Fé na mudança
Eu sou uma pessoa que tem fé na mudança. Muita fé. Não por menos já dei credibilidade a quem os outros não davam. E me frustrei em partes, nunca por completo, como além de crer na mudança das pessoas gosto de analisar o aspecto positivo das minhas experiências, eu continuo achando que vale a pena.
Não é só por ter constatado que os outros podem mudar que eu acredito nisso. É por mim. Tenho várias características fortes, mas o narcisismo nunca foi uma delas. Não acho que sou a exceção das exceções sobre a face da terra. E eu mudei muito.
De repente eu abro um livro e encontro uma bela dedicatória feita por um colega, amigo e sócio. Há 11 anos. Então, como num passe de mágica, fiquei olhando para aquelas palavras e lembrando-me de como eu era.
Primeiro pensamento: “aquela era eu?”. Incrível como a vida passa depressa, como os anos correm, como as bochechas somem, como os cabelos caem e, sobretudo, como a gente muda. Como eu mudei!
Não falo na necessária mudança para melhor, apenas. Ou será que a gente sempre muda pra melhor? Tornar-se mais desconfiada, mais esperta e estrategicamente menos sincera não é tão ruim assim. Mas é estranho, afinal, ao mesmo tempo em que nos tornamos mais seguras, passamos a confiar menos nos outros.
E isso dá certo? Sinceramente, é preciso jogo de cintura para lidar com o que a vida faz da gente. É estranho confiar mais em si mesmo e menos nos outros, mas dá pra levar, dá pra dar um jeito, afinal, a gente ficou mais antenada né?! Então, é mais fácil se livrar de quem nos engana!
Mas, voltando à dedicação na capa do livro. É um pouco esquisito sentir-se estranha em relação ao que a gente já foi. Era maior a inocência, era maior a crença de que coisas ruins não acontecem com pessoas boas e de que boas pessoas não fazem coisas ruins.
Todavia, 11 anos depois o livro está aqui. Mudaram as leis nas quais o livro foi baseado, mudou a aparência de quem escreveu a dedicatória e a minha, claro. Mudaram os pensamentos e alguns conceitos que eu tinha naquele tempo, mas, o que me anima é saber que existe, ainda, um pouco na mulher de hoje, do que tinha na moça daquela época.
Só que hoje ela é muito, muito mais esperta e com o abençoado dom de fazer-se de tola! E isso, não tem corpo sarado de vinte aninhos que pague, afinal, os “vinte” é a época em que a gente é tola, mas se acha e se faz de esperta. Aos trinta anos a gente é esperta e se faz de boba! Benzadeus!
Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 22 de maio de 2014.
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