O amor e a solteirice.
Eu estava passeando pela internet quando avistei
uma crônica voltada ao público masculino intitulada como “Cinco motivos para
continuar solteiro”, pois eu não desperdicei meu tempo lendo, afinal eu pensei:
“Só cinco?”. Eu acho que todos tem muito mais do que cinco razões para ficarem
solteiros.
Na realidade, na minha modesta opinião, a única
razão que justifica um namoro e um casamento é o amor. Quando você está
solteiro não precisa discutir a relação, não tem embates baseados em ciúme, não
fica curioso a respeito do que o outro está achando da relação, com quem ele
conversa, se ele está feliz, se está triste ou frustrado.
A solteirice é tranquila, sem discussões, sem
aquela raiva que surge quando o parceiro fala ou faz algo que nos magoa ou
irrita. Solteiros tem a cama só pra eles, comem o que e quando querem, dormem
quando desejam, bebem o quanto querem em qualquer dia e, em resumo, não precisam
dar satisfação de absolutamente nada para alguém.
Atraente não? Pois é, muito. Até você se apaixonar
por alguém e depender do “bom dia” dele para ter, de fato, um dia bom, depender
do “boa noite” para dormir bem, do beijo e do abraço para se acalmar e do
sorriso dele para sentir paz.
Ser solteiro é um paraíso, mas amar é melhor.
Quando você ama alguém, qualquer concessão é feita com entusiasmo, tudo o que
quem não ama acha de inconveniente no casamento, quem ama não liga, faz por e
com amor tudo e isso faz tudo valer a pena.
Por outro lado, ter uma relação com quem não se ama
é um crime contra a possibilidade de ser feliz, é um atentado ao psiquismo de
qualquer pessoa. Com amor os relacionamentos não são fáceis, sem amor eles são
praticamente impossíveis de manter.
Não por menos, quem não ama o parceiro e está com
ele pelos filhos, pela sociedade, em respeito à família ou por mero comodismo e
medo dos efeitos que um “não te amo mais” acarreta, tende a sofrer e, também, a
ser infiel. Quem não ama pensa como solteiro, mas se obriga a agir como casado
e desta “obrigação” surge uma frustração imensa.
É o amor que nos move a ficar com alguém, a ser
leal, a ser sincero, a ser o que de melhor podemos ser, todavia, amar não é
garantia de que você nunca vai se irritar, que você nunca vai ter vontade de
fugir. O amor é, pura e simplesmente, aquilo que, quando nenhuma algema lhe
prende, quando ninguém lhe segura, quando você pode ir pra onde quiser, não
consegue, porque por maiores que sejam as dificuldades e as diferenças, a
vontade de estar com o outro é maior, a vontade de dormir e acordar com ele é
maior.
Amor não implica numa relação perfeita, afinal duas
pessoas que tiveram criação diferente, experiências diferentes, que possuem
personalidades distintas, nunca terão um relacionamento livre de discordâncias,
o amor, implica, em suma em, apesar de qualquer “porém”, ter vontade de ficar
com o outro e sentir-se plenamente feliz ao seu lado. Feliz toda hora, feliz
todo o tempo? Não, obviamente, mas feliz por estar ao lado de quem se ama, de
forma que, mesmo quando descontente você encontre razões para ficar.
Cláudia de
Marchi
Sorriso/MT, 29 de maio de 2014.