Fugindo
Tem dias em
que você procura uma saída. Você senta, mas não se sente bem, você fica em pé,
e não se sente legal, você tenta deitar, mas não pode. A sua cabeça parece ter
um turbilhão de idéias, e você não esta colocando nenhuma delas em prática.
Tem dias em que o tom de voz alto dos outros lhe dá azia,
tem dias que você só quer pensar, colocar as idéias em ordem, em silencio, nem
que você precise chorar, afinal, na verdade você só quer um pouco de paz.
Todavia, para onde você vai encontra desassossegos e
gente sem sossego, pessoas brigando por pouca coisa, pessoas gritando demais
por coisas pequenas, desrespeito e falta de compaixão.
Então você pensa: “Eu preciso de uma taça de vinho e do
meu edredom.” Você sente uma vontade imensa de abraçar a si mesmo, de refletir,
de orar, de pedir a Deus que o mundo se acalme, que uma revolução do bem
ocorra, que a bondade e o amor voltem a reinar.
Se você tem a quem amar, você quer a sua compreensão, o
seu afago, o seu pegar na mão, o seu abraço, o seu sutil, terno e doce ato de
lhe entender, sem julgar, sem criticar, sem malbaratar os seus sentimentos.
Você pára para pensar como você pode agir diferente, ser mais
útil, você deseja mudar um pouco de rumo, se afastar do que não lhe faz bem, da
ganância desmedida, da estupidez humana.
Você tenta
encontrar o seu lugar no mundo, porque, apesar de tanta vida vivida, sorrisos
abertos, lágrimas derramadas, no fundo você ainda não descobriu o seu lugar nesta
sua existência.
Então você procura recuperar o seu foco, os seus anseios,
mas de repente sente um peso sob sua cabeça, de repente você se sente um pouco
mal, certa exaustão e um bando de perguntas inoportunas lhe invadem a mente.
“Por que as pessoas falsas conseguem o que desejam?”; “Por
que os mentirosos são mais respeitados do que os sinceros?”; “Por que as
pessoas só demonstram gratidão por quem lhes mima e agrada, ainda que sejam pessoas
hipócritas e falsas?”. E, assim a sua doce ambição em ter resposta para essas
perguntas prejudica o seu processo digestivo, então, além da sua cabeça e da
sua alma doerem, o seu estomago começa a lhe incomodar.
Por que,
afinal, a maldade tem êxito, por que a vida é fácil para quem faz mal para
pessoas boas? Então você desiste de buscar respostas, você reza, veste sua
camisola levinha, serve uma taça de vinho e tenta pensar em tudo, mas em nada
que lhe deixe tão atabalhoado, tão perdido, tão sem prumo. Você tenta pensar
que existe uma justiça invisível, e que ela não vai lhe desamparar. É, fugir da
realidade, às vezes faz bem, se não você pira.
Passo
Fundo, 04 de junho de 2012.
Cláudia de
Marchi
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