“Eu”
Demorei 29 anos para aprender que a palavra mais feia do mundo é o pronome pessoal “eu”. Quem muito fala “eu”, de regra é egoísta, orgulhoso, impiedoso, narcisista, egocêntrico e desconhece o significado da outra palavra, a mais bela, chamada “compaixão”.
Quem sente compaixão, quem, enfim, se compadece com as agruras alheias não costuma usar muito a palavra “eu”, costuma ser melhor ouvinte, costuma se colocar no lugar dos outros e não erige os seus problemas a categoria de “catástrofes universais”.
Ninguém tolera uma pessoa narcisista ou egocêntrica por muito tempo, não sem perder o equilíbrio, a paciência e um pouquinho da sanidade mental. Para viver bem o homem tem que olhar para os lados, ver que cada um tem seus problemas, que vida nenhuma é perfeita, mas muitos de seus inconvenientes são causados por sua própria imprudência, desatenção e desrespeito para consigo próprio ou para com os outros, logo, reclamar é ridículo, um ato praticamente hediondo.
Aquele que diz “eu” o tempo todo não enxerga os problemas alheios e nem se apieda, ao contrário de Cristo que disse na cruz: “Pais, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”, o egoísta diz para si mesmo “o que eu fiz para merecer isso?”, “porque coisas ruins acontecem comigo que sou tão bondoso?”, “ah, meu amigo, imagine se você tivesse os meus problemas!”. Enfim, é a vítima inocente da vida.
Ninguém é inocente no mundo, ninguém é santo e nem puro, em algum ponto da vida todos tendem a usar em demasia o pronome “eu”, mas apenas as pessoas moralmente enfermas não notam nunca que só pensam em si mesmas, enquanto erguem a bandeira do “coitadismo”: “Eu sou um coitado”. Que Deus livre à todos deste tipo de gente!
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 12 de agosto de 2011.
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