Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

domingo, 13 de junho de 2010

"Levou o fora? Mata."

“Levou o fora? Mata.”

Estava assistindo a uma reportagem sobre o provável assassinato de uma colega pelo ex-namorado e me recordei que há quase seis anos quando me formei eu achava o crime passional o mais “humano” dos crimes porque envolve animosidades, paixão, frustração, raiva e a conseqüente irracionalidade que ela gera.
Hoje eu não penso assim, ou melhor, compreendo o homem passional, o homicida passional e seus sentimentos doentes, mas não aceito suas defesas na maioria dos casos. Não há homens nem mulheres matando o companheiro ao pegá-lo na cama com outra pessoa, situação em que eu compreenderia a ira, o ódio, a raiva e a perda plena dos sentidos e da razão. Era assim no passado, era assim na época dos crimes “humanos” que eu mencionava ao me formar, agora não é mais desta forma.
As pessoas estão matando seus “ex” porque não aceitam perde-los. Meu Deus, quem são os pais destes seres abomináveis que não aprenderam a perder, que pensam que o outro deve amá-los e ficar ao seu lado porque possuem algo que eles estimam em si mesmos? Quem criou esses monstros?
Será que futuramente precisaremos pedir exames de saúde sexual e psíquica antes de dormirmos com alguém e assumirmos um compromisso com essa pessoa, porque, de repente ao rompermos a relação poderemos receber um tiro na nuca, podemos ser esfaqueadas, assassinadas na saída de nossas casas? Até quando precisaremos sofrer para romper uma relação e sofrer mais ainda com o medo de perder nossa própria vida porque nosso, outrora “amado” não aceita o fim, não aceita um “tchau”?
Por favor, minha gente, que loucura é essa? Quem disse que aquele que sai de casa, que aquele que deixa um lar ou um romance não sai esvaído em sofrimento e frustração? Ou será que você pensa que a mulher faz amor com o marido à noite, vira para o lado e pensa “ah, mas ele não é nenhuma brastemp, amanha peço a separação”? Sofre tanto quem tem que dizer adeus quando o que leva o "fora", embora esse possa se fazer de “vítima” para todo mundo, dizer que foi “usado e largado” que a sociedade machista lhe dá o direito de comprar uma arma ou contratar um jagunço para matar a infeliz da ex-mulher (?).
Bendita seja a Maria da Penha. Mas, mais ainda, benditos sejam os pais que sabem educar seus filhos para ganhar e principalmente para perder, para ouvir um sim, como para ouvir um não, para amar, para serem amados, mas, principalmente para respeitar o sentimento alheio e o fato de que ninguém é obrigado a amar alguém e a ficar ao seu lado quando se sente infeliz. Bendita sejam a maturidade, a compaixão, a empatia, a auto-estima e o auto-respeito que estão ficando cada vez mais escassos nesse mundo que está a cada dia mais insano e imprevisível. Que Deus nos proteja!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de junho de 2010.

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