Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O amor e a solteirice.

O amor e a solteirice.

Eu estava passeando pela internet quando avistei uma crônica voltada ao público masculino intitulada como “Cinco motivos para continuar solteiro”, pois eu não desperdicei meu tempo lendo, afinal eu pensei: “Só cinco?”. Eu acho que todos tem muito mais do que cinco razões para ficarem solteiros.
Na realidade, na minha modesta opinião, a única razão que justifica um namoro e um casamento é o amor. Quando você está solteiro não precisa discutir a relação, não tem embates baseados em ciúme, não fica curioso a respeito do que o outro está achando da relação, com quem ele conversa, se ele está feliz, se está triste ou frustrado.
A solteirice é tranquila, sem discussões, sem aquela raiva que surge quando o parceiro fala ou faz algo que nos magoa ou irrita. Solteiros tem a cama só pra eles, comem o que e quando querem, dormem quando desejam, bebem o quanto querem em qualquer dia e, em resumo, não precisam dar satisfação de absolutamente nada para alguém.
Atraente não? Pois é, muito. Até você se apaixonar por alguém e depender do “bom dia” dele para ter, de fato, um dia bom, depender do “boa noite” para dormir bem, do beijo e do abraço para se acalmar e do sorriso dele para sentir paz.
Ser solteiro é um paraíso, mas amar é melhor. Quando você ama alguém, qualquer concessão é feita com entusiasmo, tudo o que quem não ama acha de inconveniente no casamento, quem ama não liga, faz por e com amor tudo e isso faz tudo valer a pena.
Por outro lado, ter uma relação com quem não se ama é um crime contra a possibilidade de ser feliz, é um atentado ao psiquismo de qualquer pessoa. Com amor os relacionamentos não são fáceis, sem amor eles são praticamente impossíveis de manter.
Não por menos, quem não ama o parceiro e está com ele pelos filhos, pela sociedade, em respeito à família ou por mero comodismo e medo dos efeitos que um “não te amo mais” acarreta, tende a sofrer e, também, a ser infiel. Quem não ama pensa como solteiro, mas se obriga a agir como casado e desta “obrigação” surge uma frustração imensa.
É o amor que nos move a ficar com alguém, a ser leal, a ser sincero, a ser o que de melhor podemos ser, todavia, amar não é garantia de que você nunca vai se irritar, que você nunca vai ter vontade de fugir. O amor é, pura e simplesmente, aquilo que, quando nenhuma algema lhe prende, quando ninguém lhe segura, quando você pode ir pra onde quiser, não consegue, porque por maiores que sejam as dificuldades e as diferenças, a vontade de estar com o outro é maior, a vontade de dormir e acordar com ele é maior.
Amor não implica numa relação perfeita, afinal duas pessoas que tiveram criação diferente, experiências diferentes, que possuem personalidades distintas, nunca terão um relacionamento livre de discordâncias, o amor, implica, em suma em, apesar de qualquer “porém”, ter vontade de ficar com o outro e sentir-se plenamente feliz ao seu lado. Feliz toda hora, feliz todo o tempo? Não, obviamente, mas feliz por estar ao lado de quem se ama, de forma que, mesmo quando descontente você encontre razões para ficar.

 Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 29 de maio de 2014.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Silêncio, uma boa opção?

Silêncio, uma boa opção?

Tem gente que acha que calar evita embates. Essas pessoas tem razão, nove em dez vezes. Todavia, calar não resolve nada. O silêncio, assim como a palavra deve ser usado com moderação, para o bem da lógica, enfim.
Se o seu silêncio não magoa quem você quer economizar com suas palavras, ótimo. Mas se ele fere, é tão pernicioso quanto as tradicionais palavras mal colocadas. É tudo, pois, uma questão de saber se expressar.
Não adianta nada não contar para o marido o que ele fez de irritante e ficar com uma tromba de elefante! Aliás, se você acha que o silêncio e a cara feia servem para alguma coisa o casamento nunca será uma boa opção na sua vida.
Silenciar, por si só pode ser útil, em especial pra colocar fim ou evitar discussões, desde que com o silêncio, não se guarde mágoa. E, principalmente, não se demonstre mágoa.
Quando a gente se fecha acaba ruminando nossas certezas sem, sequer, dar ao outro a possibilidade de expor as suas e, consequentemente, os seus sentimentos. E é por isso que muito silêncio não faz bem para nossos relacionamentos amorosos.
Eu sou a favor do diálogo. Acho que casamento algum sobrevive sem transparência e uma boa dose de objetividade, no maior estilo “fulano, o problema é esse”. Essa história de rostos expressivos e boca fechada fazem até santo perder a razão.
Por outro lado, sou muito a favor do silêncio quando o que se fala nada vai alterar o clima da relação, quando o que se pode falar será totalmente inútil ou capaz de ferir a outra pessoa, desde que, claro, o silêncio não dê ensejo ao mau humor e a uma cara carrancuda.
A linha entre a palavra que fere e o silêncio incomodativo é muito tênue. Ambos magoam, ambos irritam. Todavia, a questão sempre está na racionalidade. As relações humanas envolvem emoções, mas sem uma boa dose de busca pela lógica elas não fluem bem.
Gente que fecha a boca e a cara se torna inconveniente. Se for pra silenciar, portanto que seja com um sorriso sincero nos lábios se não, minha amiga, seu silêncio não ajuda em nada e a pomba do “eu calo para não brigar” termina virando o corvo do “calo, mas magoo”.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 28 de maio de 2014.


Casais e fotos.

Casais e fotos.

Como são bonitos os casais unidos, cuja felicidade fica estampada em seus rostos! Não por menos, a maioria das pessoas adoram casamentos. As pessoas estão notoriamente felizes no dia em que se casam. São muitos sonhos, muita esperança, muito amor e as fotos que ficam para a posteridade retratam um pouco disso.
Entrei no facebook outro dia e vi a postagem de um casal. Foto linda, casal bonito, elegante, bem trajado e unido! Enfim, foto linda. Acontece que a tal da maturidade às vezes é irritante. Sei lá, quando a gente é mais inocente acaba acreditando que o que aparenta ser lindo e perfeito, realmente é lindo e perfeito. Mas nem sempre é assim, então a gente acaba vendo uma foto bonita, mas não deduz nada além disso.
Gente rica, viajando para a Europa, tomando vinho, celebrando momentos, também sofre, também tem problemas, também se irrita. Enfim, meu caro, as aparências enganam e às vezes os momentos que sucedem uma foto bonita são feios, chatos e entediantes.
Logo, casais belos, que não tem medo de mostrar sua felicidade ao mundo, podem ser muito infelizes, sem que ninguém acredite nisso. As pessoas gostam de fazer os outros acreditarem que são melhores do que são e, principalmente, que são mais contentes e felizes do que são.
É como se mostrar alegria ao mundo fosse fazê-los ser mais alegres e felizes. Um anseio tolo de que a ficção vai se tornar realidade ou a mera vontade de irritar quem, sabem eles, lhes desejam mal? Num ou noutro caso, nada muda.
Por outro lado, existem aqueles instantes que foto nenhuma retrata, momentos que não ficam gravados no celular ou no nosso notebook de ultima geração, menos ainda na coluna social, são aqueles que ficam gravados na nossa alma e que ninguém nos tira.
São risadas, brincadeiras, beijos, um brinde com um copo de refrigerante, coisas singelas que significam muito para quem vive e absolutamente nada para quem vê. Ops! Mas ninguém está vendo! Enfim, são os momentos a sós, com quem se ama e que ninguém de fora sabe ou vê. E nem precisa.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de maio de 2014.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Fé discreta

Fé discreta.

