Nada
Eu queria que algumas menções fossem abolidas da linguagem
das pessoas e que outras, por sua vez, fossem restabelecidas. Eu quero ouvir
mais "gostar", "admirar", "querer",
"buscar", "lutar", "amar" e menos
"pegar", "ficar", "transar", "comer"
(em aspecto que não seja o exclusivamente gastronômico).
Você pode ficar com quem quiser, você dá aos outros o valor
que deseja, quiçá o valor que você dá a si mesmo, mas não precisa fazer de
conta que você age certo, que suas ações são bonitas e admiráveis. Sexo não precisa
ser vulgar, amasso não precisa ser nada além de carinho.
Aliás, essa palavra eu gostaria de ouvir mais da boca das
pessoas! "Eu sinto carinho por ele", essa coisa de atração e de tesão
já esta ficando enjoada, senso comum, vulgar demais. Algo enfadonhamente vazio,
coisinha reles.
Não é preciso ser santo, não é preciso ser monástico, basta,
apenas, buscar algo mais valoroso do que aquilo que acontece numa noite e é
esquecido em minutos, basta, talvez de coração, querer algo que se mantenha,
sem se acostumar com aquilo que hoje é e amanha "já" era.
As pessoas se acostumaram com o que não tem fim, porque não tem
começo, com o que não tem compromisso, mas também não tem amor. Existe um bando
de pessoas sozinhas e infelizes querendo usar as outras e se dando ao uso.
Não há busca por carinho, não há busca por afeição,
afinidades e continuidade, é algo fútil, algo tão frio que faz inveja ao
inverno do pólo norte. Claro que você pode se divertir durante uma fase sem
querer nada além de “nada” de ninguém, mas eu duvido que não chegue o dia em
que você vai desejar amor e vai dar de cara com o que cultivou: nada.
Passo
Fundo, 27 de junho de 2012.
Cláudia de
Marchi
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