Distância
Algumas frases, alguns “ditados” são tão simples e verdadeiros que acabamos fazendo “pouco caso” de seu significado, de seu sentido e das lições que deles emergem, na verdade, nem paramos para analisar o seu real sentido.
Uma destas afirmações “prontas” é aquela que diz que, “não havendo nada de bom para falar, convém calar-se”, existem outras com sentido interessante, mas esta leva a conclusão de que: na ausência de bons sentimentos e desejos para com o outro é preferível não sentirmos nada, apenas nos distanciarmos.
Desejar o mal para alguém nunca é bom, por pior que seja o mal que esta pessoa nos tenha feito, o mesmo vale para a tentativa de vingar a maldade alheia. Ninguém se vinga e nem deseja o mal para outrem sem se intoxicar com a maldade, sem beber da mesma água que o maldoso, ou seja, sem que se iguale a ele.
Quando somos imaturos, pouco vividos ou convencidos de que somos superiores aos outros desejamos que os outros “paguem” o mal que nos fizeram através de atos, palavras, fofocas, traições, intrigas, descaso, humilhações, ofensas de toda espécie, etc. Desejamos, pois o mal do outro na exata medida em que ele nos “judiou” como se fossemos “Deus”.
A vida, o sofrimento e a maturidade nos ensinam a não desejarmos o mal aos nossos “malfeitores”, a quem nos inveja, a quem nos traiu a confiança e a lealdade, a quem criticou e tripudiou injustamente de nossos sentimentos e atos, a quem agiu com falsidade e com intenções sórdidas de abuso de confiança, e, sim, a desejar apenas a distância, a falta completa de contato com tal pessoa: o não ver, o não olhar, o não conversar, o não encontrar, o não dialogar, nem por telefone, nem pessoal ou “virtualmente”.
De tudo o que é ruim o homem inteligente e maduro deve desejar o afastamento, apenas assim ele viverá feliz e em paz longe de quem, por ser maldoso, fútil, invejoso, ignorante, intolerante, mal intencionado, tolo ou egoísta lhe magoou, enganou e lhe fez sofrer. Distância: este é um desejo saudável e conveniente em relação a quem não merece nenhum apreço de nossa parte.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 24 de agosto de 2011.
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