Eu tenho fé. Muita fé, mas uma fé diferente da de muitos: uma fé discreta. Não me considero uma porta voz de Deus. Creio que cada um acredita no que bem entende e, na verdade, são as condutas e não as rezas que contam: antes um ateu que procede de forma idônea e possui compaixão do que um crente que ignora a decência e reza ajoelhado porque seu “Senhor” tudo perdoa.
Essa fé psicopata que passa por cima da analise de seus próprios atos, que não se arrepende e não sente culpa, porque “Deus perdoa” me assusta. Ter empatia, agir com decência, colocar-se no lugar do outro e não fazer ao outro o que não deseja que ele lhe faça é a maior demonstração de devoção a qualquer santidade e, sobretudo, de amor à vida e aos outros.
Não tenho nada contra quem vai à missa, ao centro espírita, ao culto ou seja lá o que for, desde que as suas atitudes condigam com a beleza de sua pregação, de sua reza. Eu gosto de gente que tem atitudes bonitas, não palavras.
Não adianta nada ser infiel, ser desonesto, usurpar o direito dos outros para se beneficiar em detrimento deles e falar a todos que “Deus é bom”, “Deus é amor” e que é preciso confiar Nele.
Orar a Deus e fazer mal as pessoas pra mim é hipocrisia, não me serve. Se ajoelhar na missa do domingo e cometer os mesmos erros da semana anterior na que inicia não vale nada, tentar se aprimorar, todavia, considero a melhor das “rezas”. Prefiro pessoas que não promovem religião, mas que agem com respeito aos outros, sejam eles religiosos ou não.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de maio de 2014. 

Diretos.

Diretos.

Bom se existisse tantos sábios quanto pessoas prolixas que querem fazer de conta que a sabedoria lhes pertence, bom se existissem tantas pessoas inocentes quanto as que fingem que o são.
Acontece que a alegação de inocência não é apenas um direito de acusados em processo criminal. Bom se fosse só nele tão vastamente usada! Ocorre que, assim como os presídios, a vida está cheia de gente “inocente”.
Pessoas desleais, pessoas fofoqueiras, pessoas mentirosas, pessoas infiéis que afirmam taxativamente que são boas, que são sinceras, que são inocentes, que são incapazes de fazer os atos imorais que, no entanto, fazem.
São muitos falsos sábios apregoando sapiência, muitas pessoas sem valor algum pregando Cristo, muitas pessoas injustas pregando justiça e muita gente imoral pregando moral de cuecas.
Não é preciso falar muito quando a razão lhe pertence. Quem muito grita, quem muito fala, quem muito tergiversa, não tem razão e acaba, aos olhos dos mais atentos, perdendo a pouca que possui. Acho que a humanidade precisa de pessoas objetivas, francas e diretas. Não é preciso enfeitar demais as coisas quando o que se fala é correto, é verdade, é justo. A humanidade, sobretudo, carece de pessoas em cujas ações se encontre mais beleza no que nas alegações!
Eu acho, enfim que está faltando verdade no mundo, verdade nas pessoas e nas suas palavras. Gente assim não soma, não agrega e não faz falta. O mundo precisa de exemplos e não de palavras rebuscadas que nada mais são do que tentativas inúteis de gente que pouco sabe, fingir que sabe muito.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de maio de 2014. 

Expectativas racionais.

Expectativas racionais.

Eu acho que o erro da gente é criar muitas expectativas. Todavia, acho que deve ser muito chato viver sem elas. Acontece que a gente precisa tentar conhecer as pessoas e saber o jeito de cada uma de forma a adequar as nossas expectativas à realidade do jeito delas.
Sabe a historinha que “quanto maior a expectativa, maior a frustração”? Pois é, ela procede. Quanto maior o muro, maior a queda, sempre. Todavia, a culpa não é da existência do muro ou da expectativa em si, mas do seu tamanho, da sua proporção em relação ao chão, no caso, à realidade.
Você deve sonhar e, portanto, deve ter expectativas, mas elas devem se adequar a sua realidade, as possibilidades que existem. Ora, mas é possível ser favelada num momento e noutro virar uma modelo internacional? Tudo é possível neste mundo, todavia, não se pode olvidar do fato de que existem milhares de moças morando em favelas e sonhando virar modelos, nem por isso elas devem parar de trabalhar e, por exemplo, manter-se magras por passar fome. É preciso sonhar, mas é preciso ser prático, ser realista.  
A linha entre o realismo e o pessimismo é aparentemente tênue, assim como a linha entre o otimismo demasiado, entre o ser "sonhador" e ser ridículo também é, portando não custa maneirar na desproporção das expectativas entre o real e o almejado, tanto na vida profissional como na pessoal.
Não adianta ajudar uma pessoa ingrata e espera gratidão dela, do contrário é decepção e irritação na certa! Quem consegue conhecer ao outro também se afasta de quem, sabe, tudo que esperar vai gerar frustração. A gente tem que conviver com quem nos agrada, nos surpreende e não desaponta as nossas expectativas com frequência.
É certo que não é sempre que seremos positivamente surpreendidos por quem nos cerca, mas se frustrar sempre é indicio de que, além de não esperar muito delas, devemos manter distancia. A questão é que criar expectativas nem sempre é ruim, mas criar expectativas em relação à pessoa errada é.
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 27 de maio de 2014.


Na verdade.


Eu gostaria que a vida fosse justa, que pessoas boas tivessem o que é bom e que pessoas frias e egoístas sofressem, mas não é assim. Pessoas com grande capacidade de empatia, não raras vezes se decepcionam, quebram a cara e não amealham riquezas materiais, por isso tem quem diga que “o mundo é dos espertos”, por exemplo.
Só que o mundo não é dos espertos, não é dos ricos e nem dos poderosos. O mundo é de quem não pretende lucrar sempre, de quem não precisa “ter o mundo” pra ser feliz, simplesmente porque, na sua humildade e tranquilidade, é contente, é feliz.
O que de valor se ganha com o que só dá lucro? Dinheiro, bens materiais, viagens, lazer e etc., claro! Mas será que na alma humana e no “final das contas” vale a pena deixar a bondade, a compaixão, a doçura e a decência de lado em prol dele?
Muitos pensam que sim, eu creio que não. Consciência tranquila é um sonífero que não se compra, não tem efeitos colaterais e, em caso de dependência, os resultados são os melhores. Eu recomendo.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de maio de 2014.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Bobos

Bobos 

Eu tenho asco de homens bobos. Sabe o tipo que passa qualquer tipo de mulher não muito feia na rua e ele fica olhando como se a criatura fosse a coisa mais perfeita da face da terra? E, o que é pior, fazendo aqueles comentários bobos ao máximo? 
Ou aqueles que olham uma mulher seminua na televisão e comentam com a esposa que a criatura é “gostosa” como se estivessem na companhia do companheiro de futebol e não da parceira? 
Mais, aqueles que olham pra uma próxima e diz que já “pegaram”? Todo mundo deve conhecer um “obeso sexual”: o cara diz que pegou todas e atualmente a necessidade é tanta que só não pega a irmã porque é feio? Além do cara totalmente fora da casinha que tenta trovar mulher casada e com notória aparência de decente em redes sociais? 
Dizem que o “diabo sabe pra quem aparece”, mas, às vezes eu acho que não. De regra, um homem inteligente analisa o jeito da mulher, a postura, o estado civil, dá uma olhada no perfil dela no Facebook pra ver se é feliz no casamento, pra depois tentar dar em cima. Acontece que tem muito idiota no mundo, que não analisa nada. 
Pois é, pra mim isso é coisa de péssimo nível. Coisa de quem não teve muitas experiências na vida e quer fazer de conta que é “o tal”. Coisa de gente que perdeu a noção do ridículo, tamanha a carência em que vive. 
Homens coitados e, sem sombra de dúvidas, mal amados. Mal “servidos”, em casa, pra dizer o mínimo. Tem quem possa dizer que todos os homens fazem isso. O fato é que, desde que não façam ou falem idiotice na frente de uma mulher razoavelmente exigente e dotada de estima por si mesma, “menos mal” para o conceito deles. 
Ademais, eu acredito na diferença. Nem todas as mulheres desprezam o que eu desprezo e nem todos os homens agem de forma, a mim, desprezível. E, com certeza, são os educados e respeitosos que merecem admiração. 
Afinal, de babaquinha que diz que “comeu” essa ou aquela, que sai com a mulher tomar sorvete e diz que transaram até no teto do motel, que trata a esposa com grossura e todas as outras como um doce e que fica num relacionamento que não lhe faz feliz por comodismo, mas paquera qualquer uma, o mundo está cheio. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 23 de maio de 2014.

