Alguns dias.
Tem dias em que eu reconheço a minha pequenez
diante do mundo, tem dias em que eu percebo que não sou tão forte,
emocionalmente independente e altruísta quanto eu acredito, em boa parte das
vezes, que sou.
Tem dias em que eu me olho sem máscaras e encontro
apenas alguém simples, com necessidades normais, alguém que nem sempre sabe o
que quer, um ser humano, simples e demasiado humano.
Por que eu não posso me sentir perdida? Por que eu não
posso me envolver ou me apaixonar por pessoas que não servem para mim? Por que
eu tenho que ser, sempre, mais perfeita do que eu consigo ser?
Pois é, tem dias em que essas perguntas me agitam,
tem dias em que eu me sinto frágil, em que eu queria poder dizer “eu te adoro”
para quem, sequer, dá atenção para a minha existência.
Tem dias em que a gente deseja um abraço, um
domingo de romance, beijos, vinho e chocolate a dois, tem dias que a gente
admira o namorado alheio, tem dias que a gente odeia o próprio marido, tem dias
em que a gente não deseja falar com ninguém, tem dias em que mal e parcamente a
gente se suporta. Tem dias em que nossos desejos ficam confusos, tem dias que
temos tudo de louco e quase nada de sãos.
Mas tem dias em que a gente erra, tem dias em que a
gente come demais, fala demais, bebe demais, dorme com quem não nos ama, se
apaixona por quem não deve, mas acorda sorrindo, acorda animado. O erro, às
vezes, combina com o ser humano.
Tem dias em que eu queria fazer algo que eu sei que
é bobagem. Ah, mas porque é bobagem? Porque é mais sincero do que espontâneo,
porque é mais transparente do que oculto, mais aberto do que calado e a vida
exige que a gente procure o certo, que a gente cale mais do que fale, acerte
mais do que erre, mesmo que a nossa tendência seja o oposto, seja errar com freqüência
para aprender sempre.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 06 de julho de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.