Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Discurso de leigo? Sim, bem vindo seja!

Discurso de leigo? Sim, bem vindo seja!

Recentemente, em uma discussão acerca da liberação do aborto, peguei-me junto com uma aluna demasiado sensata e inteligente, coibindo o discurso de leigos. Sai da aula sentindo-me castradora, arrogante, presunçosa e, o que é pior, nem um pouco inspiradora.
Sabe por que meu amigo? Porque os seres humanos não criam mais teses e tratados, os seres humanos fazem monografias, ou seja, eles se tornaram incapazes de inovar, de buscar argumentos para as suas ideias, eles apenas repetem o que já existe. Nada mais se cria, viramos copiadores. Meros copiadores!
Em determinada época, mormente o da filosofia, haviam embates, ideias contraditórias, em cima das quais nasciam outras, divergentes ou até em consonância com o que, por ventura, já existia.
Hoje em dia, numa total repulsa ao discurso de leigos, se coíbe a formação de pensamento, opinião e dialética. Vejamos, em especial, que, fundado no que cada um conhece a respeito de determinados assuntos, é possível construir um debate onde o cidadão não seja mero repetidor de discursos, mas criador do seu.
Se isso vai mudar o mundo? Provavelmente não, mas, um mundo constituído por pessoas incapazes de indagar, discutir e argumentar, com certeza, não é bom como poderia ser se as pessoas conseguissem abrir a boca com prudência e a mente com sensatez.
Se informar é mais que necessário, pesquisar, estudar, se aprofundar, todavia, tolo ou não o pensamento ele pode e deve ser explorado, vez que é assim que criamos seres que não apenas pensam sobre, mas aprendem a falar sobre e, mais, a tolerar o divergente, a opinião oposta.
Enfim, eu não quero ser uma mera opositora do discurso de leigos, mais do que isso, quero fomentar a dialética, quero um mundo onde, de forma sensata, as pessoas contrariem umas as outras e consigam aprender entre elas, sem que haja uma necessidade pululante de expertise.
Se expertos sabem mais? Com certeza, mas sem discussões e diálogos, como as pessoas iriam aderir a este ou aquele experto? Precisamos ter algumas opiniões, mutáveis, obviamente, para aderirmos a ideias de um ou outro. E, sem ideias, sem capacidade de argumentação, sem que consigamos ouvir o leigo e demonstrar nossos argumentos, igualmente, leigos, não iremos aprender o necessário para nos filhar a um ou outro “mestre” do assunto.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 04 de novembro de 2014. 

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