Certezas

Certezas 

 Nada pode nos trair mais do que as nossas certezas, porque nelas, tem muito mais de nós do que do outro, a quem, seguidamente, as jogamos. Nós temos “certeza” de que o outro pensa isso, temos “certeza” de que ele está “assim”, temos “certeza” de que ele se sente “assado” e nesse mundo de certezas, residem os nossos recalques, os nossos medos, a nossa frustração e as nossas fraquezas. 
Logo, por tal motivo saber ouvir e, sobretudo, confiar na sinceridade e franqueza do outro é um santo remédio em qualquer espécie de relacionamento humano sendo que, apenas através de diálogos sinceros conseguimos desfazer as nossas certezas traiçoeiras e compreender a do outro. 
Todavia, para isso precisamos baixar a guarda, inclusive, de nosso orgulho, que faz com que achemos que temos razão no que pensamos em detrimento do que o outro pensa e sente sendo que, nessa situação, quem sofre somos nós. 
Nenhuma amizade, relação entre colegas, namoro ou casamento podem ser parcimoniosos se as pessoas preferirem acreditar naquilo que elas têm como “certo” e não no outro, quando, obviamente, a sua “certeza” diz respeito a algo dele. 
Nós só podemos ter certezas a respeito da nossa conduta, do nosso pensar, do nosso sentir e do nosso sofrer, nunca a respeito do que se passa no outro, do que emana dele. A respeito do que não é nosso, resta-nos resignarmos, ouvir e confiar, do contrário, o convívio se torna desagradável. 
Qualquer relacionamento saudável pauta-se no diálogo e na confiança, no falar, no ouvir e, obviamente, no acreditar no que o outro fala e argumenta, afinal, se lhe é impossível confiar num amigo é melhor afastar-se dele, certo? 
Toda relação parte do pressuposto de que existe confiança, sendo assim, ter “certezas” a respeito do intimo do outro é um caminho fácil para a infelicidade quando, por exemplo, o outro expõe o que pensa e você prefere acreditar nas suas próprias conclusões e, portanto, certezas. 
Eu creio, enfim, que existem muitas pessoas com muitas certezas a respeito das coisas que não habitam em seu intimo neste mundo. Cabe a nós termos a certeza de que estamos agindo da melhor forma que podemos. Quanto àquilo que atine ao outro, precisamos apenas confiar nas certezas que ele diz ter, nas suas verdades, do contrário, a solidão se torna um mal (des) necessário. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 23 de maio de 2014.

Triste época

Triste época 

Eu sou do tempo em que ser bonita não justificava narcisismo. Na minha época, as mulheres bonitas, usavam a cabeça não apenas para levar seus cabelos alongados. Enfim, ser bonita e ter um corpo legal não são condições que obrigam você a ser exibicionista, a publicar fotos onde mais se enxergam os peitos estrategicamente arrumados quase para fora da blusa. Da mesma forma que um traseiro arredondado não justifica fotos de lado em espelhos, seguidamente. 
O que é isso mocinhas? Não é possível ser contente com a aparência sem exibi-la de forma vulgar? Ou será que a carência incita tais atos para que chovam elogios? Eu, que sou da época em que aparência não é nada sem inteligência, amor próprio e decência, sinceramente, não sei. 
Entretanto, não raras vezes eu penso que as mulheres de hoje em dia, que agem assim, precisam de um psicólogo, do carinho das mães, dos pais, da leitura de um livro de autoajuda (e etiqueta) para que, de uma forma ou outra, recuperem ou desenvolvam o apreço por si mesmas e deixem de julgar-se “bem” na proporção das “curtidas” nas fotos e dos respectivos comentários elogiosos. 
Eu posso desconhecer a razão que faz essas jovens agirem assim, mas tenho noção de que há algo errado nessa necessidade extravagante de chamar a atenção, de seduzir os outros, tanto nas redes sociais quanto fora delas, através de trajes demasiado vulgares. 
Ocorre que estamos na era virtual e, hoje mais do que nunca, os seios, as pernas e as poses para mostrar o bumbum dominam o Facebook, Instagram e etc.. Fotos na academia ou tiradas antes de ir malhar, com as tradicionais roupas justas, são comuns. Tão comuns que eu pergunto: será que essas senhoritas malham pra poder aparecer “gostosas” para os outros? 
Onde está o fazer por “gosto” e para si mesmo, nessa época em que tudo vai parar na internet dentro de trajes que deixam o corpo em total evidencia? Creio que as academias estejam cheias de “ratas” que se exercitam para ficar com um corpo atraente para o sexo oposto, de forma que, no afã de conseguir chamar a atenção, o divulgam em suas paginas pessoais, afinal, só os conhecidos próximos e colegas de academia são poucos para lhes desejarem. 
Triste época, onde o excesso de vaidade, a carência e o narcisismo se confundem na notória necessidade, para mim, doentia, de exibir-se. Triste época onde ser bela, ter um corpo bonito e vestir-se de forma elegante e discreta virou exceção à regra e, o que é pior, a admiração da maioria por um belo sorriso foi substituída pelo anseio por seios “evidentes” e bunda grande. Para aparecer na foto, inclusive. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 23 de maio de 2014.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sutilezas

Sutilezas 

 "O amor nasce de pequenas coisas, vive delas e por elas às vezes morre." Frase de Lord Byron, escritor britânico. Frase muito verdadeira, todavia, a maioria vive como se ignorasse tal fato. 
Sabe aquela história de casar e passar a deixar de lado todos os pequenos agrados? Pois é, eles são pequenos, a atitude de deixa-los de lado não é nenhuma traição, mas, aos poucos, ela mata o carinho. 
Um relacionamento amoroso não é feito só de mensagens de “eu te amo” ou de um “sou louco por você” dito em momentos de intimidade. Existe algo muito, mas muito importante: os olhares. 
A gente sabe quando uma pessoa ama a outra pelo olhar de admiração que ela lhe direciona. Da mesma forma que a gente sabe que é amado não pelas palavras, mas pela forma com que o outro nos olha. Olhar de ternura, olhar de encantamento, olhar amoroso. Acertou quem disse que “um olhar vale mais que mil palavras”. Pois, ele vale. 
E um olhar é uma pequena coisa, não é?! Uma pequena coisa capaz de encantar e, na sua ausência, uma pequena coisa capaz de desencantar, de frustrar, de decepcionar. Você já reparou como casais em crise não se olham mais? Pois é, menos ainda nos olhos um do outro. 
As pessoas gostam de falar de infidelidade e desrespeito como geradores de fins de romance. Todavia, faço uma comparação: homicídio é um crime grave, mas quem disse que agressão física não é crime? Enfim, traição e qualquer espécie de desrespeito são os homicídios nos relacionamentos. É o fim, é indiscutivelmente grande, sério, grave. 
Todavia, existem atos menores que, também são crimes nos relacionamentos. São as coisas do dia a dia, a desatenção, a falta de diálogo, a falta de carinho, a falta de beijo, a falta de abraço, as irritações tolas, as reclamações egoístas, as exigências demasiadas, o egoísmo, a ausência, a falta de consideração e valorização que aniquilam com o amor. 
Relacionamentos, seguidamente, não terminam por uma grande causa, assim como não começam com uma. São as coisas mais singelas que encantam, assim como são as coisas singelas que frustram e, e a frustração repetida acaba com o encanto. E sem encanto, cedo ou tarde, o amor morre. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 22 de maio de 2014.

