Preciso aprender...
Eu preciso aprender a viver de forma mais leve, eu
preciso aprender a levar as coisas menos a sério, eu preciso aprender a cuidar
dos meus sentimentos com mais leveza, eu preciso aprender a encarar-me com
menor seriedade.
Talvez seja mal de filha única, talvez seja certo
perfeccionismo, talvez seja ansiedade ou talvez seja meu estilo de vida “nerd”,
mas eu preciso saber onde estou pisando, preciso do estado civil, nome,
endereço, telefone, hemograma, histórico e expectativas de futuro.
Esperar o tempo passar e as respostas aparecerem,
me agonia, me agita, me enerva. Eu preciso deixar de lado este hábito de querer
as coisas para ontem, eu preciso superar essa mania de querer me apoderar do
que me encanta, do que me cativa, eu preciso acabar com essa mania de
compromisso e certezas para tudo.
Para quem aprendeu a viver sozinha, porque é tão difícil
levar as coisas com mais leveza? Para quem sorri tão facilmente, porque é tão difícil
levar a vida menos a sério? Qual é o meu problema, afinal? Não, não, não, pare!
Eu não quero ouvir respostas, eu as conheço: nem sempre eu sou segura e a ausência
de certezas me faz mal, me perturba.
Eu não gosto de mandar, eu sei mandar, todavia, eu
gosto de dominar, mas eu não sei fazê-lo, aliás, engana-se quem acha que sabe.
A vida é a arte da ausência de domínio: ela não é séria, ela brinca com você,
pois quando você acha que esta ganhando, algo acontece e você perde. Você pode
querer, mas nunca vai dominar todos os acontecimentos e sentimentos que lhe
circundam.
Viver é a arte do eterno aprender, viver é a arte
de aceitar, de relevar e de mudar. Reconhecem-se os defeitos? Um passo já foi
dado rumo à mudança. Um dia, portanto, eu vou aprender a deixar as coisas fluírem,
a usar salto alto longe da terra firme das certezas e das convicções, um dia eu
vou aprender a lidar com as minhas inseguranças sem precisar de perfume caro,
de uma barra de chocolate ou de uma taça de vinho tinto.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 06 de julho de 2012.
