Irresponsáveis.
Tem momentos que eu sou 99% dúvidas e 1% por cento
certezas. Sei lá, eu tenho certeza do que sinto, do amor que me invade, da
paixão, de tudo o que habita no meu coração. A respeito de quase todo o resto
eu tenho duvidas.
Hoje no intervalo da minha aula conversava com um
aluno que me narrava a tendência dos colegas dispersos e, praticamente irresponsáveis,
que, não fazendo sua parte como alunos, criticam todo e qualquer professor.
Esse aluno, ainda segunda-feira passada me disse
que de nada adianta criticarmos ao governo se não somos um povo que batalha
pelo que deseja. Francamente, analisando a conversa de hoje, lhe dei razão.
O ser humano é fã de bodes expiatórios, vive no
mundo da lua, não participa, arranja desculpas para tudo e atribui a culpa pelo
seu demérito aos outros. Da mesma forma que costuma colocar seu futuro nas mãos
de um Deus que nunca viu, justamente por um imenso medo de responsabilizar-se
pelos seus atos e pelas consequências dos mesmos.
Assumir responsabilidade, vejo, é algo difícil para
os seres humanos. Seres que gostam de muletas, bengalas, corrimões, seres que acreditam
no inanimado, seres que acreditam no intangível, seres que acreditam na perfeição
de um ser nunca visto, mas não conseguem confiar em si próprio, que não consegue,
por conta disso, assumir a culpa que tem pelo que faz de si mesmo e da sua
vida.
Sinceramente, este assunto e, consequentemente,
esta crônica não conclui coisa alguma, porque, francamente, se existe algo
nesse mundo que eu não consigo compreender é essa mania das pessoas de atribuírem
o que de bom lhe acontece a um Deus e, a outro ser humano, aquilo que lhes
desagrada, sendo que elas, “nunca” dão origem a nada, com raras e felizes exceções
que não carecem de falsa modéstia nem de bode expiatório para bem “resolver-se”
na vida.
Ainda existe quem seja autor de sua própria história,
ainda existem protagonistas e não meros “joguetes” na mão do invisível que
lavam suas mãos frente a seus próprios equívocos e que chamam de bênçãos o
resultado de seus acertos.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 03 de novembro de 2014.
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