Fé na mudança

Fé na mudança 

Eu sou uma pessoa que tem fé na mudança. Muita fé. Não por menos já dei credibilidade a quem os outros não davam. E me frustrei em partes, nunca por completo, como além de crer na mudança das pessoas gosto de analisar o aspecto positivo das minhas experiências, eu continuo achando que vale a pena. 
Não é só por ter constatado que os outros podem mudar que eu acredito nisso. É por mim. Tenho várias características fortes, mas o narcisismo nunca foi uma delas. Não acho que sou a exceção das exceções sobre a face da terra. E eu mudei muito. 
De repente eu abro um livro e encontro uma bela dedicatória feita por um colega, amigo e sócio. Há 11 anos. Então, como num passe de mágica, fiquei olhando para aquelas palavras e lembrando-me de como eu era. 
Primeiro pensamento: “aquela era eu?”. Incrível como a vida passa depressa, como os anos correm, como as bochechas somem, como os cabelos caem e, sobretudo, como a gente muda. Como eu mudei! 
Não falo na necessária mudança para melhor, apenas. Ou será que a gente sempre muda pra melhor? Tornar-se mais desconfiada, mais esperta e estrategicamente menos sincera não é tão ruim assim. Mas é estranho, afinal, ao mesmo tempo em que nos tornamos mais seguras, passamos a confiar menos nos outros. 
E isso dá certo? Sinceramente, é preciso jogo de cintura para lidar com o que a vida faz da gente. É estranho confiar mais em si mesmo e menos nos outros, mas dá pra levar, dá pra dar um jeito, afinal, a gente ficou mais antenada né?! Então, é mais fácil se livrar de quem nos engana! 
Mas, voltando à dedicação na capa do livro. É um pouco esquisito sentir-se estranha em relação ao que a gente já foi. Era maior a inocência, era maior a crença de que coisas ruins não acontecem com pessoas boas e de que boas pessoas não fazem coisas ruins. 
Todavia, 11 anos depois o livro está aqui. Mudaram as leis nas quais o livro foi baseado, mudou a aparência de quem escreveu a dedicatória e a minha, claro. Mudaram os pensamentos e alguns conceitos que eu tinha naquele tempo, mas, o que me anima é saber que existe, ainda, um pouco na mulher de hoje, do que tinha na moça daquela época. 
Só que hoje ela é muito, muito mais esperta e com o abençoado dom de fazer-se de tola! E isso, não tem corpo sarado de vinte aninhos que pague, afinal, os “vinte” é a época em que a gente é tola, mas se acha e se faz de esperta. Aos trinta anos a gente é esperta e se faz de boba! Benzadeus! 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 22 de maio de 2014.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O que termina uma relação?

O que termina uma relação? 

As pessoas possuem muitas certezas a respeito de relacionamentos que são, na prática, disfuncionais. Exemplo disso é a tão apregoada segurança, fruto, obviamente da confiança no outro. 
Nove em dez vezes, quando seguras demais, as pessoas se tornam mais relapsas. Não por menos, até meus vinte e tantos anos eu sempre acreditei que algumas pessoas veem no casamento um título translativo de propriedade: “assinei, agora é minha, ganhei o jogo.” E param de ser aquilo que eram quando conquistaram o amor de seu novo “bem”. 
Quando sentem que o outro esta em seu domínio as atitudes mudam e, com isso, ao invés de uma forma de fomentar uma relação feliz, seguidamente fomentam a ausência e com ela a frustração e posterior desinteresse do outro. Não por menos, existem pessoas astutas que nunca dizem ao outro tudo que sentem a seu respeito e tentam ignorá-lo quando podem para que ele não se torne muito seguro. E, neste ponto, pessoas emocionalmente transparentes escorregam. 
Enfim, a pessoa que se sente menos “atendida” emocionalmente não raras vezes se cala e, se cobra do outro atitude que a segurança demasiada fez com que ele deixasse de ter, a tendência é ser considerada inconveniente e ser ignorada. 
Como ninguém gosta de ser tachado como “chato”, costuma-se calar e, calando, continua sentindo-se frustrado até que o interesse se esvai. É a ordem infelizmente natural e inevitável das coisas: a pessoa imersa em segurança deixa de fazer a maioria das coisas que fazia e cativavam o outro, o outro cala ou é chamado de “chato”, a relação amorna e começa a caminhar para o fim, seja através de infidelidade ou de um respeitoso ponto final. 
Onde entra a necessidade de um pouco de insegurança e maior valorização do outro? É óbvio! Se as pessoas não conseguem manter um relacionamento quente sentindo-se seguras, então um pouco de insegurança vem a calhar. 
Todavia, vale frisar, a insegurança aqui referida não é a causa geradora de ciúme doentio como o que questiona o passado alheio, as roupas do outro. Ciúmes e a dose de insegurança referida não se correlacionam, embora seja praticamente normal que, quem teme a perda do outro, tenha uma dose salutar de ciúme dele. 
Quem valoriza o outro a ponto de temer a perda de sua atenção, valorização e amor nunca deixa de lhe olhar com olhos apaixonados, não deixa o carinho, os beijos e, porque não dizer, o sexo mudar. Quem teme, cuida. E cuida muito. 
Por outro lado, quem deixa de temer se acomoda e aí começa o amornamento da relação. Todavia, pessoas acomodadas não ligam para isso, até gostam, mas existe um tipo de pessoa com intolerância a relacionamentos mornos e essas pessoas não se quedam contentes ao lado de quem deixa de ser o que era para com elas. 
A realidade é que pessoas experientes e realmente maduras afetivamente sabem que segurança demais é pernicioso. Ou melhor, elas sabem que cuidar nunca é demais, afinal, em momento algum a sua segurança fará com que o outro deixe de ter seus desejos, suas fantasias e, consequentemente, de olhar para os lados. E por isso tendem a cultivar a paixão e a atenção que desde o início da relação dispensaram ao outro. 
Essa é, pois a melhor forma de fazer com que o sexo e a relação não se tornem entediantes, afinal, o tédio, além do comodismo inerente ao excesso de segurança, sabem tais pessoas, é o maior incitador a bancarrota de um relacionamento amoroso. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 21 de maio de 2014.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Falsidade estratégica

Falsidade estratégica 

Eu sou uma pessoa sincera, uma pessoa franca. Todavia, aprendi com o tempo que o nosso melhor e a nossa sinceridade serve com quem a gente se importa e, principalmente, com quem a gente ama. 
Por que eu vou ser sincera a respeito do que penso com quem não gosta de mim? Para ser criticada? Francamente, eu sou franca com quem gosto e brandamente falsa com quem merece. Sim, falsa! 
Não valorizo a pessoa, não gosto dela? Dou sorrisos amarelos e não a tenho como confiável ou amiga. Simples. Mas não vou desperdiçar o meu sagrado tempo dizendo “olha, eu sei de tal coisa”, “tu poderias ser menos grosseiro”, “quem sabe você procura um psicólogo”, “vou te contar uma coisa íntima” e coisas do tipo. 
Pode parecer que eu sou mais dura com quem amo pelo fato de dizer o que eu penso, todavia, não é verdade. Ou é, em partes. Posso ser dura, porque não quero ser magoada por quem amo e, tampouco não desejo magoar, logo, explicito minha forma de pensar, de sentir e de ser. 
Os outros? Não me interessam. Com eles posso dar risadas, mas nunca confessar um erro. Dou ao outro aquilo que ele me dá: franqueza aos bons, e uma falsidade branda aos falsos, pois sei que com eles a sinceridade é inútil. Cedo ou tarde vão deturpar o que ouviram e a minha franqueza terá se tornado uma mentira abominável. 
Se não posso manter-me muito distante de quem não confio, sorrio, concordo e sigo adiante sem contar nada que se passa em meu íntimo, aprendi que esse é o melhor caminho para desviar-me das cobras que a selva da vida me apresenta. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 20 de maio de 2014.

