Direito de se iludir.
Eu já sofri
tanto na vida que tenho a plena certeza de que as pessoas não me enganam. Eu
percebo o ser por trás do que “aparenta ser”, todavia, não posso negar: tenho o
direito de fingir que acredito em alguém, quando isso me convém.
Em poucos minutos de conversa ou,
dependendo do caso, em poucos dias de convívio eu percebo quais as intenções da
pessoa, se ela emana mais bondade do que maldade, mais pureza do que perfídia,
mais nobreza do que vileza.
Ocorre que é difícil encontrar pessoas
verdadeiramente bondosas e que tenham afinidade com a gente. Essa espécie de
ser humano está em extinção no mundo. Pelo menos, é claro, no mundo em que
vivo.
Sendo assim, elementar que, às vezes, a
gente veja que não se trata da pessoa certa para estar ao nosso lado, mas nos
damos o direito de nos iludir por algum tempo. É uma espécie de erro
premeditado que cometemos com a intenção de aproveitar o lado bom que
determinada pessoa pode ter.
Com exceção das pessoas más e frias de
coração, com exceção das pessoas maquiavélicas que sempre tem segundas
intenções com suas palavras e atos, existem aqueles indivíduos que, embora não lhe
agradem plenamente, podem fazer-lhe felizes por algum tempo.
Logo, em relação
a esses, fingir que não se conhece a realidade pode ser interessante. Não é bom
ser enganado e ser iludido, mas, depois de adquirir certa maturidade, você tem
o direito de se iludir pelo tempo que lhe convém. E que seja pouco, de preferência.
Cláudia
de Marchi
Passo
Fundo, 27 de abril de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.