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