A grama do vizinho

A grama do vizinho

Acho que tendências humanas não devem ser consideradas regras e, principalmente, não devem ser tidas como imutáveis quando elas não acarretam a nossa felicidade. 
Exemplo disso, é a que deu origem a afirmativa tosca que diz que “a grama do vizinho é sempre mais verde”. Se for assim, as pessoas nunca serão felizes em suas casas, com suas esposas e filhos, assim como em seus empregos, afinal, a casa do amigo, a esposa do amigo, os filhos dele e o seu emprego sempre serão melhores ou mais atraentes que os seus. 
Ademais, este é o caminho principal para a inveja tola e estúpida. Na verdade, eu tenho quase total certeza de que está mania que a maioria das pessoas possui de valorizar o que não possuem e esquecer-se da graça do que conquistaram é um gatilho infalível para a frustração e, mais, uma demonstração de tolice emocional. 
Algumas pessoas, porém, passam anos, meses e fazem de tudo para conquistar alguém e quando a pessoa passa a lhes amar, o encanto se esvai. Da mesma forma, aqueles que lutam por um cargo, o conseguem e se entediam. Enfim, estas pessoas valorizam o intocável, o inacessível, e quando a situação muda, a “graça” se esvai. Impossível ser feliz se você quer ser sempre o que “batalha por algo” e não o que “conquista algo”. 
Sendo assim, sugiro que você passe a olhar para a sua esposa com a admiração que aquele que não têm o seu amor e atenção olha, que você olhe para os seus filhos como as bênçãos que Deus deu unicamente a você, que você olhe para o seu emprego com o valor de algo que lhe sustenta merece. 
Da mesma forma, sugiro que você olhe para a sua grama com encantamento e conclua que, se ela não está mais verde, é porque você não está cuidando como deveria ou o clima seco não está ajudando, e neste caso, provável que não esteja ajudando a mais ninguém. A grama do vizinho? É dele, e por tal não merece ser cobiçada. 
Ou você volta seus olhos às pessoas que lhe amam, àquilo que você conquistou e possui ou, além de infeliz, você é uma pessoa que não sabe amar. Não saber dar valor ao que é seu é o maior indicativo de falta de habilidade de amar e, consequentemente, de dar amor. 
Aquilo que é do outro nunca vai lhe incomodar, a esposa do outro nunca vai se implicar porque você sujou o tapete novo com o tênis sujo, porque você anda disperso ou coisa assim, da mesma forma, os sócios do outro nunca irão criar embates com você e o chefe dele é agradável, além, é claro: a grama dele não é você quem precisa cuidar, cortar e molhar. Enfim, o que pertence a outrem não irrita ou decepciona você e só por isso parece melhor, mas não é. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 20 de maio de 2014.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Rivotril

Rivotril 

Então, o Brasil é o País que mais consome Rivotril no mundo! E olha que na terra das “bolsas” assistencialistas não são todos que vivem sob ansiedade. Todavia, deboche a parte, este não é um indicativo muito bom. 
Tal dado sinaliza, claro, que as pessoas estão tratando seus desconfortos relacionados à ansiedade, todavia, pela quantidade de pessoas que consomem, me parece que o uso está excessivo, vez que não são todos ansiosos os que o utilizam. 
Distúrbio de ansiedade é uma coisa, ansiedade corriqueira e normal é outra, é comum, é humana e não é doença! Na verdade, tem muita gente tomando ansiolítico pra fugir da realidade um pouco, pra amortecer os sentimentos e pensamentos, além dos que usam para amenizar a agitação causada por outra droga, ilícita, comumente. 
Aliás, os brasileiros adoram se medicar, passar dica de remédios de boca em boca, vige, pois o ditado de que “de médico e louco todo mundo tem um pouco” e, no caso do Rivotril é nosso alter ego meio medico e meio louco que nos determina a buscar uma forma de adquiri-lo. 
 Porém, o fato é que não somos médicos, tampouco loucos. Somos humanos e seres humanos sentem ansiedade, passam por dias ruins, noites de insônia, momentos de agitação. Isso é o normal da vida e não deve nos levar a tomar um remédio que cria dependência. 
Estranho viver em um mundo em que as pessoas fogem dos psicanalistas, odeiam filosofia, não questionam as religiões e usam remédio para aliviar seus males existenciais sem, sequer, parar, pensar neles e na sua causa para se autoconhecer e aprender a se autocontrolar. Autoconhecimento e autocontrole são tudo! 
Tomar Rivotril e se trancar num quarto escuro não adianta nada: amanha o que lhe causou ansiedade vai continuar existindo se você não resolver ou, ao menos, aprender a lidar com o que lhe incomoda. A vida não é de quem amortece seus sentimentos, a vida é de quem os encara e age. Sem atitude, remédio não serve pra nada. 
Cláudia de Marchi
 Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Posicionamentos e falsidade

Posicionamentos e falsidade

Eu não tenho nada contra a pessoa que critica a outra porque não gosta do seu jeito de agir e de ser, mas evita a sua presença e companhia. Sabe aquela pessoa que você não gosta? Enfim, se eu nunca ver vocês juntos dando risada e passando por amigos eu não direi nada a seu respeito. 
Por outro lado, se você critica a conduta de alguém com quem eu vejo você ao lado numa mesa de bar, então, meu amigo, você cai no meu conceito, porque, em minha opinião, gente falsa não vale nada! 
Sempre acreditei que as pessoas precisam se posicionar na vida. Não é preciso se filiar a um partido politico, mas é preciso, ter, ao menos, uma preferencia, não é preciso ir todo domingo na igreja, mas é preciso acreditar em algo ou em nada, mas, enfim, se posicionar. 
O mesmo e, principalmente, em relação às pessoas. Sabe aquela pessoa que é amiga de todo mundo? O sujeito se dá bem com o amigo viciado em drogas, com o crente, com o ateu, com o abstêmio, com o alcoólatra, com o desonesto, com o honesto? Eu duvido dessa pessoa. 
Não é preciso brigar com ninguém, ofender ninguém, mas, com o passar do tempo, as pessoas sinceras criam um circulo de convivência que, claro, pode ser estreito, mas contém pessoas com elas afins, todavia, quem é amigo de todos, indicia, para mim, ser um individuo falso. 
Você pode se relacionar pacificamente com todas as pessoas, isso é saudável, mas ser amigo de todas, para mim é impossível. Enfim, se você me diz que você não gosta da forma com que fulano procede, se me diz que não gosta do seu jeito eu confiarei em você, em consequência disso, se eu souber que você é adorável com ele, eu não terei porque acreditar no que você fala. 
Gosto de transparência e pessoas transparentes gostam ou não gostam, elas não conseguem ser falsas. O “não gostar” não implica em brigar, implica, isto sim, em manter uma distancia saudável da pessoa e respeitá-la. De longe, preferencialmente. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Azar?

Azar? 

Não culpe o azar por suas más escolhas. Não culpe o azar por sua inércia. Não culpe o azar pelos resultados das suas atitudes ou falta de zelo consigo mesmo. Uma coisa é aquilo que lhe ocorre sem que você faça nada para dar ensejo a isso, nem direta, nem indiretamente, outra, muito diferente, é aquela que, nada mais é do que o resultado inesperado para a sua ação ou omissão em relação a alguma coisa. 
Antes de fazer ou deixar de fazer algo pense nos possíveis resultados negativos que sua ação ou inercia poderão acarretar na sua vida, pois a sua irreflexão não será suficiente para transformar o “risco” corrido em azar. 
Com certeza, em inúmeras situações da vida ficamos pensando se existe sorte, em outras, quando as coisas dão errado, atribuímos as ocorrências ao azar. Eu sou o tipo de pessoa que acredita que coisas ruins acontecem e com pessoas boas, inclusive. 
A vida é feita de altos e baixos, de momentos e fases ruins e outros tantos bons. As coisas boas, porém, costumam acontecer com quem está empenhado, com quem acredita em si mesmo e pensa positivamente. 
Pessoas negativas atraem ocorrências negativas, pessoas alto astral, pelo contrário, embora isso não seja imutável: haverá um dia em que a pessoa humorada e alegre terá maus momentos. Este é o normal, é da vida e contra as suas mutações não se pode lutar. Acontece que a vida pertence a quem sabe que tudo passa. Passa a fase ruim, passa a fase boa, passa tudo e, assim como passa, volta! Simples. 
Logo, não é atitude louvável atribuir ocorrências ruins ao “inanimado” azar. Certo mesmo é analisar a si mesmo e no que você pode ter contribuído para o que lhe ocorreu. Se você não fez nada, o ocorrido servirá para lhe mostrar que na vida, coisas boas podem acontecer com pessoas ruins e coisas ruins podem acontecer com boas pessoas. Se analisar racionalmente, cada ocorrência ruim lhe dará uma lição, basta pensar a respeito. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Elegância

Elegância 

Eu acho que está faltando elegância no mundo. Sabe aquela coisa de moderação, educação e boa conduta? Pois é, denomino isso de elegância. Ah, mas e as roupas? Claro, elas terminam indiciando a elegância a qual me refiro, assim: uma pessoa que se veste de forma vulgar, com certeza não é uma pessoa comedida. 
Enfim, basta sair à noite para você reparar nas roupas das “donzelas” e na sua conduta: decotes cada vez mais avantajados, saias cada vez mais curtas, cabelos alongados a qualquer preço, maquiagem pesadíssima e, claro, muita bebida, muitos flertes e, seguramente, algumas mancadas. 
A elegância no vestir é um efeito da elegância de caráter, de ideais, de forma que vestir-se bem, nada mais é do que a atitude de uma mulher elegante e, acredite, não é preciso gastar em roupas de marca e caras para andar vestido com alto estilo. 
Aliás, existem muitas moças e mulheres que pagam quinhentos reais numa blusa e vestem-se parecendo uma prostituta de zona pobre. Cartão de crédito sem limite e dinheiro no bolso não é sinônimo de bom gosto, assim como roupas caras não tornam ninguém elegante. 
Diga-me como pensas e eu lhe direi se você é uma pessoa elegante, da mesma forma, vejo como se vestes e digo se és elegante ou não. Você pode comprar roupas em loja de preço único, se você tiver bom gosto estará vestida elegantemente. Bom gosto e elegância andam lado a lado. 
Mas no que se liga a forma de pensar elegante e os trajes da pessoa? Quem pensa de forma elegante não se convence com a necessidade que muitas possuem de chamar a atenção através de atitudes insinuantes e roupas justas demais ou curtas demais. Essas pessoas sabem diferenciar aquilo que chama a atenção por ser esdruxulo, por ser indicio de desespero, daquilo que chama a atenção por ser bonito. 
Eu gosto e admiro mulheres elegantes, bem vestidas e, principalmente, cheias de estima por si mesmas, porque, com certeza, uma mulher assim não age de forma vulgar e vulgaridade é o oposto da elegância.  Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Novos padrões de beleza e academias de ginástica.

Novos padrões de beleza e academias de ginástica. 

Há anos atrás eu escrevi uma crônica sobre o aumento de igrejas e factorings na minha cidade natal. Aquilo, na época me estarrecia, agora, porém o que me chama a atenção é o grande numero de academias de ginástica e estética em relação a poucas livrarias. 
Nada contra quem se exercita e cuida da saúde, a questão é o motivo que faz a maioria das pessoas darem tanta importância para a aparência em detrimento, aparente, da cultura. 
Em rodas de amigas não se fala em filmes e, muito raramente, em indicação de livros. Ninguém quer saber o que a outra leu, mas quer saber onde ela comprou o sapato bonito e, principalmente, onde ela malha e arruma as madeixas. 
Essa frenética valorização da aparência e desleixo com o intelecto não assola só o mundo feminino, os homens também estão cada vez mais preocupados com seu próprio exterior e com o automóvel que guiam: ele tem que ser imponente e caro para indicar a sua situação econômica. 
Mas, será que a aparência das mulheres, dos homens e seus veículos condizem com a sua realidade? Num caso ou noutro, na maioria das vezes não. Existe classe média remediado pagando carros caríssimos e morando de aluguel, ricos com carros antigos, e, no caso especifico, das mulheres, existem as lindas que não sabem conversar a respeito de nada que não seja moda e novela. 
Há uns dez anos, quando eu malhava diariamente, era extremamente difícil conseguir complemento alimentar para ganho de massa muscular. Hoje em dia eles existem até em supermercados! Existem, por quê? Por que as pessoas procuram, procuram muito! 
Hoje em dia não basta ser magra, você precisa ter músculos! Não basta ter seios, você deve ter seios grandes, muito grandes e, de preferencia, siliconados, não basta “não ter barriga”, é preciso ter barriga chapada, definidíssima. Da mesma forma, não basta um traseiro arredondado, é preciso comparar-se com a cantora ou dançarina de funk e desejar a bunda dela a ponto de fazer uma hora e meia de agachamento por dia. 
Agora, pergunto, humildemente, isso leva a que? Quando vou à academia nos dias e vejo aquelas mulheres que já estão fisicamente bem se matando para aumentar os músculos que, em minha opinião, já estão na medida da elegância, eu penso: será que elas não têm nada melhor pra fazer? Sei lá, assistir um filme, um seriado, deitar no sofá, fazer sexo com o namorado? Percebo que o que elas fazem não é mero prazer, é obsessão por uma imagem idealizada, é tornar-se escrava de um ideal de beleza. 
A maioria das ratas e ratos de academia que vejo hoje em dia sofre de dismorfia, logo, a pessoa está forte e se vê miúda. E isso é fruto do que? Dos padrões de beleza que a mídia nos impõe. Antigamente era belo ser esquálida, estilo modelo internacional, agora é preciso ter músculos e, essa manipulação, faz com que empresas ganhem dinheiro e as pessoas muito vaidosas percam a sanidade enquanto lutam por um corpo cada vez mais musculoso. 
Enfim, só se estabelecem negócios porque as pessoas procuram por eles, logo, em época de ser bonito, sem ser culto, vige a necessidade de surgirem mais academias de ginastica e clínicas estéticas, afinal, as pessoas precisam ficar belas. Se existe a escravização ao dinheiro, que faz pessoas cometerem excessos lastimáveis, existe, também a escravização das pessoas pelos seus ideais de beleza. Ideais que lhes são despejados pela mídia. 
Não nego a importância do cuidado com a aparência, apenas acho triste a desproporção entre a busca por leitura e, consequentemente cultura, e a busca pelo corpo que a mídia chama de “perfeito”. 
Vejo, também, outra coisa lamentável: a falta de personalidade das pessoas. A maioria das pessoas não tem uma ideia do que seja belo que não seja aferido dos canais de televisão e revistas. Aquilo que a mídia impõe é o bonito e, logo, desejado. Nem mais, nem menos, mas aquilo que é retratado nos meios de informação. 
É lamentável fazer parte de uma sociedade nada autentica, de uma sociedade tele guiada que não tem a sua própria opinião, onde, homens e mulheres, perdem seus conceitos pessoais em detrimento daquilo que lhes é despejado e, infelizmente, assimilado e aceito. Logo, meus parabéns aos donos de academias de ginástica, porque seu futuro é enriquecer! 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Cabelos curtos

Cabelos curtos 

Eu já tive cabelo curto e, agora, na época da minha vida em que, graças a uma sensação imensa de felicidade e auto realização, voltei a ser a mulher tranquila, serena e abstemia que fui, quero cortar novamente. Quero marcar a fase com um novo visual! 
Todavia, eu sei, para ter um visual diferente do que a maioria tem é preciso ter personalidade. Mulheres que dependem da moda ou da opinião dos outros não cortam as melenas e, raramente, mudam de visual. 
É preciso, pois, ser segura de si para cortar as madeixas, para radicalizar, para sair do tradicional “médio” e “longo” para o “meu pescoço é lindo”. Entretanto, assim como existem as que têm mais cabelos, as que têm melenas volumosas, pretas, castanhas ou loiras, existem mulheres e mulheres. 
Nem todas são iguais, algumas tem mais personalidade, outras são mais inseguras. Ademais, na maioria das vezes é preciso sentir-se bem para mudar o visual, quem se acha feia, burra ou, enfim, quem se sente mal por qualquer razão, não ousa cortar os cabelos e parecer ainda mais “diferente” já que a regra, desde a infância, é que as “mocinhas” tenham longas madeixas. 
Quem tem cabelo curto, pode ser gorda, baixa, alta, magra, loira, negra, linda ou feia, uma coisa é certa: a pessoa se garante e por isso não tem medo de ser autentica, de fugir dos padrões midiáticos que sempre lhes foram impostos. E, falando nisso, quem disse que é preciso seguir padrões pra ter amor próprio? É preciso sentir-se bem na própria pele, isso sim. 
Por sua vez, a mudança de visual nada mais é do que a demonstração, ao mundo, de mudanças de paradigmas, de mudanças de conduta, de mudanças, simplesmente. Não importa o que você vai fazer, se você muda a aparência, é porque tem algo a dizer, não que você deva contar, mas que tem, isso tem! 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

Pessoas raras, momentos raros.

Pessoas raras, momentos raros. 

Eu sou da opinião de que são poucas as pessoas que passam por nossa vida e nos fazem bem. Não me refiro unicamente a quem convive conosco numa relação amorosa, mas as pessoas que cotidianamente conhecemos e, não raras vezes, abalam a fé que temos no ser humano. 
É o cidadão que ganha dinheiro à custa da miséria alheia, é a pessoa que só pensa em si e faz pouco caso da dor e dos problemas alheios, é a ingratidão de quem não reconhece os atos alheios, é a infidelidade dos que se fazem de “fiéis e dedicados”, a mentira dos que juram que são sinceros, a grosseria e a estupidez de quem não sabe pedir ou liderar, são as fofocas das pseudoamigas invejosas, o recalque de conhecidos mal amados. 
Mas, em momentos raros da nossa vida a história pode mudar. Conhecemos pessoas humildes, gratas, empáticas, capazes de colocarem-se no lugar do outro e de indignar-se com injustiças. Conhecemos pessoas bem resolvidas, educadas, delicadas e felizes consigo mesmas. 
Logo, nós que sempre nos indignamos diante da desonestidade, da ambição desmedida, do egoísmo doentio, da ingratidão, da futilidade e da hipocrisia somos surpreendidos por seres que, por alguma razão, Deus coloca em nossa vida. 
Sei que é péssimo assistir noticiários e ver as desgraças que ocorrem, levantar cedo para trabalhar e conviver com pessoas de índole diferente da nossa, ir no clube e encontrar pessoas que só sabem falar de beleza e dinheiro, sair a noite e ver pessoas que mais se exibem e se enfeitam do que raciocinam, todavia, tão impactante quanto as situações tristes ou inconvenientes devem ser as alegres, as boas, as de amor, de doação, de compaixão, de afinidades e de reconhecimento. Quem se assusta com a tempestade deve ser capaz de rejubilar-se com o nascer do sol, do contrário o problema não estará no mundo, mas em quem o olha. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de maio de 2014.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Reclamações

Reclamações 

Eu não gosto de reclamações, nunca gostei. Eu mesma reclamando de algo me irrita. Contraditório não é?! Mas acontece assim comigo. A vida da gente se divide em coisas que podemos mudar e coisas que não podemos. 
Se nos é possível fazer algo para mudar, não existe porque reclamarmos, afinal a mudança depende de nossas atitudes e reclamar mantendo-se inerte é um absurdo, por outro lado, se nada podemos fazer para modificar uma situação ou um fato, elementar que reclamações não irão servir para nada! 
Logo, sugiro que todos pensem mil vezes antes de reclamar de algo, afinal, se nós resolvermos dedicar o tempo direcionado a reclamações para atitudes capazes de reverter o que nos fere com certeza seremos mais felizes e bem sucedidos em nossas empreitadas. 
Ocorre que as pessoas ficam mal humoradas, tristes e irritadas por causa do que lhes ocorre, elas são, inclusive, injustas com quem lhes ama e cerca, ignorando o fato de que o que não podem mudar não deve macular a sua paz e àquilo que podem não devem dar tanta atenção, afinal, basta agir! 
A atitude, porém é pessoal. Não adianta contar com a boa vontade alheia quando é a você que cabe a obrigação de mexer-se da cadeira e fazer algo por si próprio. Reclamações não ajudam, pelo contrario, elas atrapalham. Reclamar sem agir é como estar doente e não tomar remédio: ou você age em busca da mudança na sua vida ou sofre em silêncio.
Cláudia de Marchi 
Sorriso, 12 de maio de 2014.

As pessoas mudam.

As pessoas mudam. 

As pessoas não mudam? Eu tenho certeza que mudam. Eu sou humana, amadureci horrores, mudei muito, então, por que irei pensar que os outros não são capazes de mudar? É ignorância crer que as pessoas não mudam. 
O sofrimento nos modifica, a frustração nos modifica, nossos erros nos modificam, o decurso do tempo e as experiências vividas nos modificam e, por fim, o amor nos modifica, nos aprimora, nos aproxima de Deus. Todos são capazes de mudar a forma de agir e de pensar. 
Quem não acredita na mudança alheia de regra são pessoas duras. Pessoas que não querem mudar e por isso acham que ninguém muda. As pessoas jogam nos outros o que tem em si, inclusive o orgulho, a arrogância e a ignorância. 
Enfim, a verdade é que ninguém muda quando não quer mudar. Se a pessoa não reconhece seus erros e acha que age certo ela não muda e eu não falo de “reconhecer erros” pra inglês vê. Não falo de pedir perdão pro pai e voltar a fazer a mesma coisa. Falo de mea culpa, falo de uma analise moral de si mesmo. Falo de mudar por vontade própria e não para agradar alguém ou se adequar a sociedade. 
Os efeitos de nossa personalidade no mundo devem ser sentidos no fundo da nossa alma para que, então, resolvamos melhorar e nos tornar pessoas melhores. O xingamento da mãe não serve, as lagrimas da esposa também não. As pessoas só mudam quando, imbuídas de moralidade, reconhecem que precisam melhorar. Embora, seja uma verdade que as pessoas podem mudar para pior, mas não é a esse tipo de mudança que me refiro aqui. 
 Todos mentem, todos mudam, todos crescem, todos aprendem e, com o aprendizado, passam a mentir menos, passam a ferir menos quem amam e a agir com mais nobreza com quem julgam serem merecedores de seu melhor. Ah, mas você acha que ninguém muda? Então me desculpe, mas eu tenho pena de você. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso, 12 de maio de 2014.

Selfies

Selfies 

Essa moda de “selfies” na internet é bem interessante para você descobrir quem é narcisista, problemático ou egocêntrico! Tem gente que possui um Facebook repleto de fotos no espelho, fotos de si mesmo, frise-se. 
Céus, eu não consigo me acostumar com isso! Na realidade as redes sociais facilitam o “desvelamento” da personalidade das pessoas, por exemplo: sabe aquela amiga que emagrece, engorda e fica caquética de novo? Sabe a outra que muda o visual de cabelo toda hora? Pois é, com a “publicidade” da vida e aparência que o Face propicia a gente logo percebe quem está passando por fases ruins, difíceis, problemáticas ou agradáveis. 
Eu sei disso, porque já passei por todas essas fases e, com certeza, meu facebook era mais lotado de fotos quando eu estava passando por momentos difíceis. Não digo “ruins”, porque na minha fase realmente ruim eu passava longe de fotos e meu face era constituído de poucas fotos antigas. Estranho o ser humano, né?! Pois é, todavia, no momento eu olho essas meninas publicando foto até de dentro do banheiro e penso “coitada, ela tem problemas.” 
Ou será que é a minha idade? Com orgulho, estou me afastando dos “inte”. Pode ser, mas, no momento eu só sei que esses “selfies” me assustam. “Selfie” com amigo, namorado? Passa, é o retrato de um momento, quase sempre divertido. Mas “selfies” querendo seduzir? Por favor! Enfim, pugno por um mundo com consultórios de psiquiatras mais cheios e um álbum de fotos virtual um pouco mais vazio. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso, 12 de maio de 2014.

Tem que conhecer

Tem que conhecer. 

Minha mãe sempre disse que “uma mulher tem que conhecer o marido que tem”. Ela sempre se refere a isso quando a esposa acaba fazendo ou falando aquilo que sabe, ou melhor, que deveria saber que o esposo não gosta. 
Pois eu concordo e acrescento: quem ama tem que conhecer a pessoa amada. No início de qualquer relacionamento, portanto, é preciso tentar saber aquilo que o outro gosta e, sobretudo, o que ele não gosta, está é, com certeza, a melhor forma de se viver harmonicamente com alguém. 
Creio, inclusive que mais necessário do que saber o que o parceiro gosta é saber o que lhe irrita, lhe magoa, lhe ofende e lhe tira o equilíbrio. Relacionamento é um eterno tolerar-se, logo, não custa nada não fazer o que o outro desgosta, do contrario, você é quem vai causar desgosto. 
E o que o outro gosta? Isso é fácil de saber, mais fácil ainda de fazer. O problema que circunda os relacionamentos humanos não esta na ação, mas na omissão e no “não saber”. Quanto mais você gosta, mais empenho você terá em cuidar do relacionamento e, em decorrência disso, zelar pelas suas atitudes e palavras para que, com elas, você não magoe ao outro. 
Ah, mas o outro odeia algo que você adora fazer? Bem, aí você escolhe o que faz e o que você privilegia. No final das contas, é tudo uma questão de escolha e de refletir antes de falar ou agir. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso, 12 de maio de 2014.

Álcool é droga!

Álcool é droga! 

Nós vivemos na cultura do álcool. As pessoas não pensam num happy hour sem um chopinho, numa macarronada em restaurante chique sem um bom vinho, num churrasco sem cerveja, num casamento sem espumante, num jogo de pôquer sem whisky. Ou melhor, existem os que pensam e os que conseguem não render-se a esta cultura, estes são, com certeza, os que já fizeram bastante farra e tomaram alguns porres e as pessoas com tendências mais “naturebas”. 
Eu fui abstemia até meus vinte e cinco anos, mas deixei de ser por um tempo. Fato é que bebida alcoólica é que nem pizza: sempre haverá uma, com um sabor, que combina com a gente. Você pode refugar a cerveja, mas cai de boca na caipirinha, não aceita o vinho, mas simpatiza com a espumante, sem contar as bebidas doces que são capazes de enganar até uma criança, vez que o açúcar ameniza o gosto do álcool. Eu disse o gosto, não os efeitos. 
Enfim, desde a nossa infância a gente vê as pessoas bebendo, até mesmo nos velhos quadros da Santa Ceia! Acontece que, das drogas licitas o álcool é a pior. Independente da quantidade é comprovado cientificamente que ele altera os nossos sentidos, o nosso humor e, porque não dizer, a nossa personalidade. Cigarro faz mal? Faz, mas você nunca verá um fumante ter uma crise de depressão, um rompante de agressividade verbal ou física ou causar acidentes, inclusive mortes, no transito. 
Nas redes sociais sempre foi cultuada a cultura do álcool, como, por exemplo, naquelas postagens "nenhuma história legal começa com um dia comendo uma salada" (acho que é assim), ou, então, "nunca fiz amigos bebendo leite". A questão é: essa sua história não termina em algum fiasco? Você não terminou a noite vomitando no banheiro? Não brigou com o namorado sem nenhuma razão lógica? Não deixou seus pais preocupados? Não ficou com ressaca no outro dia e mal pode participar do churrasco de domingo? E os amigos que você fez bebendo, pode contar com eles quando está sóbrio e sem dinheiro pra beber? A questão que as pessoas não pensam é sobre a qualidade da situação e dos sentimentos advindos das situações de "bebedeira". O álcool fomenta a ilusão da alegria, mas termina gerando situações desagradáveis quando consumido demais. 
Ocorre que é muito possível você viver sem beber. Existem inúmeros sabores de sucos e refrigerantes, sem contar a boa e velha água. Você pode sair jantar e não beber, reunir-se com os amigos e não beber. É possível socializar e ser feliz sem beber, desde que, é claro, você seja uma pessoa alegre e sociável. Esse lance de que roda de amigos combina com chopp gelado é coisa de propaganda de televisão, o mesmo para a espumante na hora de comemorar alguma coisa, a cerveja da sexta-feira e o whisky para afogar as mágoas num bar depois de uma briga com a esposa ou com o chefe. 
Isso é cena de filme, não se adequa a vida real, sabe por quê? Porque, seja o que for que você esteja sentindo vai ficar muito pior quando o pileque passar. Se você está mal, procure fazer o que lhe faz bem ou, em ultimo caso, procure um médico. As más fases da vida da gente não combinam com bebida alguma, sei por experiência própria. Dor a gente vivencia e supera, se apegar a qualquer coisa que fomente uma “fuga” temporária da realidade só faz piorar a situação. E o nosso autoconceito. E o conceito dos outros a nosso respeito. 
Beber moderadamente? É uma possibilidade, mas não um conselho. O ideal seria que as futuras gerações que, lamentavelmente estão bebendo e consumindo outras drogas cada vez mais cedo, se desprendessem dessa cultura, que cultivassem a vida com a “cara limpa”, sem drogas e falsos enfeites sobre a realidade. O que dependerá muito da educação que terão. Enfim, não se sabe o que é o exato “moderado”. Na verdade o álcool vicia e o que é 2 hoje vai ser 5 amanha e 10 depois de amanha. Enfim, o moderado de hoje será o exagero amanha. 
Todavia, não se pode negar: o melhor caminho é o da limitação. Impor-se limites, saber os seus limites, mas, como falar disso com um alcoólatra por exemplo? Difícil, pessoas com tal característica passaram do que pode ser tido como moderado há muito tempo. Elas não bebem só por gostar, elas bebem porque precisam, porque não conseguem viver sem o álcool assim como qualquer maconheiro não vive sem maconha. Álcool é droga. E o pior, é licita e barata. 

Cláudia de Marchi 
Sorriso, 12 de maio de 2014.